Entre todos os lançamentos da Honda de 2023, este é o mais importante. Depois do Civic e Accord híbridos e do esportivo Civic Type R, o ZR-V é o modelo de maior volume entre eles. Importado do México, ocupará uma faixa que foi deixada pelo Civic G10 em posicionamento de veículo médio nas concessionárias com uma mistura de qualidades de SUV com pontos de sedã. Complicado? Menos do que parece.
O Honda ZR-V 2024 chega apenas na versão Touring, de R$ 214.500. Serão cerca de 1.000 unidades por mês para uma briga no segmento de SUVs médios, com Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e, neste volume, pela posição do Volkswagen Taos. Sobre os chineses, a Honda não parece estar preocupada com isso.
O Honda ZR-V é chamado de “SUV do Civic”. Não a toa, já que usa a mesma plataforma do Civic G11 e divide muitos elementos com ele, principalmente no interior. É essa a jogada que a Honda no Brasil quer aproveitar para fisgar os órfãos do sedã que, em alguns casos, migraram para outras marcas e segmentos e podem voltar ou acabaram nem trocando de carro. Missão dura, hein?
Apesar de ser um SUV de entrada nos Estados Unidos, onde é chamado de HR-V, o ZR-V realmente se mostra um modelo mais refinado que o nosso HR-V. Sua produção usa bastante aços de alta e ultra resistência e a aplicação de alumínio permite que ele não tenha um peso tão elevado pelo seu tamanho. São 1.446 kg nesta versão mais completa – como comparação, o HR-V Touring pesa 1.422 kg e é menor. Veja a tabela abaixo com suas principais dimensões e comparado aos seus concorrentes diretos e ao seu irmão menor, o HR-V:
COMPRIMENTO | LARGURA | ALTURA | ENTRE-EIXOS | |
HONDA ZR-V | 4.568 mm | 1.840 mm | 1.611 mm | 2.655 mm |
HONDA HR-V | 4.385 mm | 1.790 mm | 1.590 mm | 2.610 mm |
JEEP COMPASS | 4.404 mm | 1.819 mm | 1.625 mm | 2.636 mm |
VW TAOS | 4.461 mm | 1.841 mm | 1.626 mm | 2.680 mm |
TOYOTA COROLLA CROSS | 4.460 mm | 1.825 mm | 1.620 mm | 2.640 mm |
Como recebemos o ZR-V do México, ficamos com a única opção de motorização que está ali e que vai ao mercado norte-americano e mexicano, por exemplo. O 2.0 aspirado é o K20Z5, uma evolução do 2.0 aspirado que tivemos no Civic G10. Na verdade, muita coisa foi trocada para isso, principalmente na parte superior. Ele troca o comando único por um par, sendo a admissão com variador de fase e de tempo de abertura de válvulas e, no escape, apenas de fase. Não há injeção direta.
Usando apenas gasolina, a engenharia brasileira conseguiu extrair um pouco mais de potência que a versão usada no exterior. São 161 cv (a 6.500 rpm) e 19,1 kgfm (a 4.500 rpm) que são buscados por uma transmissão automática CVT, com simulação de 7 marchas e tração dianteira. Dentro do seu segmento, é o único não flex, mas divide com o Corolla Cross o papel de SUV com motor 2.0 aspirado – mas, neste caso, com injeção direta e 169/177 cv e 21,4 kgfm de torque.
O espaço interno do ZR-V é um dos pontos que a Honda mais acredita diante dos concorrentes. No porta-malas, os 389 litros não impactam, principalmente pela profundidade que não é a maior entre os SUVs, mas o espaço para os ocupantes parece ter sido a prioridade, principalmente no banco traseiro, com um piso plano. A falha é não oferecer as saídas de ar-condicionado para esta segunda fileira, mas ao menos tem duas portas USB-C para recarga de smartphones e outros aparelhos.
Como tem se tornado raridade em lançamentos, consegui um bom tempo ao volante do novo ZR-V. Para um produto que irá tentar pegar órfãos do Civic, é importante agradar o motorista e mostrar como ele pode ser um “SUV misturado com sedã”, algo que a comunicação da marca deixou bem aparente.
Primeiro ponto: ele é mais bonito pessoalmente que pelas fotos. Isso eu mesmo já tinha percebido ao ver o carro no México há alguns meses. Não é o Honda mais bonito do catálogo, mas tem seu charme e é diferente dos seus irmãos, como o HR-V e o CR-V. Os faróis full-LEDs finos acompanham uma grade colmeia e, no Touring, os detalhes estão todos pintados em preto brilhante.
As laterais tem linhas limpas. Na onda das grandes rodas, as de 17” com pneus 215/60 fogem desse conceito, mas dão maior conforto ao rodar – poderiam ser de 18”, na minha opinião, sem perder essa qualidade, além de casar melhor com as proporções da carroceria, que não é pequena. Na traseira, as lanternas em LEDs com a carcaça preta conversam com os elementos pretos, que acompanham ainda uma ponteira de escape cromada.
Por dentro, dá para reconhecer o Civic G11 em diversos elementos. A grade que esconde as saídas da ventilação, os comandos do ar-condicionado de duas zonas, o volante e a forma com que os acabamentos estão colocados e seus materiais são do Civic. O painel de instrumentos é o mesmo das versões mais caras do HR-V e City, com o velocímetro analógico e uma tela de x” com outras informações do computador de bordo, navegação, sistemas de condução e de som.
Um console central alto divide os espaços e abriga duas portas USB-C, freio de estacionamento eletrônico com autohold e modo ECON, além de porta-objetos e um carregador por indução. Até o sistema multimídia com tela de 9” e espelhamentos sem fios é o mesmo do Civic.
A posição de dirigir do ZR-V é mais baixa, mas não como um sedã. Neste mundo de SUVs, é um conforto a mais e que faz bem. A regulagem elétrica do banco do motorista permite subir, se preferir, mas o órfão do Civic talvez ainda não queira isso. Como em outros modelos desta base, é fácil achar uma posição boa e, com os bancos com estabilizador do corpo, deixa uma viagem longa mais confortável.
Como eu sei? Um dos trechos do test-drive passava pela região de Alphaville, em São Paulo, uma área com diversas obras. Com isso, um bom tempo parado foi bom para avaliar como o ZR-V é bom nisso. Além do banco, o isolamento acústico com parabrisas especial e isolamentos nas caixas de rodas e pela carroceria deixaram muitos barulhos no lado de fora. O motor 2.0 aspirado não vibra em marcha-lenta e, se precisar arrancar, o CVT faz isso de forma suave e tranquila.
Depois do trânsito, consegui realmente dirigir o ZR-V. Esse isolamento acústico deixa qualquer ruído do motor ou transmissão fora do carro até cerca de 4.000 rpm, uma faixa de uso urbano, por exemplo. O CVT procura a melhor relação para entregar força sem precisar pedir mais rotação ao motor e faz isso bem até certo ponto, mas em uma faixa onde ele passará a maior parte do tempo.
Dá para reclamar em alguns momentos. Com um torque de 19,1 kgfm a 4.500 rpm, as retomadas e ultrapassagens pedem mais rotação e aqui que sentimos mais essa presença. Não chega a ser desconfortável, mas o ZR-V já começa a reclamar ao ser exigido. Em uma estrada plana, ele segue na velocidade de cruzeiro e até um pouco mais, mas uma ultrapassagem já precisa ser mais calculada, principalmente carregado. Veja abaixo a tabela de consumo do ZR-V com seus concorrentes pelo Inmetro, todos com gasolina.
CONSUMO CIDADE (G) | CONSUMO ESTRADA (G) | |
HONDA ZR-V 2.0 | 10,2 km/litro | 12,1 km/litro |
JEEP COMPASS 1.3T | 10,4 km/litro | 12,1 km/litro |
TOYOTA COROLLA CROSS 2.0 | 11,7 km/litro | 13,0 km/litro |
VW TAOS 1.4T | 11,1 km/litro | 13,1 km/litro |
A dinâmica é um ponto interessante do Honda ZR-V. A suspensão independente nas quatro rodas filtra bem o que chega ao motorista, mas há uma boa comunicação dos componentes – o ZR-V usa peças do Civic, do CR-V, além de outras próprias. Pode ser um ponto bem considerável diante dos concorrentes, apesar de não ser o mais potente.
Em versão única, o Honda ZR-V Touring 2024 chega ao Brasil por R$ 214.500. Veja abaixo a lista dos principais equipamentos:
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