Os fabricantes reclamam por um programa para o setor automobilístico que seja perene, para que haja uma certa previsibilidade, o que é fundamental para o planejamento e o investimento dos negócios, uma garantia de que as regras não serão alteradas no meio do processo.
Mas quando se sentem ameaçados, apelam para o governo, para a taxação dos concorrentes. O argumento é a necessidade de manutenção dos empregos no Brasil, contra os importados.
![JAC J3 2010](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
JAC J3, "símbolo" da primeira invasão chinesa que não se concretizou
Em 2011, preocupados com o investimento da JAC no Brasil, os fabricantes criaram a chamada “Invasão Chinesa” e com isso conseguiram do governo a taxação de 30 pontos percentuais para os importados, o que inviabilizou os negócios da JAC e das demais marcas chinesas que atuavam no Brasil, embora a invasão chinesa tenha sido uma falácia, já que todas as suas vendas no Brasil eram irrisórias.
![Lifan 530](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Lifan 530 foi uma das vítimas do Super IPI
Agora a história se repete: a Anfavea quer a taxação dos elétricos, de olho nos chineses, que chegam ao Brasil com alta tecnologia e preços competitivos, fazendo com que os concorrentes importados pelas marcas com fábricas no Brasil tenham que reduzir os preços para enfrentar os chineses.
![Experimentação do novo Haval H6 com leitores do Motor1.com](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Veículos importados da GWM viabilizam investimento em fábrica no Brasil
Ou seja, os fabricantes passam por cima da tal previsibilidade que tanto reclamam: as duas marcas que mais vendem elétricos no Brasil, BYD e GWM, investiram sob a legislação de taxa zero, mas se a demanda da Anfavea for atendida pelo governo (e será!) os chineses sofrerão com a falta da previsibilidade. Lembrando que ambas as marcas estão investindo na produção local.
![impressoes-ao-dirigir-byd-dolphin-20---destaque](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
BYD também terá fábrica no Brasil, mas antes importados
Márcio Lima Leite, no entanto, diz que a demanda dos fabricantes, hoje é da “recomposição de tarifa”, o que é bem diferente, segundo o presidente da Anfavea, do que aconteceu em 2011, com o programa Inovar Auto.
“No Inovar Auto houve uma tarifa adicional; o queremos hoje é que haja a recomposição de tarifa, que foi reduzida a zero. Agora queremos a sua recomposição”, disse Márcio Lima Leite durante a coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (6/10/23).
“O importante é que haja produção local – argumenta o dirigente – por isso, na mesma forma que o carro a combustão é tributado, o elétrico também deve ser. Se deixarmos a tarifa aberta, não vamos conseguir trazer essa tecnologia ao Brasil”.