O segundo lugar de Charles Leclerc no GP da Áustria de Fórmula 1 elevou a expectativa dos torcedores da Ferrari, que esperam ver o SF-23 sendo competitivo mesmo em uma pista mais difícil como a de Silverstone.

O novo assoalho da Ferrari parece ter dado ao SF-23 um comportamento mais equilibrado na pista, pois o desgaste de pneus, o principal calcanhar de Aquiles do time italiano, foi limitado. Aqui temos uma imagem que mostra como os engenheiros de Maranello seguiram a direção da Red Bull, talvez encontrando uma linha de desenvolvimento que possa dar resultados.

Podíamos inaugurar neste site uma coluna chamada "Separados no Nascimento", para destacar como que a convergência nas escolhas técnicas na F1 inevitavelmente leva  a soluções que tendem cada vez mais a se assemelharem.

Após o primeiro ano dos carros com efeito solo, em 2022, quando tínhamos três filosofias aerodinâmicas distintas (Red Bull, Ferrari e Mercedes), vemos agora o caminho contrário.

Na Áustria, a Ferrari introduziu um novo assoalho altamente modificado na parte frontal, uma área difícil de ver porque acaba ficando escondida. Porém, a imagem de Giorgio Piola, capturada no box da equipe me Silverstone, permite observar as bocas dos túneis Venturi, com desviadores de fluxo que dividem as diferentes passagens de ar.

Não é preciso ser o maior especialista técnico para entender que a Ferrari mudou a abordagem aerodinâmica do SF-23 já que, no começo do campeonato, o objetivo estava mais voltado a buscar os picos de downforce.

Mas, agora, parece que o grupo de engenheiros liderados por Enrico Cardile se orientam pelos conceitos de Adrian Newey para o RB19, com um empuxo um pouco menos vertical em termos absolutos, mas podendo contar com um fluxo estável, capaz de dar grande equilíbrio ao carro ao longo de uma volta, minimizando o desgaste de pneus e permitindo que o carro possa sair da garagem o mais baixo possível, sem correr o risco de "ralar" a prancha no asfalto.

O elemento mais externo, chamado incorretamente de bargeboard, foi redesenhado: na vista frontal, de fato, destaca como esse detalhe é muito importante para evitar que a turbulência da roda dianteira 'suje' a área de baixa pressão do assoalho. Agora ele tem um design muito mais retorcido, com a clara intenção de favorecer o efeito de outwash.

Portanto, não é de se estranhar que a Scuderia tenha se dirigido ao mesmo caminho da Red Bull-Honda com o RB19: o desenho de Giorgio Piola também confirma que os três transportadores de fluxo, bem na boca dos túneis Venturi, possuem semelhanças.

Eles se projetam do túnel e, acima de tudo, adotaram formas arredondadas na borda de ataque com perfis de várias curvas como prova de um trabalho de pesquisa apurado nesta área e que pode dar resultado.

Para completar o pacote de atualização da Áustria, a Ferrari também deve introduzir em Silverstone um extrator mais alinhado com as soluções que deixaram um sinal positivo no Red Bull Ring.

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