BorgWarner já trabalha na eletrificação de carro nacional para até 2026
Turbo e downsizing foram só o primeiro passo. Híbrido deve ser ser o próximo
Há mais de uma década que o mercado brasileiro vem se acostumando ao downsizing. O termo é usado para falar de medidas de aumento de eficiência de um propulsor, permitindo-lhe maior desempenho com uma menor cilindrada. Ou seja, estamos falando basicamente da era turbo, que se popularizou a partir do lançamento de carros como o Volkswagen up! TSI, em 2015, e do Polo, em 2017.
E turbo não é feito pela montadora, isso fica a cargo de fornecedores como a BorgWarner. A empresa, que tem fábricas em Itatiba e Piracicaba, ambas no interior paulista, já é a maior fabricante de turbos para carros flex na América Latina. Tais componentes têm a produção concentrada em Itatiba, onde já se fabricam cerca de meio milhão de unidades de turbos por ano.
Galeria: Fábrica da BorgWarner em Itatiba (SP)
A BorgWarner é responsável pela produção de tais peças para diversos carros entre os mais vendidos no Brasil. Entre eles estão produtos da Stellantis (Jeep Renegade, Jeep Compass, Fiat Toro, Fiat Pulse e Fiat Fastback) e da Volkswagen (Polo, Virtus, Nivus e T-Cross). Nas contas da empresa, cerca de metade dos carros vendidos no Brasil utilizam um turbocompressor BorgWarner.
O portfólio de produtos para motores à combustão da empresa não fica apenas nisso. Itatiba produz três linhas de itens Turbocompressores, Gerenciamento térmico (embreagens viscosas e ventiladores) e sistemas de sincronismo do motor (correntes de sincronismo). E tais produtos não são direcionados apenas a veículos de passeio, já que a fábrica ainda produz turbocompressores para caminhões das linhas Scania e Volvo. Já a linha de montagem de Piracicaba está mais concentrada na fabricação de baterias para veículos comerciais elétricos. Atualmente, é a fornecedora desse conjunto para os chassis de ônibus elétricos da Mercedes-Benz.
E isso nos leva a outro ponto. Downsizing e turbos já não são mais novidades em uma nova era onde tudo se encaminha para a eletrificação. A BorgWarner globalmente já fornece sistemas e até motores elétricos para veículos híbridos, mas estes componentes ainda chegam importados ao Brasil.
Fábrica da BorgWarner em Itatiba (SP)
Olhando para as ofertas de modelos elétricos e híbridos no mercado Brasileiro hoje, fica fácil entender porque Wilson Lentini, Diretor Geral da BorgWarner Emissions, Thermal and Turbo Systems no Brasil, afirmou ainda não haver entre seus clientes nacionais uma demanda por componentes de eletrificação por aqui que justificasse a nacionalização. O que temos hoje disponível à venda, ou é um veículo importado, ou tem o conjunto motriz importado.
Mas já é um cenário que está mudando. Chinesas como BYD na Bahia e a GWM no interior de São Paulo estão instalando suas fábricas para a produção nacional de carros híbridos e elétricos. Até mesmo as já citadas Stellantis e Volkswagen já confirmaram compromissos no passado com a eletrificação no formato de híbridos-flex para o mercado brasileiro.
Em comunicado, a BorgWarner afirmou que "trabalha em conjunto com uma montadora instalada no Brasil no desenvolvimento de turbocompressor para equipar o motor de carro de passeio híbrido nacional, com lançamento previsto para 2025/2026". O Motor1.com esteve na fábrica da empresa em Itatiba para conferir a produção dos turbocompressores e tentou saber mais a respeito deste projeto, apenas para descobrir que tudo está sendo feito de maneira sigilosa.
No entanto, em conversas com alguns funcionários da empresa, conseguimos algumas informações extras. Sabemos por exemplo este novo projeto para até 2026, da parte da BorgWarner, envolve o desenvolvimento de Motor de Partida/Gerador por correia e está em fase de testes em dinamômetro. É um componente que a acumula as funções de alternador, motor de partida e também auxilia o motor de combustão interna em situações como saídas de farol.
Fábrica da BorgWarner em Itatiba (SP)
Este é o passo mais simples para a eletrificação, sendo o principal componente para veículos híbridos-leves (MHEV), como é o caso por exemplo de um CAOA Chery Tiggo 5X Pro Hybrid. No entanto, também pode ser utilizado por veículos híbridos convencionais (HEV) e do tipo plug-in (PHEV).
Nada a respeito deste veículo previsto para até 2026 foi revelado, mas sabemos que Stellantis e Volkswagen devem apresentar em breve modelos MHEV inicialmente, aproveitando os ganhos do turbo, a energia renovável do etanol e o custo-benefício de um híbrido-leve para ter um modelo eletrificado mais eficiente sem um custo alto. Então isso já permite algumas previsões.
Uma das possibilidades estaria, dentro da Stellantis, com a iminente eletrificação de carros como Pulse e Fastback. Já para Volkswagen e considerando apenas os principais clientes atuais da BorgWarner, já flagramos o novo T-Cross reestilizado em testes no Brasil, que se encaixaria na estratégia de eletrificação dentro da marca. Mas o importante é que o nosso mercado, por meio da BorgWarner ao menos, já está se preparado para nacionalizar a eletrificação. Hoje, pode parecer algo distante, mas também foi assim com o downsizing anos atrás.
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