A Toyota anunciou há alguns dias que montará o Hiace na Argentina. Trata-se de um modelo que tem versões furgão e de passageiros, compartilhando componentes com a Hilux, como o motor. Esse projeto é um desejo antigo da fábrica da marca em Zárate (ARG), cujos primeiros rumores a respeito vêm de fevereiro de 2015.
No entanto, a característica mais marcante do projeto Hiace é que ele finalmente se concretizou justamente quando o Ministro da Economia do país vizinho, Sergio Massa, anunciou um regime especial que parece ter sido feito sob medida para esse produto. Essa suspeita foi alimentada pelo fato de que a produção do Hiace foi anunciada três dias antes do texto do decreto que permitirá que ele seja montado em Zárate.
Toyota Hiace
A notícia também foi acompanhada de reclamações extraoficiais de algumas das montadoras que compõem a associação de fabricantes da Argentina, a Adefa: "A Toyota se isolou novamente", afirmaram alguns executivos, que souberam do decreto somente quanto foi publicado pelos jornais.
A questão é que o novo regime automotivo permite que os carros sejam montados na Argentina sob o formato CKD. Ou seja, o Hiace pode ser importado da Ásia em caixas com todos os componentes desmontados e com apenas algumas peças faltando. A ideia é que o conjunto seja completado com peças argentinas, com apenas 10% de conteúdo manufaturado no país vizinho. Por lá atualmente, a média do setor é de cerca de 30%.
Conceito Toyota IMV0 em apresentação no ano passado
O novo Regime de CKD beneficiará todas as montadoras com essa nova regulamentação, que derruba anos de discurso político sobre "industrialização" e "substituição de importações" do passado, bandeiras fortes do governo argentino até então. Mas, além das alegações da concorrência, tudo indica que a Toyota Argentina não se limitará a montar o Projeto Hiace. Nos últimos dias, alguns dos fornecedores da fábrica de Zárate receberam pedidos de cotação para complementar as peças de outro veículo da Toyota. Trata-se do chamado Projeto IMV0.
O IMV0 é uma pequena caminhonete utilitária e urbana, que foi apresentada pela primeira vez em público em dezembro de 2022 e passou um pouco despercebida diante da outra novidade que foi exibida: a Hilux Revo BEV Concept 100% elétrica. Mas vamos colocar os holofotes de volta na picape. O nome IMV significa "Innovative International Multi-purpose Vehicle" (Veículo Internacional Inovador para Fins Múltiplos). É o mesmo código que foi dado ao projeto da primeira Hilux global, apresentada em 2004 e que foi a primeira a alcançar a liderança de vendas na Argentina.
Conceito Toyota IMV0 ao lado de Akio Toyota, então CEO da marca
A picape tem uma estrutura de chassi com membros longitudinais e transversais, que foi definida por Akio Toyoda - então CEO global da montadora japonesa - com estas palavras: "Ela foi projetada para apoiar o crescimento econômico e a mobilidade para todos". A equipe de design e desenvolvimento passou muitos meses no campo de provas, observando os estilos de vida e as necessidades dos possíveis proprietários".
O primeiro protótipo do IMV0 revelado por Akio Toyoda tem uma aparência moderna, porém simples, com superfícies lisas e cercadas por protetores de plástico preto (incluindo luzes, para-lamas, saias e o perímetro de toda a cabine). Além disso, possui um rack de teto modular, ganchos no capô e uma caçamba longa e baixa para facilitar a operação de transporte.
O detalhe mais curioso: tem até uma escada, embutida na lateral do veículo. Para dar um pouco de charme, o primeiro protótipo do IMV0 tem detalhes em vermelho, rodas de liga leve e faixas de luzes de LED. Todos esses acabamentos são dispensáveis em um veículo utilitário voltado 100% ao trabalho.
Akio Toyoda confirmou que o lançamento comercial do Projeto IMV0 será em 2024. Ao contrário de outros veículos eletrificados da marca japonesa, esse utilitário usará os clássicos motores de combustão interna já conhecidos da Hilux e da Hiace: 2.4 turbodiesel, 2.8 turbodiesel e 2.7 a gasolina. A Hilux nacional, feita na Argentina, usa apenas o 2.8, assim como o SUV SW4.
Os fornecedores argentinos que receberam pedidos de cotação para o projeto IMV0 indicam que não foram fornecidas informações específicas sobre a data de início da produção do veículo na Argentina. Isso é um sinal de que o projeto ainda não está 100% confirmado. No entanto, tudo parece estar planejado para que a Toyota comece a importar unidades desmontadas e incompletas, para montá-las em Zárate e completá-las com algumas peças produzidas na Argentina.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Volkswagen cogita produção de modelo 'maior que Amarok' na Argentina
Marca britânica Jaguar deixa de vender carros no Reino Unido
Depois do Bigster, Dacia quer ampliar portfólio com possível rival do Golf
Brasil quer equipar 33% dos eletrificados com baterias nacionais até 2033
Toyota Hilux Champ para o Brasil vira dúvida diante do 'custo Argentina'
Semana Motor1.com: Novo Honda City 2025, Ranger cabine simples e mais
Veja os lançamentos da Toyota para 2025, incluindo novo SUV nacional