A descarbonização é um processo que vai além dos carros sendo vendido, envolvendo também todos os processos das fábricas, da obtenção das matérias-primas utilizadas e até mesmo nas concessionárias. A Renault acredita que é necessária uma estratégia holística, começando pela rede de fornecedores até chegar ao fim do uso do veículo, reduzindo as emissões de carbono em todos os processos
Caique Ferreira, diretor de comunicação da Renault, explica que a empresa vê estas metas de ESG funcionam não só como uma forma de contribuir ao meio-ambiente como também traz novas oportunidades de negócios, de encontrar novas matrizes energéticas e matérias-primas. No caso do Brasil, a empresa fez um trabalho para reduzir o consumo de energia em 12% na produção de um motor em comparação a 2021. O complexo em São José dos Pinhais (PR) usa energia vinda somente de fontes limpas e 40% da área total é de mata preservada.
As metas de ESG estão tornando-se cada vez mais importantes para os consumidores, principalmente depois da pandemia. Uma pesquisa feita pela IBM mostra que 54% dos clientes pagariam mais por um produto por ser sustentável ou ambientalmente responsável e 82% optariam por um transporte ecológico, ainda que mais caro.
Só que a transição será em ritmos diferentes dependendo dos países, por questões políticas e socioeconômicas. Por isso, a Renault acredita que, em 2040, metade dos carros no mundo serão elétricos, enquanto a outra metade terão motores a combustão, seja com um sistema híbrido ou não. Esta participação grande dos motores térmicos justifica uma nova empresa do Grupo Renault chamada Horse, que iniciará a operação nesta semana e será responsável por desenvolver novos propulsores a combustão. É uma joint venture com a chinesa Geely, dona de diversas marcas como a Volvo.
Não é à toa que a Renault segue investindo em modelos híbridos neste momento. Recentemente, a fabricante apresentou o inédito Rafale, um SUV-cupê de porte médio com um sistema eletrificado de 200 cv, e que ainda promete uma variante híbrida plug-in no futuro, com 300 cv e tração integral. Apesar disso, a fabricante ainda não comenta sobre oferecer este tipo de eletrificação no Brasil, embora alguns executivos tenham falado sobre os planos de lançar o Arkana híbrido no país.
Enquanto isso, a fabricante francesa vai apostando em sua linha de elétricos. Além do Zoe e do Kwid E-Tech, a Renault lançará o Megane E-Tech em setembro e ainda promete o Kangoo E-Tech e a van Master E-Tech, ambos chegando ainda em 2023.
Uma das principais ações de ESG da Renault no Brasil está no projeto com Fernando de Noronha, que tem funcionado como um laboratório real no desenvolvimento de um local com energia renovável, com a meta de transformar a ilha em carbono zero até 2030. A Renault tem fornecido veículos para Fernando de Noronha, com modelos como Zoe, Twizy, Kangoo Z.E. e, mais recentemente, Kwid E-Tech. Os automóveis são abastecidos utilizar eletropostos com células fotovotaícas para o fornecimento de energia, em parceria com a Weg e a Neoenergia Pernambuco.