Nos últimos anos, a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi deu uma esfriada, principalmente após a prisão de seu ex-líder Carlos Ghosn em 2018. Com o clima tão tenso entre não só Renault e Nissan como também com os governos francês e japonês, as fabricantes tiveram que sentar e rediscutir a parceria para chegar um consenso sobre como seguir em frente. E, aparentemente, não só chegaram a uma decisão como ela será revelada no dia 6 de fevereiro.
É o que diz o site Automotive News Europe, citando fontes dentro das duas fabricantes. A meta é rejuvenescer a parceria de 20 anos com cinco projetos, que seriam batizados internamente de “Reloaded”. O jornal Le Figaro diz que a Renault queria trabalhar com a Nissan em 10 a 15 projetos, mas acabou cedendo para começar com apenas cinco.
E o que vai acontecer? Este é o grande mistério. O Automotive News diz que um dos projetos é a Índia, onde tanto a Renault quanto a Nissan possuem uma fábrica que produz carros compactos, motores e transmissões. Ambas tem uma linha de modelos bem pequena no país asiático, com a Renault oferecendo três modelos (Kwid, Kiger e Triber), enquanto a Nissan tem somente dois carros (Kicks e Magnite). Considerando que a Índia atualmente é o terceiro maior mercado automotivo do mundo, não é uma surpresa que estejam planejando algo para ganhar força no país.
Outros rumores apontam para uma colaboração no segmento de veículos comerciais. A Renault tem uma tradição nos segmentos de vans e furgões, enquanto a Nissan tem picapes como Frontier e Titan. Houve um esforço para levar a Frontier para a Renault na forma da Alaskan, porém é vendida em poucos mercados.
E, a parte mais importante para nós, é que haveria uma colaboração mais próxima na América Latina. Hoje, as duas empresas têm operações totalmente separadas e a única coisa que fazem em conjunto é a produção da Frontier e da Alaskan na Argentina. Diversos projetos que foram criados para toda a Aliança, como a plataforma modular CMF ou motores turbo como o 1.0 TCe, serão adotados pela Renault no Brasil com um novo SUV compacto, porém a Nissan ainda não dá sinais de que irá aproveitar de alguma forma.
Lembrando que, pouco antes da Renault anunciar uma nova estratégia chamada Renaulution, a Aliança havia apresentado um plano para o Brasil, dizendo que iriam vender modelos gêmeos com a arquitetura CMF.
Um dos entraves é que a Renault está negociando diversas parcerias com outras empresas como a chinesa Geely e a árabe Aramco, para desenvolver motores a gasolina e tecnologias híbridas. Isto teria causado um desconforto na Nissan, que estaria preocupada com a possibilidade de que suas tecnologias que foram feitas junto com a Renault poderiam vazar para estas novas parceiras da fabricante francesa.
Considerando que a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi é um dos maiores grupos automotivos do mundo, qualquer mudança afetará muito a indústria e o fato de existirem rumores de que a América Latina será um dos projetos iniciais nesta reestruturação é motivo mais do que suficiente para acompanhar de perto.
Fonte: Automotive News Europe
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