O grupo Stellantis acaba de anunciar no Brasil o encerramento das atividades da fábrica de motores de Campo Largo, no Paraná. A empresa afirma que a decisão foi tomada com base nas diretrizes do plano estratégico de neutralizar globalmente emissões de carbono até 2038. O único motor produzido nos últimos anos na unidade, o conhecido 1.8 E.torQ, já não cumpria com as normas anti-poluição do Proconve L7 e sai de cena definitivamente.
Neste fim de vida, o propulsor era fabricado apenas para exportação e equipava modelos específicos. Com a decisão de agora, nem mesmo mercados exteriores receberão o powertrain. Os 214 funcionários da unidade, diz a Stellantis, receberam proposta de transferência para outras fábricas do grupo no país e estão sendo auxiliados no que for necessário.
Apesar do fim da produção, a Stellantis garante que o martelo sobre o fechamento definitivo da fábrica ainda não foi batido. Segundo a empresa, há expectativa de investimentos futuros em projetos a serem desenvolvidos em parceria com investidores. Detalhes, porém, são desconhecidos.
As operações na unidade tinham como diferencial a adoção de tecnologias integradas à chamada Indústria 4.0 (conceito que engloba o uso de novas tecnologias nos principais processos, incluindo automação de tarefas e controle de dados e informações).
A fábrica de motores de Campo Largo foi inaugurada em 1999 por joint-venture formada pela BMW (na época agrupada com a Rover) em parceria com a Chrysler. A unidade, então chamada de Tritec, produzia motores 1.4 16V e 1.6 16V derivados de projeto inglês dos anos 90. Os propulsores eram usados por diversos modelos, incluindo os Mini One e Cooper, além dos Chrysler Neon e PT-Cruiser.
Em 2007, porém, a fábrica foi fechada e ficou cerca de um ano sem realizar atividades. Já em 2008 passou para as mãos da Fiat, que mudou o nome de Tritec Motors para FPT Campo Largo (FPT de Fiat Powertrain Technologies) e reativou as linhas de montagem apenas com o motor 1.6 16V, descontinuando o 1.4 16V. O propulsor passou por diversas modificações e passou a receber o sobrenome E.TorQ, equipando os modelos Palio, Siena, Strada, Weekend, Grand Siena, Punto e outros.
A partir do 1.6, a Fiat desenvolveu o conhecido 1.8 E.TorQ, que permaneceu em linha até agora. A aplicação neste caso foi bem mais ampla, alcançando tanto modelos da Fiat (Argo, Cronos, Bravo, Doblò e Toro) quanto o Jeep Renegade. Neste fim de vida, entregava 135/139 cv de potência e 18,8/19,3 mkgf de torque (gasolina/etanol), com opção de câmbio manual ou automático de 6 marchas.
A partir de agora, a prioridade da Stellantis passa a ser os novos propulsores das famílias GSE e Firefly, produzidos em Betim (MG).
Em nota, a Stellantis confirma o fim da produção do motor 1.8 E.torQ e que irá transferir os funcionários para as outras fábricas do grupo pelo país ou auxiliar na transição para outra empresa local:
“A Stellantis segue com o plano estratégico de neutralizar globalmente suas emissões até 2038.
Dentro das medidas que visam acelerar a redução de 50% em emissões de carbono já em 2030, decidiu concentrar a produção em motores mais modernos, que além de atenderem às novas e futuras regulamentações, oferecem ao consumidor os mais altos níveis de tecnologia, economia, performance e eficiência, em linha com a tendência global de downsizing.
O foco na fabricação de motores mais modernos foi antecipado pela Companhia, que já propôs a transferência de trabalhadores para outras de suas unidades no Brasil, ao mesmo tempo em que auxilia na transição dos que decidirem permanecer junto às demais empresas locais. A partir de hoje, todo apoio individual será fornecido pela empresa.
A Companhia também trabalha com investidores para desenvolver projetos futuros e inovadores na área."
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