Em uma estratégia de descarbonização de suas operações, a Scania passará a utilizar biometano em sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP) a partir de 2024. A parceria será feita com a empresa de energia Raízen, que fornecerá o combustível renovável para a fabricante de caminhões daqui a dois anos.
Segundo informações da agência de notícias Reuters, com esse anúncio a fábrica da Scania no ABC Paulista terá em 2024 a troca do gás natural pelo biometano. Além disso, essa parceria da Raízen faz a companhia de energia ampliar sua oferta de combustíveis sustentáveis. O acordo terá validade inicial de cinco anos, sendo previsto um fornecimento médio de 7.800 metros cúbicos de biometano por dia, volume suficiente para atender 100% do consumo das fábricas da Scania – hoje abastecidas com gás natural.
Para quem não está muito antenado no assunto sobre sustentabilidade, o biometano é um combustível renovável obtido a partir do biogás, e virá das plantas (resíduos do processamento da cana-de-açúcar) da Raízen em parceria com a Geo Energética. O gás biometano será entregue para a Scania por meio dos encanamentos de gás da Comgás, mas para isso a Raízen solicitará um estudo de viabilidade técnica e econômica.
Com a troca do gás natural pelo biometano nas fábricas, a Scania afirma que vai superar sua meta de descarbonização, que é a de reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa em suas operações até 2025. No caso da fábrica da empresa sueca em São Bernardo do Campo (SP), a redução chegará a 75%, algo que vale destacar, já que a unidade produz caminhões "de parachoque a parachoque", afirmou o presidente e CEO da Scania Latin America, Christopher Podgorski.
Ainda segundo o executivo da Scania, o contrato assinado com a Raízen é um marco importante para a empresa no que tange a transformação de estratégia, que foi iniciado em 2016. Embora tenham origens de composição diferentes, as moléculas de gás natural e biometano são equivalentes, segundo Podgorski.
"Validamos nossos processos industriais do ponto de vista de engenharia, [fizemos] pequenas adaptações [na fábrica]... São investimentos marginais, porque em última instância estamos falando da mesma substância ", disse o executivo.
O acordo para a Raízen significa mais um avanço na estratégia da empresa em ampliar sua gama de produtos de origem renovável, isso ao mesmo tempo que a demanda aumenta por parte de seus clientes, disse Paula Kovarsky, vice-presidente de Estratégia e Sustentabilidade.
"Agora estamos avançando nessa jornada, estamos falando do E2G, usar o bagaço e palha (da cana) para fazer mais etanol de segunda geração, e chegando aqui no biogás, que é essencialmente pegar vinhaça e transformar em um novo produto, que é tratado para virar biometano."
Gás para caminhões
Além do fornecimento para a Scania, a Raízen já pensa em utilizar o biometano em sua própria frota de caminhões, que faz a distribuição de combustíveis. Porém esse é um plano que ainda está em fase de estudos.
"Estamos fazendo testes em caminhões (movidos) 100% a gás, fizemos testes em híbridos de diesel e gás. A primeira coisa a se testar é a aplicação, a performance do caminhão, e todos os dados de eficiência".
"O segundo e terceiro passos serão dados, mas é uma mudança relevante, inclusive de logística de abastecimento", explicou Raphaella Gomes, CEO da Raízen Geo Biogas.
Apesar de ser uma boa proposta por conta da redução de emissões de um caminhão a gás ou biometano frente a um modelo convencional a diesel, a executiva lembra que a falta de um mercado secundário de caminhões a gás é um fator de dificuldade para a aplicação do biometano nas frotas de transportadoras.
Apesar disso, a Scania aposta fortemente nos caminhões a gás, tanto que é única marca do setor que produz no Brasil caminhões a gás natural e biometano. Com produção desde 2019 na fábrica do ABC Paulista, a Scania já vendeu mais de 600 caminhões movidos a gás no Brasil.
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Fonte: Reuters