O último apaga a luz: Kia também deve anunciar saída da Rússia
Vice-presidente executivo da Kia anunciou que marca pode fechar definitivamente as portas da empresa no país
A saída de grandes fabricantes da automóveis na Rússia não para por conta da guerra da Ucrânia. Assim, o maior país em extensão territorial do mundo pode ter mais uma marca encerrando suas operações: a Kia. Algo importante a destacar é que a Kia é a segunda fabricante em volume de vendas no país, ficando apenas atrás da Avtovaz (a famosa Lada).
Segundo a Automotive News Europe, a Kia enxerga a volatilidade aumentando na Rússia por conta da guerra prolongada na Ucrânia. Com isso, em um pior cenário, um executivo da empresa afirmou que a marca sul-coreana pode fechar definitivamente suas portas no país.
"Se você me perguntar um fator negativo para as vendas, eu diria que a volatilidade na Rússia pode acelerar no próximo ano e o próprio mercado automobilístico pode fechar completamente por um tempo", disse Woo-Jeong Joo, vice-presidente executivo da Kia, durante uma teleconferência de resultados. "Podemos considerar fazer apenas um negócio de pós-serviço, porque basicamente não podemos fornecer carros lá."
Para se ter uma dimensão de como o mercado russo está atualmente, no acumulado entre janeiro e setembro deste ano foram emplacadas 506.661 unidades, contra 1.260.111 do montante emplacado no mesmo período de 2021, segundo dados da Association of European Business. Isso significa uma queda de nada menos do que 59,8% de um ano para o outro. Falando especificamente da Kia, a queda nas vendas na Rússia foi de 64% no acumulado dos primeiros nove meses do ano (56.791), enquanto que no mesmo período de 2021 a marca vendeu 159.729 veículos.
Em números gerais, a Kia foi a segunda marca mais vendida na Rússia no ano passado, quando conseguiu uma participação de mercado de 12,3%, ficando atrás apenas da rival local AvtoVAZ – que deteve à época 21% do mercado. Já a Hyundai fechou o pódio com 10% de participação. As três ainda mantém essas posições, mas logicamente com muito menos volume de vendas. Ainda no ano passado, a Kia teve quatro carros entre os 25 carros mais vendidos do país, liderando com o hatch Rio com 82.941 carros comercializados. Nesta semana, a Kia divulgou seu lucro operacional para o terceiro trimestre, que ficou abaixo das estimativas médias dos analistas.
Galeria: Kia Rio Sedan 2020
Atualmente a Kia fabrica seus carros na Rússia na fábrica de São Petersburgo, que é administrada pela Hyundai Motor. O complexo industrial tem capacidade de produção de 200 mil veículos por ano e conta com 2.200 colaboradores, de acordo com informações do site da Hyundai.
Por fim, Joo também disse que as interrupções na cadeia de suprimentos na Rússia e na China devem continuar no quarto trimestre. De acordo com o Automotive News Europe, o executivo se recusou a comentar quando perguntado se a Hyundai também estaria planejando vender sua fábrica na Rússia.
Fabricantes continuam saindo da Rússia
Vale lembrar que a Kia poderá se juntar a uma lista de montadoras que deixaram a Rússia após a invasão da Ucrânia no final de fevereiro. A Renault foi uma das primeiras a anunciar a venda de sua fábrica no país, em maio, vendendo sua participação majoritária para AvtoVAZ. No entanto, o contrato da marca francesa permite a opção de compra das ações num período de até seis anos. Depois foi a vez da Toyota em setembro, que anunciou sua saída definitiva do país.
A lista é longa e ainda tem a Nissan, que venderá sua operação para o governo russo. A situação da marca japonesa foi até mais complicada, já que a marca teve um prejuízo de 100 bilhões de ienes (US$ 687 milhões de dólares). Já o Grupo Volkswagen está procurando compradores para assumir sua fábrica em Kaluga, onde a produção foi interrompida logo depois do início do conflito na Ucrânia. Já a Mazda Motor está considerando uma saída permanente, afirmou a empresa japonesa. Ontem, a Mercedes-Benz também anunciou o fim de sua operação na Rússia.
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Fonte: Automotive News Europe
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