"O cliente desativa a segurança ativa, então por que vendê-la?", diz Dacia
CEO da Dacia, marca barata da Renault, acredita que o cliente não deveria ser obrigado a pagar por um item que não vai usar
A Dacia, divisão romena da Renault que oferece carros mais baratos na Europa, não tem a melhor imagem entre as fabricantes quando falamos de segurança. Modelos como Sandero e Logan receberam apenas duas das cinco estrelas possíveis no teste do Euro NCAP, e foi ainda pior com o elétrico Spring (a versão deles do Kwid E-Tech), com somente uma estrela. Só que, ainda assim, a marca está defendendo que equipamentos de segurança não deveriam ser obrigatórios.
Uma das razões para os carros da Dacia terem ido tão mal nos testes de colisão é a falta de tecnologias de segurança ativa em seus veículos. Os automóveis foram desenvolvidos sem estes equipamentos, como assitente de permanência em faixa, como uma forma de manter o preço bem baixo, pois a marca romena sabe que muitos clientes iriam simplesmente desligar estes items.
Novo logotipo Dacia
Em uma entrevista para a revista Top Gear, Denis Le Vot, CEO da Dacia, explicou:
"Muitas pessoas desativam o assistente de permanência em faixa. Você faz isso porque você é um ser humano e avalia a situação, então você desativa a tecnologia. O que fazemos é não vender isto para você. Nós sabemos que as pessoas desativam o assistente de permanência em faixa, então porque venderíamos este item?"
Isto não quer dizer que os carros da Dacia são cadeiras elétricas, pois não é o caso. Quando o Euro NCAP testou o Sandero e o Logan no ano passado, a organização explicou que a ausência dos sistemas de segurança ativa impediram que os veículos recebessem uma nota mais alta: "a proteção na colisão é respeitável, com uma performance que faria com que recebesse quatro estrelas, se não fosse pelas suas deficiências em outras áreas."
Os produtos da Dacia continuam a serem honestos e baratos. O Sandero, por exemplo, custa 13.650 euros (R$ 70.575 em coversão direta) na Romênia, seu país de origem. Para manter os preços baixos, a divisão baixo-custo da Renault continuará a vender carros com motores a combustão por quanto tempo puder após 2030. Tanto é que quer ter carros a gasolina em sua linha até 2035, quando as vendas de veículos emitindo CO2 serão banidas da Europa.
Muitos vêem a Dacia como uma marca pequena, mas é a terceira fabricante em vendas na Europa no acumulado deste ano e muitos dos veículos são adquiridos por pessoas físicas, segundo o site Automotive News Europe. Não só isso, mas o ANE ainda cita a associação de fabricantes da Europa ao dizer que a participação de mercado da Dacia cresceu no 1º semestre de 2022, passando de 2,9% para 4% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O papel da Dacia tem sido tão importante que a Renault disse que pode aprender com ela e reduzir os custos de produção de seus carros, embora isto não signifique que irá reduzir a qualidade de seus veículos. A marca francesa promete que irá elevar o patamar de seus automóveis fora da Europa, inclusive no Brasil, buscando mais rentabilidade por veículo do que ter um alto volume de vendas. Ou seja, ao menos esta estratégia de fugir dos equipamentos de segurança não deve ser seguida por aqui nos próximos lançamentos.
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Fonte: Top Gear, Automotive News Europe
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