Lançamento bastante aguardado, a nova Royal Enfield Classic 350 começa a chegar ao mercado brasileiro. A nova clássica de média cilindrada da empresa por aqui tem 4 opções de tipos de pintura, que a marca chama de versões, e preços variando entre R$ 18.490 e R$ 21.490 sem contar as despesas de frete.
Carregando o legado da finada Classic 500, a novidade promete manter e melhorar as características que conquistaram os fãs nos primeiros anos do retorno da marca ao Brasil em 2017. Vale lembrar que a Royal Enfield sempre apostou nos modelos simples e de média cilindrada aliando um visual clássico a um apelo de prazer ao dirigir. As Classic e Bullet 500 eram os maiores ícones dessa filosofia. No entanto, deixaram de ser fabricadas por conta da entrada em vigor de novas regras de emissões de poluentes. Na Índia, a geração anterior também contava com uma opção 350 carburada, venerada pelos clientes de lá.
Enquanto isso, a Royal Enfield já estava trabalhando em uma nova geração de modelos 350, as motos da família J. A primeira a chegar no Brasil foi a Meteor 350 no ano passado. Seu sucesso foi quase imediato e hoje a moto já domina as vendas entre as motos com folgas e ajudou a marca a bater as vendas 2021 já agora em agosto de 2022.
A questão para a nova Classic 350 no Brasil especificamente é que a Royal Enfield terá que convencer os antigos compradores das Classic 500 de que, mesmo com o motor menor, a nova geração é uma moto melhor e que vale o investimento. Além disso, deve ajudar na meta da empresa de democratizar e dominar o segmento de motos de média cilindrada. Vamos agora mostrar as opções, o que a moto traz e Motor1.com já teve a oportunidade de ter um primeiro contato da moto para avaliar essa questão mais a fundo.
Assim, como a Meteor 350, a nova Royal Enfield Classic 350 utiliza a plataforma J da empresa, que foi feita do zero para servir de base para a nova família 350 da marca. A arquitetura também é usada pela Hunter 350, novo modelo de entrada na empresa que acabou de apresentada para o mercado indiano com um visual e uma proposta um pouco mais modernas.
O plano inicial da Royal Enfield do Brasil era de já comercializar a nova Classic 350 por regime de CKD, com peças importadas da Índia e montagem final feita em Manaus (AM) por meio de uma parceria com a Dafra. No entanto, problemas logísticos fizeram com que isso ficasse para um segundo momento e a nova Classic 350 ainda vem importada totalmente montada.
Cláudio Giusti, Diretor Geral da Royal Enfield do Brasil, afirmou que “se tudo der certo, o próximo lançamento da Royal no ano que vem já será de uma moto montada no Brasil”. Ainda é cedo para saber se esta próxima novidade já será a Hunter 350 ou alguma alteração para os modelos atuais da empresa. Fato é que a operação nacional já é a segunda maior da marca no mundo, perdendo apenas para a própria Índia, então já faz sentido apostar na montagem local para abastecer as atuais 20 concessionárias da empresa no país.
A nova geração da Royal Enfield Classic, agora 350, será oferecida em 4 opções de acabamentos. A primeira são as Halcyon, de R$ 18.490 sem contar frete. São três pinturas: verde, cinza azulado e preta. Uma acima, os modelos Signals têm pintura fosca e aros de rodas pretos nas cores cinza ou bege, saindo por R$ 19.490 sem frete. Nesta configuração, a moto traz a numeração sequencial no tanque.
Já os modelos Dark, também com pintura fosca preta ou cinza, trazem motor pintado de preto e rodas de liga leve por R$ 20.490. Os modelos mais caros são da clássica linha Chrome da empresa, mesclando cromado com pintura vermelha ou bronze por R$ 21.490 sem frete. No entanto, ainda traz rodas raiadas e motor sem pintura como nos modelos de entrada.
Pela primeira vez, além de oferecer uma garantia de 3 anos para a nova Classic 350, a Royal Enfield passará a praticar uma política de preço fixo para as revisões da moto, conforme a tabela de preços abaixo mostra. No entanto, a empresa permanece exigindo que a primeira parada programada ocorra aos 500 km ou 45 dias após a compra.
Preço das revisões da Royal Enfield Classic 350 | |
500 km ou 45 dias | R$ 438,70 |
5.000 km ou 6 meses | R$ 100,00 |
10.000 km ou 12 meses | R$ 483,70 |
15.000 km ou 18 meses | R$ 100,00 |
20.000 km ou 24 meses | R$ 558,70 |
25.000 km ou 30 meses | R$ 226,76 |
30.000 km ou 36 meses | R$ 543,70 |
Entre os principais equipamentos de série, a nova Classic 350 conta com freios a disco com ABS nas ruas rodas, assento do garupa removível e cavalete central. Exceto pela Signals, as demais versões também trazem um protetor de joelho no tanque, uma peça de borracha que remete às primeiras motos da empresa.
O novo painel permanece com mostrador analógico, mas usando sinal eletrônico no lugar do antigo cabo de velocímetro da Classic 500. A moto também incorporou uma pequena tela de LCD mostrando informações que faltavam no modelo antigo, como nível de combustível, dois odômetros parciais, odômetro de distância percorrida em reserva, odômetro total, relógio, indicador de condução econômica e lembrete de revisão. Falando em melhorias em relação à moto antiga, a nova Classic 350 incorporou a trava de guidão ao contato. Antes, a trava tinha uma fechadura separada próxima ao canote.
Nas medidas, a moto tem 2.145 mm de comprimento, 785 mm de largura, 1.090 mm de altura e 1.390 mm de entre-eixos. A altura do do assento é de 805 mm e a distância mínima em relação ao solo é de 170 mm. O peso em ordem de marcha declarado para a nova Royal Enfield Classic 350 é de 195 kg. Já o tanque de combustível é capaz de acomodar até 13 litros de gasolina.
As rodas têm 19 polegadas na dianteira e 18 polegadas na traseira. Elas são calçadas respectivamente por pneus 100/90 e 120/80. As medidas são sempre as mesmas para as rodas raiadas ou de liga leve, mas as motos Dark com rodas de liga usam pneus sem câmara, enquanto as demais usam câmara convencional. O disco de freio dianteiro tem 300 mm de diâmetro e o traseiro tem 270 mm. A suspensão dianteira tem garfo telescópico com 130 mm de curso e a traseira é biamortecida com 80 mm de curso.
A mecânica é exatamente a mesma da Meteor 350 e composta por um monocilíndrico de 349 cm³ de capacidade e com comando simples de válvulas no cabeçote. Ele entrega 20,2 cv de potência a 6.500 rpm e 2,7 kgfm de torque a 4.500 rpm. O câmbio tem 5 marchas e a transmissão final é feita por corrente tradicional.
Se a ideia da Royal Enfield era lançar a nova geração da Classic 350 sem mexer nos atributos estéticos que fizeram a fama da antiga Classic 350, conseguiu. É preciso olhar com atenção para diferenciar uma moto da outra. São detalhes como o motor menor, piscas reduzidos e o farol levemente diferente que entregam se tratar do modelo novo.
A moto continua remetendo aos modelos da Royal Enfield oferecidos nas décadas de 1950 e 1960, além de continuar contando com os para-lamas de aço. Plástico perceptível, apenas nos comandos dos punhos. Falando neles, as informações da tela que fica no painel são acessadas por um botão à frente do punho esquerdo, facilitando a operação. Assim como na Meteor 350, a nova Classic 350 permanece usando botões rotativos para partida e comutador de farol, incluindo o lampejador de farol alto.
Uma das características mais marcantes da antiga linha 500 da Royal Enfield era o ronco compassado e farta entrega de torque em baixas rotações do monocilíndrico. Já na Meteor 350 foi possível ver que estas características se mantiveram de certa forma, mesmo que o motor 350 tenha praticamente 1 kgfm a menos de torque.
Na Classic 350, o propulsor menor mantém o ronco compassado característico dos monocilíndricos maiores, porém mais um pouco mais encorpado que na Meteor. Com um assento mais alto e pedaleiras recuadas na comparação com a Meteor 350, a posição de pilotagem é mais convencional, com braços semiflexionados e as pernas dobradas como se estivesse sentado em uma cadeira.
O assento do condutor, inclusive, merece destaque pelo conforto. Com bastante espuma e largo, suporta quem está atrás do guidão filtrando bem as imperfeições do asfalto e se fatigar. Mesmo depois de 2 horas tocando a Classic 350 por estradas de serra, o corpo não cansa. Mérito da ergonomia da moto e dos comandos leves de usar.
A suspensão é um tanto firme, mas compensada pelo assento maior. O lado positivo é que ela transmite mais segurança na hora de deitar nas curvas. Aí aparece uma das grandes vantagens do novo chassi, de berço duplo e mais rígido. Nas antigas Classic 500 era possível perceber o chassi flexionando ao se passar em buracos enquanto contornando uma curva, o que atrapalhava a dirigibilidade. Com a nova Classic 350, esse problema foi totalmente sanado e a moto muda de direção com rapidez, leveza e muito mais assentada no asfalto mesmo quando há buracos no caminho.
O motor é mais fraco que o da antiga 500? Sim, mas isso é perceptível mais em situações onde se exige resposta rápida em rotações baixas, praticamente saindo da marcha lenta. Em todas as outras situações, o novo motor 350 responde de forma mais linear e tem mais fôlego em rotações elevadas, algo que o antigo se recusava a fazer. O motor ainda vibra, mas muito menos do que o antecessor, apesar de ainda fazer com que os espelhos vibrassem também. No entanto, nem se compara com as antigas 500 da marca.
O resultado é que a Classic 350 chega a 90 km/h de terceira marcha sem nenhuma dificuldade e de quinta a 120 km/h percebe-se que a moto chegou à sua velocidade de cruzeiro. Quem teve a antiga Classic 500 sabe da dificuldade que era manter 120km/h, tanto pela limitação de giro do motor quanto pela falta de estabilidade do chassi. Ambas as questões sanadas com a nova geração 350.
Com um visual clássico, mas uma dirigibilidade moderna, a nova Royal Enfield Classic 350 consegue manter o prazer ao conduzir sem abrir mão do que o público gostava, principalmente o ronco característico de seu monocilíndrico que é viciante. O contato com a moto foi de apenas 2 horas, mas não conheço elogio melhor para uma moto do que dizer que essas duas horas com a nova Classic 350 só me deram mais vontade de continuar andando com a moto.
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