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Mais motos que carros: por que Taiwan pode adiantar o futuro do Brasil?

Custo, manutenção e falta de espaço fazem do Sudeste Asiático território fértil para as motos. O mesmo pode acontecer aqui?

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Para quem está acompanhando o segmento de motocicletas no Brasil, já ficou claro que o país está cada vez mais adotando as motos. A Abraciclo vem mês a mês reportando os melhores resultados da indústria de rodas nos últimos anos. Isso mostra não apenas uma recuperação como também uma perspectiva positiva para o futuro.

Quem dera isso estivesse ocorrendo porque o mercado está maduro o suficiente para entender que motos são mais eficientes como transporte em grandes centros urbanos. Por aqui, um misto de preços elevados dos carros, combustíveis caros, alta demanda por serviços de entregas rápidas e perda de poder de compra estão alimentando o crescimento das vendas de motos no Brasil. Mas, extrapolando a situação, o que aconteceria se o Brasil tivesse bem mais motos do que carros? Isso já acontece no Sudeste Asiático.

Quase tantas motos quanto gente

O vídeo acima, feito pelo canal de John Saboe, mostra uma situação que foi chamado pelo autor como "Tsunami de motocicletas". A situação acontece diretamente em Taipei, uma das principais cidades de Taiwan. Segundo Saboe, o país do Sudeste Asiático tinha cerca de 23 milhões de habitantes quando o vídeo foi produzido em 2017. O total de motos por lá na época? Cerca de 14 milhões de unidades, mais da metade do total da população e dando a Taiwan o título de país com a maior relação de motos per capta do mundo.

A cena impressiona. São centenas de motos, majoritariamente scooters pequenas, circulando pelas ruas e avenidas de Taipei. Quando o semáforo abre, vem o tsunami. São tantas motocicletas no mesmo espaço que não se pratica nem o corredor, como no Brasil. As motos circulam como um rebanho. A importância das motos por lá é tão grande que alguns viadutos e pontes têm saídas exclusivas para os veículos de duas rodas. Ao contrário daqui, onde se restringe a sua circulação.

Mas por que isso acontece?

Mais do que nos ater aos vídeos que circulam na internet, aproveitamos a presença global do Motor1.com e entramos em contato com Enrico Punsalang. Ele é repórter do RideApart, braço de motocicletas do Motor1.com norte-americano. Morador das Filipinas, ele confirmou que a situação é bastante comum em diversos países do Sudeste Asiático.

"Por aqui, o custo de compra, manutenção e seguro mesmo do carro mais barato é mais de 10 vezes mais caro que o de uma motocicleta pequena", afirmou Punsalang. "E ainda tem a questão do preço da gasolina, de conserto e impostos, que são um grande problema. Cidades muito populosas como Manila (capital das Filipinas) onde moro e Taipei, ainda têm o agravante de falta de espaço, então é muito difícil achar lugar para estacionar", completou o repórter do RideApart.

Falando mais especificamente dos impostos, a região do Sudeste asiático costuma diferenciar carros de moto e, entre as motocicletas, existem taxas diferentes para modelos de até 200 cm³, 201 cm³ a 399 cm³ e mais de 400 cm³, que ficam progressivamente mais pesadas para o usuário.

Isso pode acontecer no Brasil?

Galeria Blitz Comando Fiscalização Polícia Multa

No Brasil temos condições similares às do Sudeste Asiático, ao mesmo tempo que temos algumas diferenças. De um lado, os carros estão de fato caros e gasolina, enquanto vem em um movimento de queda, ainda está bem mais cara do que há alguns anos. Por aqui, dependendo do estado, as motos também já pagam uma alíquota IPVA menor que a dos carros.

Mas há outros fatores para serem considerados. Carro continua sendo símbolo de status no Brasil. Por aqui não diferenças tarifárias de acordo com a cilindrada da moto, nem limitações de habilitação pelo mesmo motivo. No Brasil, principalmente em grandes centros, as motos são utilizadas por serem mais rápidas no trânsito, daí a alta demanda para entregas e também como forma de locomoção. Então, se existissem tantas motos na rua a ponto de todas andarem no mesmo ritmo, um de seus apelos desapareceria.

Também há fator de "amor e ódio" com a moto. Enquanto elas são cada vez mais demandadas, sua agilidade chamou a atenção das autoridades. Em São Paulo, não é difícil encontrar blitz policiais voltadas apenas para motos. Sem nenhum motivo prático, apenas para ficar em cima dos motociclistas. A cena da foto acima não foi encenada e aconteceu na porta da redação do Motor1.com. O motociclista foi abordado e os policiais pediram para que ele se encaminhasse para ser revistado, sem maiores explicações.

Galeria Blitz Comando Fiscalização Polícia Multa

Em uma das cidades com o trânsito mais desorganizado do Brasil, como São Paulo (SP), a principal arma do governo para se controlar as motos e a sua restrição. Hoje, as pistas expressas das duas vias de maior volume da cidade, as marginais Pinheiros e Tietê, já são proibidas para motocicletas. Dependendo do horário, as centrais também são restritas, atrapalhando até o acesso das motos às estradas que cortam a cidade. Volta e meia aparece um vereador que acha que a solução para os assaltos com uso de moto é proibi-las de levar garupa.

Em país onde se trata o motociclista dessa forma e sem condições favoráveis, é difícil ver o Brasil ter uma proporção de motos rodando tão grande quando já é visto no Sudeste Asiático.

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