A recuperação da indústria automobilística segue em passos lentos, mas alguns sinais positivos trazem um pequeno alívio. Ainda sofrendo com a paralisação temporária de quatro fábricas em julho, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) destacou a alta de 7,5% no volume de produção em relação a junho.
Com o total de 218.950 veículos produzidos, o resultado é ainda mais positivo quando comparado sobre julho de 2021, com crescimento de 33,4%. No entanto, é preciso ponderar que a crise global dos semicondutores afetava profundamente a indústria em geral.
Em relação ao volume no acumulado do ano, a indústria já soma 1,3 milhão de unidades produzidas. Este número é basicamente o mesmo patamar dos sete primeiros meses de 2021. A falta de componentes e semicondutores ainda causa uma distorção nos números, pois muitos veículos incompletos lotam pátios das montadoras à espera das peças para sua finalização.
"Havia, e ainda há, muitos veículos incompletos nos pátios das montadoras, apenas à espera de determinados itens eletrônicos. Esses modelos só entram na estatística de produção quando são totalmente finalizados, o que vem ocorrendo com maior frequência, e isso explica essa melhora no fluxo de produção nos últimos três meses”, explicou o Presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
A perspectiva, no entanto, é mais positiva para este ano, ao menos para o volume de produção. "Ainda temos restrições de insumos e logística, como mostram essas paradas de fábrica, mas estamos recebendo mais semicondutores do que no ano passado e do que no primeiro trimestre deste ano", completou Leite.
Muito distante dos bons tempos, as 181.994 unidades emplacadas colocaram o mês de julho como o segundo melhor mês do ano, atrás de maio. Embora sejam números positivos no confronto com mês anterior (+2,2%) e julho de 2021 (+3,7%), o consolidado de janeiro a julho (1,1 milhão) mostra uma queda de 12%.
As exportações também foram impactadas negativamente, grande parte pela crise financeira na Argentina que chegou a proibir as vendas de carros zero quilômetro. Em julho, foram exportados 41,9 mil veículos, queda de 11,4% a relação a junho. O saldo no total do ano, com 288 mil unidades, ainda é positivo, com 28,7% a mais do que o mesmo período do ano passado. De acordo com a Anfavea, a Argentina ainda responde por 30% dos embarques de veículos nacionais.
Em meio a tantos desafios, um pouco de otimismo veio com a nova redução no IPI que inclui os automóveis de passageiros na nova etapa que passou a vigorar desde o início deste mês. Agora, a redução do IPI para essa categoria de veículos subiu de 18,5% para 24,75% sobre as alíquotas praticadas antes da primeira redução, do dia 1º de março. Picapes, furgões e vans receberam um abatimento maior, em 29 de abril, com a redução da alíquota em 35%.
Com a nova redução, a Anfavea também conseguiu autorização para que os veículos que já estão na rede de concessionários, mas ainda não foram vendidos, possam ser refaturados com a nova alíquota de IPI.
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