Luiz Veiga segue fazendo o resgate de interessantes projetos de design que participou em sua época de trabalho na Volkswagen do Brasil. Depois da proposta de reestilização da Kombi, da picape Santana com caçamba de Hilux e facelift da 4ª geração do Golf, o ex-designer da marca alemã agora tirou do fundo do baú mais um curioso projeto: o Voyage “bolinha”.
Caso você não se lembre, o Voyage teve praticamente duas fases principais: o modelo quadrado lançado em 1981 e durou até 1995, enquanto o modelo mais recente foi lançado em 2008 e segue à venda até hoje – mas deverá sair de linha até o final deste ano. Como você pode perceber, não existiu um Voyage “bolinha”, apelido daquela “segunda geração” do Gol no Brasil que fez sucesso na década de 1990. Ou seja, acabou existindo uma lacuna de 13 anos entre 1995 e 2008, período que não houve um sedã diretamente derivado do Gol.
Porém o Voyage “bolinha” poderia ter existido na década de 1990, já que Veiga publicou mais em seu instagram uma proposta de Volkswagen Voyage, que serviu basicamente de estudo “teórico” para efeito de proporção, pois o projeto principal apresentado à matriz (em Wolfsburg) era a segunda geração do Gol – o famoso “bolinha”. Como talvez você deve ter reparado, o projeto do Voyage “bolinha” era parecido em alguns detalhes com o Volkswagen Logus, modelo originário da época da AutoLatina (joint venture entre a VW e Ford) e que foi comercializado entre 1993 e 1997.
“Mais tarde fizemos outra tentativa de emplacar um Voyage, mas depois de muita luta e decepções, por ciúmes e demonstrações políticas, o board acabou aprovando o Polo Classic, ainda por cima, montado na Argentina. Tenham certeza que na vida de um Designer existem mais decepções do que vitórias, mas assim como um jogador, temos que estar, no dia seguinte, pronto pra outra desafio”, escreveu o designer na rede social.
Ao optar pelo Polo Classic (que era uma versão da VW para o Seat Cordoba), a Volkswagen acabou trazendo da Argentina um modelo que acabou não agradando tanto à época e que acabava se posicionando em uma faixa superior de preço – substituindo numa tacada só o antigo Voyage, bem como o Logus e Pointer, esses dois últimos frutos da Auto Latina. Além disso, concorrentes de peso no segmento de sedãs compactos eram lançados na segunda metade da década de 1990, à exemplo do Chevrolet Corsa Sedan em 1995 e o Fiat Siena em 1997.
Essa época os sedãs pequenos acumulavam bons números de vendas e a Volkswagen não tinha um representante, o que acabou mostrando que a decisão de não levar o Voyage “bolinha” para frente provavelmente tenha sido equivocada. O Polo Classic durou pouco: foi vendido de 1996 a 2002. Foi só no ano seguinte que a fabricante foi ter um representante de peso, o Polo Sedan, mas que chegava com proposta mais refinada (era o começo dos sedãs compactos premium) e preço mais alto em relação aos sedãs compactos da época.
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