Ao longo da história automotiva, muitas montadoras passaram por verdadeiros momentos de dificuldade. Desde problemas financeiros, de reputação e quase extinção, foram muitos os perrengues enfrentados. Em boa parte dessas vezes, modelos específicos foram os grandes responsáveis por salvar suas respectivas marcas da falência.
Reunimos abaixo 10 exemplos importantes e contamos um pouco da história de cada modelo. A lista inclui desde casos antigos (datados das décadas de 1970 e 1980) até os mais recentes (acontecidos já depois nos anos 2000).
O primeiro Audi 100, na prática, quase não existiu. Em 1964, o grupo Volkswagen comprou a antiga Auto Union e ordenou que todos os novos desenvolvimentos deveriam ser cancelados. Ingolstadt ficou proibida de projetar novidades e deveria se concentrar na produção de veículos VW, gerando sério risco para a Audi.
Apesar das ordens, o diretor técnico Ludwig Kraus decidiu seguir adiante e projetou secretamente o Audi 100. O projeto foi considerado tão promissor que acabou sendo aprovado pelo chefe da Volkswagen, Heinrich Nordhoff. Assim, nasceu a primeira das 800.000 unidades do Audi 100 que foram construídas nos oito anos seguintes, salvando a Audi da extinção.
Em 1959, a BMW foi quase comprada pela Daimler-Benz. No entanto, em reunião decisiva de acionistas, um advogado observou um erro nas contas da empresa bávara, particularmente no que diz respeito ao projeto BMW 700. O imbróglio levou tempo e a BMW acabou sendo comprada pela família Quandt, que a salvou da falência.
O BMW 700 teve mais de 190 mil exemplares comercializados entre 1959 e 1965, sendo produzido em países como Bélgica, Argentina e Itália, além da própria Alemanha. Com o dinheiro gerado pelas boas vendas, a marca conseguiu se manter e financiar o design do futuro BMW 1500.
Na década de 1970, a Fiat era considerada uma das dos maiores montadoras europeias, com resultados sólidos em quase todos os segmentos. No início da década de 1980, porém, a empresa entrou em crise e a situação financeira começou a ficar complicada. A mudança de ares não demorou e veio em 1983 com o lançamento do icônico Uno.
Com design assinado pelo renomado designer Giorgetto Giugiaro, o compacto de linhas quadradas logo caiu no gosto do mercado. Conquistou também a crítica, recebendo o prêmio de "Carro do Ano 1984" na Europa. Permaneceu no topo das vendas por vários anos até finalmente se aposentar em 1995. No Brasil foi ainda mais longevo, permanecendo em linha até 2014. No total, mais de 8,8 milhões de unidades foram vendidas em todo o mundo.
No final da década de 1990, a Ford precisava substituir o Escort no segmento de hatchbacks de porte médio na Europa. A importante missão coube ao Focus, que chegou rompendo paradigmas tanto pela questão do design (linhas curvadas e vincos inovadores para a época) quanto pelo acerto técnico bastante elogiado. Conquistou não somente o público como também a crítica, recebendo o prêmio de Carro do Ano de 1999.
O modelo deu tão certo que ganhou várias gerações seguidas e continua vivo até hoje, com família constituída através das variantes sedã, perua e esportiva ST. Recentemente, ganhou também opções híbridas.
O Qashqai foi lançado em 2006 e representou verdadeira virada comercial para a Nissan na Europa. Rapidamente caiu no gosto do consumidor e se tornou um dos SUVs mais vendidos da região, sendo praticamente o primeiro representante da categoria que hoje é tão popular no continente.
Constituiu família com o modelo Qashqai+2, lançado em 2008 e cerca de 21 cm mais longo que o original. Só a primeira geração, vendida até 2013, emplacou mais de 2,5 milhões de unidades. O crossover hoje está na terceira linhagem e soma mais de 3 milhões de exemplares produzidos.
O Peugeot 205 começou a ser desenvolvido em 1978 e atendia internamente pelo codinome M24. Chegou ao mercado efetivamente em 1983 e foi um dos carros compactos franceses mais vendidos da história. O sucesso foi tanto que permitiu à Peugeot superar crítica situação financeira vivida após aquisição da Citroën e da Simca.
Com design atemporal e bem recebido pelo público, seguiu em linha por vários anos com vendas satisfatórias. A produção foi encerrada apenas em 1998, depois de mais de 5,3 milhões de unidades vendidas, incluindo o esportivo e altamente apreciado 205 GTi.
O primeiro SUV da Porsche foi também um dos primeiros SUV de proposta esportiva do mundo. O Cayenne nasceu em 2002, baseado na plataforma do Volkswagen Touareg da época, e chegou ao mercado com a missão de render boas margens de lucro para a marca. No começo foi bastante preterido pelos consumidores de perfil mais purista (que o acusavam de desvirtuar a marca), mas logo depois caiu nas graças do público.
Não por acaso, é hoje um dos veículos mais vendidos da empresa e grande responsável por turbinar as finanças de Stuttgart pós-crise na década de 1990. Na prática, o dinheiro ganho com o Cayenne não só deu gás para a marca como ajudou a financiar o desenvolvimento das novas gerações dos esportivos tradicionais.
Apresentado ao mercado em 1988, o Renault 19 foi um dos veículos mais bem-sucedidos da história da fabricante francesa. Com design assinado por ninguém menos que Giorgetto Giugiaro, rapidamente caiu no gosto do público e ajudou a marca a sair de uma profunda crise financeira.
No início da década de 1990, o modelo vendeu tanto que chegou a quebrar o domínio do Volkswagen Golf na Alemanha. Ficou no mercado até 1997, com mais de 3,2 milhões de unidades vendidas.
Projetado pelo estúdio italiano Bertone, o Skoda Favorit foi o grande responsável por ajudar a fabricante tcheca a sobreviver diante das mudanças socioeconômicas do final da década de 1980 na Europa Central. Foi considerado revolucionário tanto no design quanto na mecânica para a época, substituindo modelos antigos por um arranjo de tração dianteira e motores bem mais eficientes.
Foi também graças ao seu sucesso que a Volkswagen se interessou seriamente na aquisição da Skoda - negócio que veio a ser concretizado em 1991.
Na década de 1970, a situação da Volkswagen não era das melhores. Figuras icônicas como o Fusca (Beetle em alguns mercados) vendiam bem, mas não eram capazes de manter as contas da empresa em perfeitas condições. A marca então apostou no lançamento do Golf, que logo fez estrondoso sucesso e vendeu nada menos que 6 milhões de unidades entre 1974 e 1983.
Curiosamente, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o nome do modelo não é uma referência ao conhecido esporte. Na realidade, a inspiração veio de um cavalo - de propriedade de um gerente da Volkswagen na época - que se chamava Golfe.
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