Volkswagen quer reduzir vulnerabilidade por falta de peças
Grupo quer que sua cadeia de abastecimento seja menos afetada pelos conflitos globais
A Volkswagen é uma das montadoras no mundo que mais estão sofrendo com a falta de suprimentos na indústria automotiva, algo que vem respingando no Brasil à exemplo das diversas paralisações em suas fábricas no país. Mas a marca quer deixar essa vulnerabilidade para trás com seu novo plano de crescimento, como anunciado pelo CEO do Grupo Volkswagen, Herbert Diess.
De acordo com o Automotive News Europe, o Grupo Volkswagen estará dando mais força para suas marcas e países em que estiver. O plano de crescimento prevê reduzir a vulnerabilidade da montadora aos efeitos de conflitos no mundo, que vão desde a interrupção da cadeia de abastecimento até ao aumento de preços. Em uma publicação na rede social LinkedIn, o CEO da VW disse: “As últimas mudanças geopolíticas e o aumento da construção de blocos têm exposto nossa vulnerabilidade global, particularmente com relação aos EUA”.
O manda-chuva da Volkswagen não detalhou quais os eventos políticos estava se referindo, mas é bem certeiro dizer que o CEO da montadora estava falando indiretamente da invasão da Ucrânia pela Rússia. A guerra afetou as operações da Volkswagen, que desde então teve que suspender a venda de híbridos plug-in por falta de componentes. A falta de chicotes elétricos, que eram feitos na Ucrânia, atrapalhou a produção dos elétricos ID.3, ID.4 e ID.5 da VW, assim como do Audi Q4 e-tron. Outras montadoras foram muito prejudicadas pelo conflito, pois as sanções ocidentais acabaram por elevar o preço da energia e das matérias-primas no setor.
Todo esse cenário acendeu a luz amarela na indústria automobilística em relação a dependência de componentes feitos em países que estejam envolvidos em algum tipo de conflito. A maior preocupação atual é como o setor lidaria se as crescentes tensões com a China acabassem levando a sanções econômicas.
Vale lembrar que a China responde atualmente por aproximadamente 40% das vendas da Volkswagen, embora as marcas do grupo (ou mesmo a própria Volkswagen) ainda estejam muito atrás dos concorrentes no país no segmento de carros elétricos – que já representa uma boa margem naquele mercado. No ano passado, a fabricante não atingiu sua meta de vender de 80.000 a 100.000 veículos elétricos no país.
A VW alertou na semana passada que estava sentindo o impacto do aumento dos preços e dos gargalos na cadeia de suprimentos. Para se ter ideia, os emplacamentos de automóveis da marca caíram 37% em março em comparação ao mesmo período do ano passado. A própria falta de chicotes elétricos, que são produzidos na Ucrânia, acabou atrasando o lançamento de um de seus principais modelos elétricos, o ID.5, para maio. Os lockdown frequentes na China também acabam por atrasar a produção da Volkswagen no país, o que acaba atrapalhando também os planos da marca em expandir a venda de veículos elétricos na China.
Apesar disso, o CEO do Grupo VW disse que a diretoria da montadora viu seus negócios na China crescerem, aumentando a divisão de software Cariad e reorganizando sua estrutura de liderança de marca como as questões mais urgentes enfrentadas pela montadora. Por fim, o executivo afirmou que a VW divulgará mais detalhes nas próximas semanas como as responsabilidades serão divididas no decorrer que o grupo evolui de uma montadora tradicional para uma empresa de mobilidade verticalmente integrada.
“Nossos concorrentes não se chamam mais Mercedes-Benz, Toyota Motor Corporation ou Stellantis, mas Tesla, Foxconn, Apple, LG Electronics, Uber etc.”, finalizou Herbert Diess.
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Fonte: Automotive News Europe
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