Anunciado no final do mês passado com metas bastante ambiciosas e investimentos da ordem de US$ 17,6 bilhões, o plano estratégico de eletrificação da Nissan impressionou diversos setores da indústria. Segundo a marca, o chamado Nissan Ambition 2030 será responsável por colocar no mercado nos próximos cincos anos nada menos que 23 modelos eletrificados. Desse total, 15 dispensarão motores de combustão interna e, na prática, serão EVs puros.
Embora bastante promissora, a estratégia em nada empolgou o ex-presidente da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o brasileiro Carlos Ghosn. O executivo vê as coisas de maneira bastante diferente e, em coletiva de imprensa online realizada recentemente de sua casa em Beirute, Líbano, teceu duras críticas aos planos de sua ex-companhia.
"Eles estão realmente em uma posição muito ruim nesta corrida pela eletrificação. Não há visibilidade. Eles não sabem para onde estão indo. Eles não têm ideia dessa enorme transformação tecnológica que está acontecendo", disse. Para Carlos Ghosn, novas marcas focadas em eletrificação, como Tesla e empresas chinesas, têm considerável vantagem sobre fabricantes de automóveis tradicionais. Na visão do executivo, montadoras históricas devem se adaptar rapidamente e investir pesado em eletrificação.
"A velocidade da transição determinará quem emergirá como vencedor. Quando você vê os investimentos feitos, eu não acho que seja muito", continuou. Ghosn lembrou ainda que lançou o primeiro veículo elétrico de volume ainda em 2010, o Leaf. O modelo desde então tem feito bastante sucesso e será transformado em crossover na próxima geração programada para 2025. O carro-conceito Chill-Out prenuncia essa mudança.
Carlos Ghosn está afastado do comando da Nissan desde 2018, quando foi preso sob acusação de fraude fiscal. O executivo ficou detido por aproximadamente um ano no Japão, até conseguir escapar do país em fuga considerada cinematográfica (se escondeu em caixas de transporte de instrumentos musicais e decolou de avião para o Líbano). Desde então, tem acusado executivos da própria Nissan de agirem em complô contra ele. Emails revelados no ano passado indicam que Ghosn pode ter sido vítima de armação.
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