Candidato à presidência da FIA, ben Sulayem tem planos de dobrar praticantes do esporte no mundo
Mohammed ben Sulayem é um de apenas dois candidatos na eleição para a presidência da FIA em dezembro, sucedendo Jean Todt no cargo mais importante do esporte a motor, à frente da federação que regula a F1 e outros mundiais. Se vencer, Sulayem será o primeiro não-europeu a presidir a FIA
O ex-piloto de 59 anos é uma das figuras mais proeminentes do esporte a motor no Oriente Médio. Um multicampeão regional de rally como piloto, ele é presidente da federação de automobilismo dos Emirados Árabes Unidos e, desde 2008, tem uma vaga no Conselho Mundial do Esporte a Motor como vice-presidente desportivo da FIA. Então por que ele resolveu concorrer à presidência?
"O automobilismo me deu muito, a maior parte da minha vida", diz Ben Sulayem. "Como piloto por 20 anos, venci o campeonto de rally do Oriente Médio 14 vezes, depois me tornei o organizador responsável pelo esporte no meu país. Acho que é hora de retribuir ao esporte e a federação. Tenho uma paixão em promover mudanças e melhorar, seguir alguns dos passos, mas também evoluir".
Ben Sulayem vem pensando sobre concorrer à presidência da FIA há algum tempo, e a saída de Todt após três gestões se mostrou a oportunidade ideal. Recentemente, ele publicou seu manifesto e faz campanha ao redor de aumentar a participação no esporte ao redor do mundo além de uma maior transparência financeira.
A visão de Ben Sulayem para gerenciar a FIA se diferencia da de Todt e de seu vice, Graham Stoker, seu oponente na eleição, em um aspecto chave: ele colocaria um CEO à frente da Federação. Nas gestões de Todt e seu antecessor, Max Mosley, quem comanda a FIA é o presidente, enquanto os dois pilares de esporte e mobilidade (transporte de rua) são comandados por um secretário-geral. Essa nova visão criaria uma função muito poderosa, colocando a FIA mais como um negócio.
"O gerenciamento do dia a dia, não é para o presidente. Não quero microgerenciar. Quero ser presidente, liderar, mas entregar o dia a dia para um CEO, que possa unir esporte e mobilidade". Se eleito, ele e seu CEO colocariam o foco no aumento da participação, com a promessa de dobrar o número de praticantes em quatro anos.
Ben Sulayem argumenta que, se a Finlândia, com uma população de 5,5 milhões de pessoas, possui 11 mil registros de competidores, isso significa que há um grande potencial de desenvolvimento em mercados como China e Índia, com cada país tendo apenas cerca de 4 mil registros. Então, como ele faria isso? Ele cita o exemplo do Cross Car, que é o conceito da FIA para categorias de base de rally, de baixo custo, essencialmente um bug off-road com um motor de moto, assim como o kart é uma porta de entrada para as corridas.
"Você precisa ter veículos de baixo custo em um nível introdutório. Começamos algo chamado Cross Car. E isso foi maravilhoso, acredito que seja o futuro. Mas os custos não devem passar de 50 mil reais. Só que aí pulou para 150 mil. Se você olhar para Índia e China, eles possuem os motores, por que impomos a eles? Pegamos a planta, garantimos a supervisão e implementamos os regulamentos de segurança e deixamos eles fazerem seus próprios campeonatos locais e regionais. Se colocarmos como objetivo dobrar o número, é algo factível".
"A F1 e o Mundial de Rally estão em boa forma, saudáveis. Mas o mundo precisa mais do que apenas isso. Estamos falando de níveis locais e regionais. Você precisa de participações locais, eventos locais e regionais. E isso só pode acontecer se fizermos de modo barato".
Além de pretender dobrar o número de participantes no esporte, Ben Sulayem quer aumentar o poder das bolhas regionais do esporte, além de melhorar a transparência financeira da Federação.
"O lado financeiro da FIA não é saudável. Queremos olhar para os registros e garantir que isso também marque um retorno da FIA aos negócios de modo positivo. Transparência é muito importante se você quiser ser levado a sério no mundo. Por exemplo, as contas da FIA, quando queríamos examiná-las, elas foram bem difíceis de serem obtidas. Então acredito que precisamos seguir as Federações de frente no mundo, como o COI, que listam todas suas contas no site".
O companheiro de chapa de Ben Sulayem como vice-presidente desportivo é o copiloto campeão mundial de rally Robert Reid, enquanto um nome que chama a atenção na lista é a esposa de Bernie Ecclestone, Fabiana, que aparece como vice-presidente desportiva para a América do Sul.
A eleição será realizada no dia 17 de dezembro em Paris. Será um momento significativo para o esporte porque, com todos os desafios que o automobilismo enfrenta no momento, de preocupações ambientais e um aumento na diversidade, os próximos quatro anos serão importantes para determinar a direção para o futuro.
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