A crise de semicondutores é um dos maiores problemas que a indústria automobilística mundial já enfrentou nas últimas décadas que culminou na paralisação de diversas fábricas pelo mundo. Mas outra questão que vai além dos chips eletrônicos pode piorar este cenário: a falta de magnésio, mineral que é de suma importância para a produção de veículos e que pode causar o fechamento de fábricas em todo o mundo.

Como a falta de semicondutores, a escassez de magnésio pode atrapalhar (e muito) a produção de automóveis ao redor do mundo. Isso porque, segundo o Financial Times, a extração de magnésio está comprometida devido uma crise de energia na China, país responsável por nada menos que 85% do fornecimento mundial do mineral. Mas você deve estar se perguntando: por que o magnésio é tão importante? O mineral é essencial para a produção de ligas de alumínio, ou seja, sem magnésio, não há existe chapas de alumínio, tão essenciais para a indústria automobilística.

Fábrica de Gravataí - 4 milhões de unidades

As ligas de alumínio dão forma a diversas partes de um carro como rodas de liga-leve, freios, eixos, painéis de carroceria, tanques de combustível, componentes de suspensão, blocos de motores, travessas e até mesmo estruturas do monobloco – este último basicamente a plataforma de um veículo. Isso significa que sem magnésio, não é possível produzir ligas de alumínio, ou seja, a produção mundial de veículos poderá parar com a falta do mineral – elemento químico essencial para a produção do alumínio usado na indústria automobilística, principalmente o de alta resistência.

“Não há substitutos para o magnésio na produção de chapas e tarugos de alumínio”, disse o analista da Barclays, Amos Fletcher, em um relatório. “Trinta e cinco por cento da demanda de magnésio é de chapas automotivas - então, se o fornecimento de magnésio parar, toda a indústria automotiva será potencialmente forçada a parar”.

Vale destaque além de concentrar boa parte do fornecimento mundial de magnésio, a China também concentra a extração desse mineral na cidade de Yulin. Mas devido à crise energética enfrentada pelo país, o governo local ordenou que 35 de suas 50 fábricas de fundição de magnésio fechassem até o final de 2021. Esses complexos fabris consomem bastante energia em sua operação e, por isso, o governo tomou tal medida para que não faltasse energia para o consumo residencial da região. Já as fábricas que permanecerem em operações tiveram que cortar sua produção pela metade para atingir as metas de consumo de energia.

Fábrica Renault - São José dos Pinhais (PR)

A Europa é um dos continentes bastante dependentes do magnésio da China e já sofre com a redução da produção do grande país asiático. No velho continente, as reservas de magnésio devem se esgotar até o final de novembro. Por fim, a baixa produção do mineral na China deve acabar reduzindo drasticamente os estoques de magnésio, que é difícil de armazenar, pois ele começa a oxidar depois de apenas três meses.

Pelo jeito, a crise na produção mundial de veículos deve continuar sendo afetada não somente devido à escassez de semicondutores, como também pela falta de magnésio. Por aqui, a indústria automotiva brasileira mal começou a ensaiar uma recuperação e deve enfrentar em breve mais uma crise de desabastecimento, mas dessa vez por falta de um material básico para a produção de um carro.

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