Os primeiros meses da Stellantis na América Latina geraram resultados expressivos que merecem muita comemoração. Antonio Filosa, pela primeira vez falando como presidente da Stellantis para a América do Sul, destacou o crescimento no mercado brasileiro da Fiat, Jeep e falou também sobre o futuro das marcas Peugeot e Citroën.
Líder de vendas no país, a Fiat avançou para 22,1% de participação de mercado. Além de registrar bons resultados em praticamente todos os modelos, o destaque ficou para a picape Strada que manteve-se como o veículo mais vendido do Brasil. Para o executivo, a geração anterior estava focada no público que usa a picape para o trabalho, mas isso foi corrigido com a nova Strada, passando a atender também o consumidor que faz uso em seu lifestyle.
A marca Jeep também avançou, com 12,1 mil veículos vendidos e 7,4% da participação de mercado em abril. O resultado posicionou o grupo Stellantis com 29,6% de participação de mercado ao registrar mais de 196 mil veículos vendidos no primeiro quadrimestre.
"Peugeot e Citroën tem muito futuro na Stellantis, no Brasil, na Argentina e Chile e nós queremos investir nesse futuro", destacou Filosa ao ser questionado sobre as marcas francesas do grupo. "Em 2 anos queremos chegar à participação que as duas marcas francesas tinham 10 anos atrás. Com estratégias globais e regionais, com line-up de modelos que atendem as necessidades dos clientes, trabalhando com concessionários e trazendo tecnologias que os clientes apreciam, cada uma dentro do seu DNA", explicou.
Sobre a utilização dos motores 1.0 e 1.3 Turbo produzidos pela Stellantis em Betim em modelos da Peugeot e Citroën, o executivo explicou que após a decisão de equipar um carro de outra marca com o novo propulsor são necessários 18 meses de trabalho técnico. No entanto, esse período poderia ser encurtado com esforço do grande time de engenharia presente no Brasil. Filosa não revelou qual das marcas francesas receberá os novos motores turbo primeiro, deixando no ar a possibilidade para o Peugeot 208 ou futuro SUV compacto da Citroën previsto para o fim deste ano.
Os resultados expressivos e aumento de participação de mercado evidenciam que as marcas da Stellantis foram as que menos sofreram com a falta de insumos e componentes. De acordo com Filosa, isso é reflexo da forte localização de peças. "Isso sempre foi um valor, estarmos juntos com os fornecedores e estamos ajudando um pouco. Resolve todos os problemas? Não, porque os fornecedores também usando componentes importados".
Outro ponto destacado pelo executivo são as pessoas. "Nosso time de supply-chain têm se esforçando 24 horas por dia em nível global para ajudar os fornecedores. Trabalho em conjunto dos nossos colaboradores para tentar mitigar os impactos. É um trabalho de gerenciar a escassez".
Com a forte presença das marcas Fiat e Jeep na modalidade de vendas diretas, Filosa foi questionado se esta seria uma estratégia futura para crescimento das marcas Peugeot e Citroën. A resposta do executivo foi de que tanto Fiat como Jeep "cresceram em todos os canais de vendas. A Fiat é líder de vendas. Se analisar a Jeep, nasceu muito fundamentada no canal de varejo e agora cresceu avançando em vendas diretas e outros canais. É o resultado de quem investe muito no trabalho com parceiros de grande porte e com a concessionárias. Toda essa competência da Fiat e Jeep, será usada para Peugeot e Citroën".
Com a Stellantis, as marcas do grupo ganharam mais fôlego e sinergia de 24.000 funcionários na América do Sul. Filosa afirmou que nenhum plano da Stellantis (de lançamentos) foi cancelado por causa da pandemia. Pode ter sido reajustado, mas nada foi cancelado.
Sobre a nova família de modelos das marcas francesas, Filosa preferiu manter o mistério sobre qual marca vai receber o novo motor. "Precisamos pensar que temos ótimos motores produzidos em Betim e Porto Real. Queremos ser cada vez mais independentes de importação", destacou o executivo. "Gostaria de ter a maioria dos motores localizados, até 2022", afirmou.
Mesmo com a pandemia, Filosa considera que a demanda por veículos novos está forte no Brasil, alinhada às previsões que tinham. O mesmo vale para as projeções do mercado argentino e outros da nossa região, mas destacou como interessante o desempenho do Chile.
Ainda assim, o executivo destacou que a previsão precisa ser feita mês a mês, quase semana a semana e que só somente após este quadrimestre, podemos ter uma ideia melhor sobre as projeções de 2020.
Filosa enfatizou ainda a importância para a Stellantis de reunir em seus quadros 27 mil pessoas na América do Sul. "Estes colegas trazem das duas antigas empresas, PSA e FCA, um volume enorme de conhecimentos, competências, além de inúmeras oportunidades de sinergias, que representam um capital gigantesco para a Stellantis. Isto é tão grande e valioso como as marcas que a Stellantis reúne. Pessoas, produtos, marcas e parceiros são a receita, espero ganhadora, de todas as marcas”, concluiu.
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