Quando a Renault anunciou seu plano de reestruturação, no final de janeiro, muita gente ignorou uma fala rápida de Luca de Meo, CEO da empresa, quando o executivo confirmou que o conceito Dacia Bigster iria receber o logo da Renault para ser vendido na América Latina. Em entrevista ao site Automotive News Europe, o chefão da marca francesa reafirmou este compromisso e disse que será um modelo importante para equilibrar as contas da empresa.
Durante a apresentação da "Renaulution", a estratégia de reestruturação da empresa, de Meo afirmou que o Dacia Bigster “também será usado na base internacional como uma versão Renault. Isso é muito importante dizer pois irá suportar o reposicionamento para cima da Renault. Pense em América Latina e etc. Como disse na apresentação, em alguns casos estamos muito baixo no mercado, nós merecemos mais, merecemos estar no centro do mercado. Então usaremos essa base, feita primeiro pela Dacia."
Já na entrevista com o Automotive News, o executivo comentou que precisava fazer cortes no Brasil para sair do prejuízo e que congelou investimentos de curto-prazo – o que deve afetar a vinda das novas gerações de Sandero e Logan. Este dinheiro não ficará no limbo, pois de Meo já afirmou que o investimento irá para o Bigster e o Duster. Tudo para “aumentar a média de lucro por unidade”, mesmo que tenham que desistir da meta de alcançar 10% de participação no mercado.
O site ainda pergunta se o Bigster será um Renault na América Latina e o CEO da fabricante deixa bem claro que sim. “Para mim, o Bigster é exatamente o carro que podemos colocar na Renault nos mercados internacionais, onde estamos apostando somente nos carros dos segmentos A e B. Agora eu posso ter um SUV B+ e um SUV C compacto que terão uma margem unitária melhor, com uma imagem potencialmente melhor e a habilidade de conquistar novos clientes”, explica o comandante da Renault.
O projeto de ter mais um SUV, posicionado acima do Captur, é um desejo antigo da Renault. Começou com o Koleos, crossover médio que chegou a ser apresentado à imprensa brasileira pelo então CEO da marca, Carlos Ghosn, em 2016. A disparada do dólar na época fez a fabricante desistir da importação. Em seguida foi a vez do Arkana, crossover-cupê com a plataforma do Duster, que foi confirmado pela marca em uma apresentação, listando o Brasil entre os países que receberiam o carro até então desconhecido.
Um fator importante que ajudará a vinda do Bigster ao país é o fato de ser um carro com a plataforma modular CMF-B. A arquitetura é a grande aposta da Renault, tornando-se a base para todos os modelos da Dacia e os compactos da Renault, além de compartilhar com a Nissan – até o Duster passará a ser construído com ela. A Aliança Renault-Nissan afirmou no ano passado que a CMF-B será usada no Brasil para 7 carros das duas marcas. No entanto, o Bigster deve levar um tempo para aparecer, pois foi revelado na forma conceitual. A previsão é 2024, e com nome diferente do conceito.
Fonte: Automotive News Europe
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