A General Motors surpreendeu o mundo ao anunciar que venderá apenas veículos com emissão zero a partir de 2035. Isso significa que nenhum carro, SUV ou picape, terá motores a combustão. Para ficar mais claro: nem gasolina, etanol, diesel, flex, biodiesel, nada disso. No seu lugar entrarão carros 100% elétricos, sejam movidos a baterias ou outra solução limpa, como células de combustível. Mas a pergunta que paira sobre nossas cabeças: e no Brasil?
Motor1.com Brasil entrou em contato com a GM do Brasil para entender como ficará a operação e linha de modelos e se, de fato, a estratégia afetaria os modelos vendidos em nosso mercado tendo como resposta oficial seguinte: "O compromisso da GM em se tornar tornar neutra em carbono até 2040 é global e, portanto, abrange todas as suas operações".
Um objetivo desta magnitude, assim como líderes de outros grupos já haviam indicado, não dependerá só dos esforços das montadoras. Também é necessário incluir uma nova geração de consumidores que, desde já, faz suas escolhas por empresas com propósitos. E claro, os governos.
"Fizemos mais um anúncio neste sentido, que estabelece dois importantes marcos: aspiramos vender globalmente somente veículos leves com zero emissão a partir de 2035, com a colaboração de governos, indústria e consumidores e atingir a neutralidade em emissões de carbono em 2040", reforçou a GM do Brasil.
Esta transição não começou agora. Com a experiência de desenvolvimento de veículos 100% elétricos e que foram ao mercado, como o compacto Spark nos Estados Unidos, o Volt - impulsionado por um motor elétrico mas com energia gerada a partir de um motor a gasolina, e agora o Bolt, a fabricante vem dando grandes passos na evolução de seus modelos. No entanto, o ponto da virada acontece com a chegada da tecnologia de baterias Ultium, desenvolvidas em parceria com a LG Cell. Construídas de forma que podem ser dispostas na vertical ou horizontal, permitem otimizar o armazenamento de energia e o layout de acordo com o design de cada veículo.
"Desde 2017, quando divulgamos nossa visão de liderar a indústria rumo a um futuro com zero acidente, zero emissão e zero congestionamento, a GM vem trabalhando em velocidade acelerada para alcançar este objetivo e anunciou várias iniciativas que demonstram o engajamento da empresa com este compromisso. Entre eles estão a capitalização da Cruise, adquirida em 2016, com aportes realizados pelo SoftBank e Honda e parcerias estratégicas também com Honda e mais recentemente Microsoft para acelerar o desenvolvimento e comercialização de veículos autônomos", diz a empresa em nota.
Além disso, recentemente a GM também anunciou a ampliação dos investimentos de US$ 20 bilhões para US$ 27 bilhões para o desenvolvimento de elétricos e autônomos e o lançamento de 30 novos modelos elétricos das várias marcas da companhia até 2025.
Quando olhamos para os modelos à venda no Brasil, com exceção do Bolt, é difícil imaginar o que acontecerá. Como se trata de uma estratégia de longo prazo, ainda veremos evoluções e novos lançamentos com motores a combustão. "Acabamos de anunciar os novos investimentos de R$ 10 bilhões para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Valores que serão empregados ao longo dos próximos anos para continuar renovando nosso portfólio e trazendo novas tecnologias de segurança e conectividade", afirmou Nelson Silveira, Diretor de Comunicação da GM América do Sul.
Isso significa que novas gerações dos principais modelos da marca estão a caminho. "Estamos falando de curto e médio prazo e os objetivos globais anunciados são de longo prazo. Lembramos ainda que o Brasil é o segundo maior mercado global da Chevrolet e já participa do processo de eletrificação com a comercialização do Bolt desde o final de 2019. Outras novidades serão anunciadas no futuro, no momento oportuno", destacou o executivo.
Embora a montadora ainda não possa revelar os planos futuros para o Brasil, o comunicado recente e também a resposta enviada ao Motor1.com mostram que se trata de uma linha ampla, e não apenas de alguns segmentos de nicho:
"Cabe ressaltar ainda que o novo posicionamento de marca da GM lançado recentemente durante a CES (Consumer Electronics Show), com a campanha 'EVerybody in', reforça o quão inclusiva é essa transformação que a GM pretende liderar no mercado automotivo. O objetivo é oferecer veículos elétricos acessíveis aos variados públicos em todos os segmentos importantes do mercado, desde veículos de entrada, crossovers, superesportivos, até SUVs e picapes".
Neste momento, essa linha ainda está completa. Os novos Bolt e Bolt EUV, que ainda não contam com a tecnologia de baterias Ultium, devem fazer parte do portfólio da Chevrolet no Brasil em breve. A tendência é que grande parte dos futuros carros elétricos da marca integrem, de forma gradual, o portfólio no Brasil.
Neste momento não há nenhuma menção de investimentos para produção de carros elétricos no Brasil. No entanto, a GM deu uma dica importante em seu comunicado: "Essa estratégia é global e está sintonizada com a filosofia da GM de 'produzir onde vende'. Esta é nossa abordagem nos maiores mercados onde temos grande presença de manufatura e usamos predominantemente fornecedores locais."
Outro ponto a se considerar ao vislumbrar o futuro da Chevrolet no mercado brasileiro, inclusive com a produção de carros elétricos por aqui, é a importância em volume global. "O Brasil é o segundo maior mercado da marca Chevrolet no mundo, atrás apenas dos EUA", destacou a empresa em nota oficial.
Falando especificamente das fábricas, a sua atualização para a produção de veículos elétricos é algo que a GM já fez. Em 2018, Motor1.com foi até os Estados Unidos visitar a fábrica da GM localizada em Orion, distrito localizado nos arredores de Detroit. O ponto que mais chamou a atenção foi a produção do elétrico Bolt na mesma linha de carros à combustão, Sonic e Sonic Sedan na época.
Todo o processo produtivo era exatamente o mesmo, se diferenciando apenas no momento da junção do trem-de-força (elétrico ou combustão). Em resumo, com exceção das baterias, não há dificuldade alguma para uma empresa com amplo know-how em produção de veículos fabricar carros 100% elétricos.
Considerando a nova estratégia de vender somente carros de emissão zero a partir de 2035 e a filosofia de se 'produzir onde vende', é algo natural esperar pela produção de elétricos no Brasil. Para concluir, em uma conversa com Carlos Zarlenga, Presidente da General Motors América do Sul, o executivo provocou jornalistas em um evento com a seguinte pergunta: "Quando vocês acham que será produzido o primeiro carro elétrico no Brasil?"
Com a maioria das respostas beirando algo como "daqui uma década", o executivo apenas respondeu: "Será muito antes do que vocês imaginam".
E você, leitor, quando acha que isso acontecerá?
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