Em meio à quarentena forçada pela pandemia da Covid-19, a Fiat se viu obrigada a atrasar seu principal lançamento de 2020 - logo a renovação de um de seus modelos mais importantes: a nova geração da Strada. Ainda sem volume de produção suficiente para abastecer todas as suas lojas, mas com a pré-apresentação da picape já feita para algumas mídias (veja aqui nossa avaliação), a marca optou por adiar o lançamento do começo de abril para o segundo semestre. "Não temos pressa de lançar a nova Strada, o importante agora são as pessoas", disse Herlander Zola, diretor do brand Fiat, numa entrevista exclusiva ao Motor1.com.
"É uma situação totalmente nova já ter apresentado um carro e de repente não poder colocá-lo nas lojas. Já era para estar cheio de nova Strada nas ruas", explica Zola, dizendo que a marca pretende realizar uma nova rodada de apresentações da picape quando for o momento de colocá-la nas lojas. "Foi muito importante essa primeira onda para as pessoas já conhecerem o carro e criarem expectativa para o lançamento, mas com certeza faremos uma segunda onda quando for a hora", diz o diretor. Ainda sem data exata, a nova Strada deve enfim chegar às lojas em julho.
No momento, a prioridade na Fiat são as pessoas - não somente seus funcionários e colaboradores, mas também os clientes. Neste sentido, Zola conta que a marca fez duas ações principais. A primeira é sobre condições especiais para os profissionais da Saúde, que estão na linha de frente no combate ao coronavírus. Para esses, a marca está oferecendo 3 anos de revisões gratuitas em veículos 0km adquiridos até o dia 6 de maio de 2020. O benefício é válido para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas e profissionais da Saúde de outras áreas. Basta que a pessoa interessada tenha vínculo com o Conselho Regional da atividade ou entidade semelhante.
A outra ação é válida para todo tipo de consumidor, e diz respeito ao financiamento de veículos com a primeira parcela somente para 2021. Nessa condição, com entrada de 40% ou 50%, o cliente poderá optar pelo pagamento em 36 ou 48 vezes, respectivamente. "Sabemos que pouca gente está pesando em comprar carro agora, mas, para aqueles que realmente precisarem, estamos dando essa condição de começar a pagar as parcelas quando as coisas estiverem mais normalizadas", ressalta Zola.
Em meio à pandemia, a Fiat fez um movimento inesperado: tirou de linha a versão Drive do Mobi, até então a única com motor 1.0 Firefly de 3 cilindros e direção elétrica, e não por acaso a mais cara do subcompacto. Desta forma, a Fiat assumiu que o Mobi ficará como "modelo de combate" no setor de acesso ao carro 0km. Quando perguntado se isso tinha a ver com o fato de o coronavírus trazer de volta o interesse pelo carro barato (para evitar transportes públicos e compartilhados), Zola disse que esta foi uma movimentação pensada anteriormente à pandemia, devido à canibalização interna. "O Mobi Drive estava brigando com o Argo de entrada, e o cliente acabava optando pelo Argo. Então percebemos que não fazia muito sentido ter essa versão mais cara do modelo", diz o executivo.
No entanto, é claro que ter um carro com componentes mais baratos (caso do antigo motor 1.0 Fire e da direção hidráulica) pode fazer a Fiat ter um modelo para brigar em preço caso o mercado volte a ter demanda por veículos mais baratos. É um movimento contrário ao que vinha ocorrendo antes da pandemia, mas o fato é quem nem a Fiat (nem as outras marcas) sabem como o mercado irá reagir daqui para a frente.
Zola não acredita, porém, numa mudança significativa no ranking de vendas. "Não vejo essa movimentação no sentido do que o consumidor procura, mas sim na forma como ele se relaciona com a marca. "Hoje ele já pode comprar um carro sem sair de casa, levamos o modelo até a casa dele para fazer o test-drive. Ou seja, o que pode mudar é a forma de compra", exemplifica o diretor.
No meio disso tudo, não foi somente a nova Strada que atrasou. "A paralisação travou os desenvolvimentos em dois, três meses, e ainda não sabemos quais os cronogramas que serão mantidos e os que ficarão um pouco mais para a frente", conta Zola. Embora o diretor não fale abertamente, a Fiat está trabalhando em novidades importantes, como o SUV compacto feito a partir do Argo (flagra abaixo), os motores Firefly com turbo, o câmbio automático CVT e a primeira reestilização da picape Toro, entre outros projetos.
À principio, a produção nacional dos motores 1.0 e 1.3 com turbo e injeção direta estava marcada para o final de 2020, com o primeiro modelo a usá-los chegando à lojas no começo de 2021. O SUV do Argo também está previsto para o ano que vem, assim como a renovação da Toro, que inclui a troca do motor 2.4 flex atual pelo novo 1.3 turboflex.
Fotos: divulgação
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