Em 1965 o Mustang era um sucesso sem limites, para usar um slogan da própria Ford nos anúncios da época. Um automóvel esportivo, acessível, bonito e de apelo jovem, o Mustang era um projeto liderado por Lee Iacocca e Donald Frey, que se tornava um sucesso de vendas. De abril de 1964 a agosto de 1965 foram vendidas 680 mil unidades do Mustang o que fez do carro um fenômeno sem precedentes na história.
Nesta época, a Ford investia fortemente na publicidade de um carro que poderia atender o estudante, uma pequena família ou servir como veículo esportivo de final de semana com as versões V8 que representavam 70% do mix já em 1965.
Toda a trajetória de sucesso deste ícone você provavelmente já conhece. A história de hoje é digna da trajetória vitoriosa do Ford Mustang e começa para o brasileiro Gustavo Morais em 2016. “Estava a trabalho nos Estados Unidos, perto de Dallas, e me deparei com o anúncio desse Mustang a venda. Como fiquei lá no final de semana, ligue e conversei com a anunciante, chamada Katlyn, que não parecia muito disposta a vender o carro, e fui até la”, conta.
Após pegar um táxi e rodar cerca de 1h, até a cidade de Richardson, teve uma surpresa ao chegar ao endereço. A dona do Mustang abriu a porta e disse: “tentei ligar no número que você discou para te avisar antes mas eu resolvi não vender o carro”. No entanto, aceitou mostrar o veículo a Morais enquanto contava a história do veículo.
O carro foi comprado zero km em 1965 por um casal que não tinha filhos e que eram vizinhos de Katlyn, que então era uma criança. Assim, ela andou muitas vezes com casal a bordo do reluzente Mustang vermelho com interior monocromático e guardava uma doce lembrança daqueles tempos na memória. Com o passar dos anos o dono do carro faleceu, a casa onde moravam se tornou herança para uma sobrinha e o carro foi deixado para Katlyn.
Só mudando de casa, os planos para o 1965 seria uma completa restauração, o que não aconteceu. Anos depois resolveram anunciar o carro quando Morais ligou.
Convencer Katlyn a vender o veículo não foi fácil. “Expliquei a ela que eu era colecionador, que tinha outro Mustang 1967, e que não era vendedor de carros, portanto iria restaura-lo mas não iria vendê-lo”. Assim, comprometendo-se a sempre mandar notícias do carro e de fotos dos eventos no Brasil, Katlyn aceitou se desfazer do veículo e o carro saiu do Texas pela primeira vez rumo à Miami para ser exportado ao Brasil.
Chegando aqui, Morais optou por restaurar o carro completamente pela primeira vez. Ao remover toda a tinta da carroceria, Michel Ambrosio, da CarCiclo, notou que na coluna C havia três pontos cobertos com estanho que tinham função de segurar o friso de acabamento da capota de vinil. Gustavo ligou para Katlyn, que confirmou: “o carro tinha sim teto de vinil, uma capota branca mas não lembro se dava trabalho manter ou se rasgou”. Assim, a restauração seguiu o padrão original e a capota, assim como outras peças Importadas dos Estados Unidos foram reinstaladas.
O Mustang de Gustavo Morais ficou pronto ano passado após dois anos de restauração cuidadosa. É um modelo 1965 cor Ragoon Red, equipado com motor seis cilindros 2,3 litros e transmissão manual de três marchas, muito rara até nos Estados Unidos e da qual só se tem notícia de três unidades no Brasil.
Hoje Morais ainda envia, como prometido, fotos do carro para Ketlyn, que fica maravilhada com a quantidade de Mustangs em tão bom estado que existem aqui no Brasil.
Na próxima terça feira, dia 23, o próprio Mustang Ragoon Red 1965 de Gustavo Morais estará presente com outros cerca de 100 exemplares do lendário Ford na Noite do Mustang, no Auto Show Collection.
O AutoShow Collection é parceiro do Motor1.com Brasil. O evento acontece sempre na primeira terça-feira de cada mês, mas durante o mês de julho, ocorrerá em todas as terças-feiras. Reúne carros clássicos e modificados no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP). Para mais informações, acesse www.autoshowcollection.com.br
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