Evento realizado no último sábado (08/06) marcou o início da mobilidade sustentável como política governamental para os próximos anos em Fernando de Noronha (PE). Um Decreto-lei assinado pelo governo de Pernambuco, ainda a ser apreciado pela Assembleia Legislativa do Estado, passa a disciplinar o ingresso, a permanência e a saída de veículos elétricos no arquipélago.
O Projeto Noronha Carbono Zero veta a entrada de quaisquer veículos que emitam dióxido de carbono a partir de 10 de agosto de 2022, e ainda impõe que a partir de 2030 Fernando de Noronha não tenha mais nenhum veículo movido a combustão em circulação. Assim, a ilha se tornará a 1ª localidade do Brasil com emissão zero.
De acordo com Guilherme Rocha, administrador de Noronha, este é “apenas o início de novas opções sustentáveis para a mobilidade e a matriz energética da ilha”. O desafio para colocar em prática todas as diretrizes do Noronha Carbono Zero, no entanto, não é pequeno: aproximadamente 85% da energia elétrica consumida no arquipélago ainda é oriunda de geradores movidos a diesel.
A administração da ilha também informou que serão disponibilizadas até o próximo dia 10 de julho um total de 130 (cento e trinta) autorizações ecológicas para quem se interessar em adquirir um veículo em conformidade com as especificações ambientalmente corretas. Deste total, 100 delas serão destinadas exclusivamente a pessoas físicas.
Parceira do Projeto, a Renault disponibilizou, através de regime de comodato, 6 veículos 100% elétricos – 3 Zoe, 2 Twizy e 1 Kangoo Z.E. - para a Administração da ilha, além de quatro carregadores. Aproveitando a entrega dos veículos, a marca anunciou também condições especiais de compra para moradores do arquipélago interessados em qualquer um dos modelos oferecidos. Além disso, também serão oferecidos carregadores exclusivos, com preços variando entre R$ 5.100 e R$ 8.100.
Modelos disponíveis
O portfólio da Renault conta com três modelos nesta fase inicial:
Ao volante do Zoe
Durante o evento, a Renault disponibilizou os três modelos para test-drive. Tivemos a oportunidade de avaliar o Zoe pelos pouco mais de 7 quilômetros de extensão da minúscula BR 363, uma das menores do país. Apesar do percurso reduzido, foi possível identificar bons acertos e alguns pequenos problemas da maior aposta da marca francesa nesta ofensiva elétrica.
De cara, o Zoe se destaca pelo design de linhas bastante agradáveis, que foge do exotismo comumente associado a outros modelos elétricos e híbridos do mercado. A dianteira traz visual suavemente agressivo, com destaque para as luzes diurnas de LED em formato de bumerangue. Nas portas traseiras as maçanetas ficam discretamente embutidas próximas à coluna C. As lanternas translúcidas e os faróis azuis talvez sejam os únicos elementos estéticos que entreguem o seu caráter diferenciado.
Antes de colocar o carro em movimento, vemos um interior parecido com o de outros modelos da marca – os comandos do ar condicionado automático, por exemplo, são idênticos aos já encontrados no Captur e nas versões top de linha de Sandero e Logan, enquanto o kit multimídia de 7 polegadas é o eficiente R-Link, presente no descontinuado Fluence. A única ousadia na parte interna fica por conta de uma tela de instrumentos TFT de formato retangular e delgado, bastante completa em informações – na parte esquerda do visor, por exemplo, você pode acompanhar por meio de uma ilustração a autonomia restante da bateria.
As regulagens de altura e de profundidade do volante ajudam a encontrar facilmente uma ótima posição de dirigir, em que pese a ausência da regulagem de altura do banco do motorista. O espaço traseiro é adequado para duas pessoas com relativo conforto – não espere, no entanto, uma amplitude similar à do Sandero. Na cabine não há plásticos macios, mas os materiais são de boa qualidade e a montagem é bem-feita, sem rebarbas. Em suma, é um interior arejado, agradável, mas sem refinamento.
Partida dada por meio de um botão, é preciso olhar para o painel para se ter a certeza de que o carro está realmente ligado diante da total ausência de ruídos e vibrações - algo totalmente estranho para quem nunca havia conduzido um veículo sem motor a combustão. Com o câmbio automático no Drive, os 22,9 kgfm de torque chegam às rodas com vontade, tornando a experiência de condução muito agradável, parecendo ter mais que os 92 cv de potência.
Mas não se engane: de acordo com a marca, na faixa de desempenho mais frequente em circuito urbano, esta força faz o Zoe partir da imobilidade até os 50 km/h em apenas 4 segundos. Pelo fôlego demonstrado pelo carrinho durante o percurso, não dá para duvidar. A velocidade máxima oficial é de 135 km/h, mas o foco do carro é uma condução mais tranquila, com a força necessária nas ultrapassagens.
Não é preciso se preocupar se algum obstáculo aparece à frente: os freios são muito bons. Se depois de circular bastante a bateria de 41 kWh começar a dar sinais de que está acabando, é necessária apenas uma recarga de 1h40 em uma corrente trifásica de 22 kw para que ela atinja 80% de sua carga total.
O conforto de rodagem também chamou a atenção. A suspensão filtra bem as irregularidades da pista, num ótimo equilíbrio entre maciez e firmeza. Mesmo numa rodovia com vários buracos, em nenhum momento os amortecedores chegaram ao final do curso. Além disso, o bom isolamento acústico permite uma condução relaxada, auxiliada ainda mais por um ótimo sistema de som premium da marca Bose, presente na versão top Intense.
Outro ponto positivo do modelo é o custo de manutenção. De acordo com o plano apresentado pela Renault, as revisões de um Zoe até os 60 mil quilômetros custam R$ 2.900, valor inferior aos R$ 3.100 cobrados do proprietário de um Sandero equipado com motor 1.6.
Agora chegamos ao principal ponto negativo: o preço. Embora o valor pedido pelo Zoe seja um dos menores praticado no país para um modelo de passeio 100% elétrico, os R$ 149.900 da versão Intense - oferecida apenas nas cores branca e preta - ainda parecem salgados para um carro compacto e para um mercado que desconhece os benefícios da tecnologia e ainda não dispõe de infraestrutura adequada para recarga.
A popularização desta tecnologia, no entanto, deve reduzir os preços dos modelos e aumentar a competição entre as marcas. Além disso, a diminuição das reservas mundiais de petróleo e as regulamentações de vários países estabelecendo prazos para o fim da circulação dos carros movidos a combustão – como China, Alemanha, Noruega e França - são estímulos gigantescos para o crescimento da frota de veículos com emissão zero nos próximos anos.
O futuro, meus amigos, é elétrico.
Por Thiago Parísio, de Fernando de Noronha (PE)
Viagem a convite da Renault do Brasil
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