Enfim o Rota 2030 saiu do papel. O Presidente da República, Michel Temer, assinou Medida Provisória nesta quinta-feira (5) em Brasília (DF), que institui nova política industrial para o setor automotivo. O programa contempla três medidas: compromissos para comercialização de veículos no país, criação do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, e mecanismos para desenvolvimento tecnológico da cadeia de autopeças.
Dentre os principais objetivos da nova política industrial estão o estímulo à geração de inovação por meio da pesquisa e desenvolvimento (P&D), a continuação da melhoria da sustentabilidade veicular – com redução das emissões de CO2, do consumo de combustível e da valorização dos biocombustíveis –, a evolução da segurança veicular e o aumento da competitividade da indústria automobilística brasileira.
Com horizonte de longo prazo, as medidas deverão finalmente dar a previsibilidade e segurança jurídica necessária para que as empresas da cadeia automotiva – fabricantes de veículos, importadores e produtores de sistemas e autopeças – possam planejar melhor seus investimentos e estratégias. Desta forma, o Brasil atrairá investimentos em pesquisa e desenvolvimento para que a indústria nacional tenha condições de competir no mercado global.
Para Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a nova política automotiva é um grande marco para o país: “Com o Rota 2030, o país será fortalecido por vários motivos. Os veículos oferecidos no mercado serão cada vez mais eficientes, seguros e sustentáveis, reduzindo as emissões de CO2 e melhorando o meio ambiente e qualidade de vida da sociedade. O Brasil ganha ao manter uma indústria automobilística ainda mais forte, capaz de competir no mercado mundial devido aos investimentos em P&D. E a indústria passa a ter mais previsibilidade e segurança jurídica, permitindo um planejamento adequado para continuar investindo no Brasil”.
Compromissos para comercialização de veículos no País
A primeira medida da nova política industrial automotiva estabelece que todas as empresas que desejem comercializar veículos no Brasil, sejam elas fabricantes ou importadoras, terão que firmar compromisso com o país de cumprir metas de eficiência energética e segurança veicular:
Mobilidade e Logística
A segunda medida cria o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, chamado de Rota 2030 Mobilidade e Logística. O objetivo é estimular o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento e incentivar novas tecnologias e processos.
O Rota 2030 prevê que as empresas da cadeia automotiva, incluindo fornecedores de autopeças e sistemas, poderão se habilitar de forma opcional e, após a habilitação, deverão comprovar investimentos em P&D. Parte do investimento em P&D poderá gerar desconto no Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) a pagar.
Investimentos considerados estratégicos poderão gerar um desconto adicional para abater nos mesmos impostos. São considerados investimentos estratégicos em P&D: manufatura avançada (4.0), conectividade, novas tecnologias de propulsão, autonomia veicular e suas autopeças, nanotecnologia, pesquisadores exclusivos, big data, sistemas de análise e preditivos (data analytics) e inteligência artificial, dentre outros.
Desenvolvimento tecnológico da cadeia de autopeças
Como terceira medida, a política estabelece mecanismos para desenvolvimento tecnológico da cadeia de autopeças. As empresas que importarem autopeças sem produção equivalente no país, que hoje já possuem alíquota reduzida de imposto de importação a 2% dentro do regime chamado Ex-tarifário, terão esta alíquota reduzida a zero. Em contrapartida, deverão aportar em P&D o equivalente a estes 2% através de fundos já existentes ou parcerias com instituições de ciência e tecnologia, universidades, organizações independentes, etc.
IPI para híbridos e elétricos
Adicionalmente ao anúncio da nova política industrial, o Governo Federal atualizou também a tabela de Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, para veículos híbridos e elétricos. Essas adequações, aliadas ao estímulo à P&D pela nova política, tornarão estes veículos mais atrativos para o consumidor.
Falta Congresso aprovar
Apesar do presidente ter assinado a Medida Provisória, a indústria automotiva ainda precisa esperar mais um pouco para respirar aliviada. O Congresso Nacional precisa votar, decidir alguns pontos e aprovar o texto para que torne-se lei. O prazo é de 120 dias e, caso ele vença sem que o Congresso aprove, perderá a validade.
Fotos: divulgação
RECOMENDADO PARA VOCÊ
McLaren foi vendida mais uma vez, inclusive divisão de competições
Projeto de Lei propõe regularização do mototáxi
Porsche: "há uma tendência clara'' de preferência por carros a gasolina
Marca britânica Jaguar deixa de vender carros no Reino Unido
VW caminha para cortar fábricas, empregos e salários na Europa
Brasil quer equipar 33% dos eletrificados com baterias nacionais até 2033
Depois da Land Rover, SsangYong faz acordo para usar plataformas da Chery