Comparativo BMW X3 M40i x Audi SQ5: Suave (e veloz) na nave
Depois de aposentarem as peruas e ameaçarem os sedãs, agora os SUVs querem provar que também podem ser bons esportivos
Estava de boa manobrando o novo X3 na garagem quando de repente... "tum", o freio trava e ele não sai mais do lugar. OK, eu estava vendo pela câmera de ré e sendo alertado pelos apitos que a parede estava chegando. Mas a verdade é que o carro tomou o controle de mim e decidiu que já estava perto demais do obstáculo, era hora de parar. Depois percebi que o SUV faz isso em todas as manobras, inclusive ao estacionar na rua entre dois carros, pondo fim ao (malfadado) encostão no carro de trás. Bom para proteger o patrimônio. E ótimo para mostrar o quanto o novo SUV alemão traz de tecnologia embarcada.
O novo X3 que chega agora ao Brasil, inclusive com a versão de entrada montada em Araquari (SC), é a terceira geração do modelo (código G01). Substitui a F25 com redução de até 55 kg no peso total e traz muitos recursos vindos do atual Série 5. Estreia por aqui nas versões XDrive 30i e M40i, sempre com tração integral e câmbio automático de 8 marchas. A principal diferença fica por conta do motor, um 2.0 turbo de 4 cilindros no modelo 30i e o tradicional 3.0 turbo de 6 cilindros em linha na variante esportiva. Foi essa que veio passar uns dias com a gente aqui no Motor1.com. E para recepcioná-la da melhor forma possível, convocamos um rival com especificações e preço à altura: Audi SQ5, a versão mais invocada do Q5 até o momento.
Assim como o BMW, o SUV esportivo da Audi vem com motor 3.0 turbo de 6 cilindros (neste caso um V6), câmbio automático de 8 marchas e tração integral. Os dois também regulam em porte, desempenho forte (são mais de 350 cv em cada um) e preço na casa dos R$ 400 mil. Difícil escolher, não? Vamos ao teste.
Espaço e praticidade
A nova geração do X3 se baseia numa nova plataforma, tendo como destaque a distância entre-eixos de 2,86 m (4 cm maior que a do Audi). O comprimento também ficou maior, passando dos 4,70 m, enquanto a largura beira os 1,90 m (sem contar os espelhos). Embora tenha crescido em relação ao modelo anterior, o espaço na cabine é apenas adequado - ou seja, não chega a ser o que se espera de um SUV deste porte. Muito disso tem a ver com o volumoso túnel central, que rouba bastante espaço dos ocupantes do banco traseiro (mal que também assola o SQ5).
Da mesma forma, o porta-malas foi prejudicado pela instalação do estepe na versão brasileira, que elevou o piso do compartimento e roubou 100 litros de capacidade (reduzindo o total para 450 litros). Já o Audi não tem essa questão, mantendo os 550 litros do modelo original. A tampa tem abertura elétrica nos dois carros, claro.
A posição de dirigir é muito boa tanto no BMW quanto no Audi, sem exigir com que o motorista fique lá em cima (os bancos com ajustes elétricos permitem baixar bastante o ponto H). Ambos contam com um grande apoio para o pé esquerdo e bancos firmes, com abas pronunciadas para segurar o corpo nas curvas. O X3 vem com couro (marrom no carro testado), enquanto o SQ5 mescla couro com alcântara (camurça). O volante do Audi tem base reta, com desenho mais esportivo, mas o do BMW tem pegada mais grossa, como de costume na marca. Questão de gosto.
Acabamento e equipamentos
Se a cabine do X3 não evoluiu tanto em espaço, a qualidade do acabamento foi para outro patamar. A BMW parece ter ouvido as críticas de que estava ficando para trás de Mercedes e Audi no quesito materiais e resolveu dar uma resposta. O novo SUV impressiona com sua mistura de couro, alumínio e plásticos emborrachados, tudo iluminado por LEDs que podem mudar de cor de acordo com o gosto do freguês. Até mesmo os botões dos vidros elétricos e ajuste dos espelhos passaram a ser metalizados, elevando o nível do toque e qualidade percebida da cabine do X3.
Outra novidade fica por conta do quadro de instrumentos digital, que mantém os aros físicos. Legal que o cluster muda de acordo com o modo de condução escolhido (econômico, confortável ou esportivo), alterando inclusive a cor da iluminação (azul no primeiro e laranja nos demais). No esportivo, ganham destaque o velocímetro e a marcha em uso (este num visor dentro do conta-giros). Também chamam a atenção as belíssimas borboletas metalizadas, maiores que as de plástico do Audi.
Já o sistema multimídia merece um capítulo à parte. Com opção de ser comandado pelos botões no console ou na própria tela, ele possui conexão Apple CarPlay e um chip 4G que permite informações de trânsito ao vivo para o GPS e leitura de notícias via aplicativo da BMW. Além de fácil de usar, o recurso ainda conta com diversas câmeras para estacionamento, sendo que você pode variar as visões com toques na tela. Isso além do sistema que freia sozinho nas manobras, que citei no começo do texto.
Para não dizer que não senti falta de nada, o ajuste da coluna de direção é manual, enquanto no SQ5 é elétrico. Mas, exceto por este detalhe, o Audi parece mais simples e comportado por dentro. Com linhas bem horizontais, o painel lembra muito o do sedã A4, inclusive na multimídia em tela flutuante, que peca por não ser tátil - os comandos são feitos somente pelos botões no console. O sistema é simples de usar, mas não tem tantos recursos quanto o do rival. Já o acabamento segue o padrão dos Audi mais recentes, ou seja, praticamente à prova de críticas. Por fim, o cluster digital permite ter o mapa do GPS bem grande na tela, mas não varia os mostradores conforme o modo de condução, como faz o X3.
Como esperado em carros desse valor, os dois SUVs trazem as tecnologias mais recentes de cada marca no que diz respeito a assistentes de condução. Isso inclui aviso de saída de faixa, alerta de proximidade do carro à frente e, claro, o piloto automático adaptativo, que freia sozinho para acompanhar o fluxo e inclusive para o carro no trânsito. Em teste, achei o sistema da BMW mais inteligente, com atuação mais suave e o volante ativo, puxando para fazer a curva, enquanto o do Audi vibra para alertar o motorista. Em ambos você pode variar a distância para o veículo da frente.
Ao volante
Lembro que quando fiz o comparativo do Q5 contra o Volvo XC60 fiquei impressionado com a suspensão do Audi. Aliás, não é de hoje, pois o A4 também consegue um equilíbrio impressionante entre dinâmica e rodar confortável na superfície lunar brasileira. Com o SQ5 a fórmula se repete, mesmo em se tratando de uma versão esportiva. Um dos "culpados" são os amortecedores com rigidez variável, que se ajustam automaticamente à condição de rodagem (ou seguem o que manda o modo de condução). Além de macio, o Audi também revela uma direção leve nas manobras e em baixa velocidade, ganhando peso somente quando aceleramos mais forte.
O BMW, ao contrário, interage mais com o motorista. A suspensão firme (ainda que não dê pancadas nos buracos) e as rodas aro 21" (contra 20" do rival) com pneus mais largos na traseira foram pensadas para performance - ainda que com algum prejuízo ao conforto. O resultado é um rodar mais seco no X3, com solavancos principalmente para os ocupantes do banco traseiro. A direção também é sempre mais pesada que a do SQ5, mesmo em manobras. Na cidade, o Audi tem uma condução mais relaxada, sem parecer que estamos num SUV esportivo. Já o BMW faz questão de mostrar que é um M em todas as condições.
Quando a estrada se abre à sua frente, porém, é o X3 que empolga mais. O motorzão de 6 cilindros em linha tem um ronco maravilhoso de médias para altas rotações (mais nervoso que o V6 do rival), enquanto as 8 marchas são engolidas ferozmente conforme o SUV ganha velocidade. Embora tenham exatamente o mesmo torque (51 kgfm) e apenas 6 cv de diferença (360 cv no BMW contra 354 cv no Audi), o X3 foi mais rápido que o SQ5 em todas as provas de desempenho. Ajudado pelo controle de largada, o SUV de Munique chegou aos 100 km/h em 5 segundos cravados, enquanto o Audi fez o mesmo 0,4 s depois. Mas a maior vantagem do M40i apareceu na retomada de 40 a 100 km/h (3,8 s contra 4,4 s), mostrando com ele reage mais rápido em baixas velocidades. Além de uma programação de câmbio menos agressiva, o SQ5 pesa 60 kg a mais que o oponente.
Com os dois no modo esportivo de condução, o BMW também se revelou mais afiado e preciso para andar forte. Numa serrinha seguida por uma sequência de zigue-zagues, o X3 entrava com mais vontade nas curvas, com menor inclinação da carroceria e um tanto a mais de aderência, demorando mais para cantar os pneus. Interessante perceber que o sistema de tração envia quase todo o torque para as rodas traseiras, reduzindo a tendência de sair de frente (mais sentida no SQ5). Para completar, a direção mais firme me contava melhor o que se passava sob os pneus.
Não que o Audi não inspire confiança numa tocada agressiva, a questão é que ele parece "apenas" um Q5 mais potente, mantendo o conforto com uma de suas prioridades, enquanto o BMW é uma versão esportiva em todos os aspectos. Mesmo assim, o SQ5 permite tomadas de curvas bastante ousadas para um SUV, e ainda foi melhor nas frenagens, parando em 1,8 metro a menos quando vindo a 100 km/h.
Conclusão
Se alguém tem alguma dúvida de que a BMW mirou a tabela da Audi ao precificar seu novo SUV, basta ver a diferença entre eles: apenas R$ 40! O X3 M40i sai por R$ 397.950 e o SQ5 por R$ 397.990. A diferença é que o Audi cobra R$ 12 mil a mais pelas câmeras 360 graus e o aviso de tráfego cruzado, totalizando R$ 409.990 no carro testado.
A opção por um ou outro vai muito do que deseja o comprador. O SQ5 mantém o conforto e a suavidade do Q5 com mais motor para acelerar. Já o X3 investe pesado na esportividade nesta versão M40i, sendo a opção mais acertada para quem gosta de guiar forte, mesmo a bordo de um SUV.
Minha escolha? Eu gostaria que o BMW fosse mais macio, mas não abriria mão dele por causa do interior matador e da dinâmica, sem falar que o X3 anda mais e, na minha opinião, tem o design mais invocado.
Fotos: Motor1.com
Fichas técnicas
Audi SQ5 | BMW X3 M40i | |
MOTOR |
dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 24 válvulas, 2.995 cm3, duplo comando variável, injeção direta, turbo, gasolina |
dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em linha, 24 válvulas, 2.998 cm³, duplo comando variável, injeção direta, turbo, gasolina |
POTÊNCIA/TORQUE | 354 cv de 5.400 rpm a 6.400 rpm / 51 kgfm de 1.370 a 4.500 rpm | 360 cv de 5.500 a 6.500 rpm / 51,0 kgfm de 1.520 a 4.800 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automático de 8 marchas; tração integral | automática de 8 marchas; tração integral |
SUSPENSÃO |
independente multibraços na dianteira e traseira |
independente multibraços na dianteira e traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 20" com pneus 255/45 R20 | liga-leve aro 21" com pneus 245/40 R21 na dianteira e 275/35 R21 na traseira |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS e ESP | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.945 kg em ordem de marcha | 1.885 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.671 mm, largura 1.893 mm, altura 1.635 mm, entreeixos 2.824 mm | comprimento 4.716 mm, largura 1.897 mm, altura 1.676 mm, entre-eixos 2.864 mm |
CAPACIDADES | tanque 70 litros, porta-malas 550 litros | tanque 65 litros; porta-malas 450 litros |
PREÇO |
R$ 397.990 (R$ 409.990 como testado) |
R$ 397.950 |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | |||
---|---|---|---|
Audi SQ5 | BMW X3 M40i | ||
Aceleração | |||
0 a 60 km/h | 2,6 s | 2,5 s | |
0 a 80 km/h | 3,8 s | 3,6 s | |
0 a 100 km/h |
5,4 s |
5,0 s | |
Retomada | |||
40 a 100 km/h em S | 4,4 s | 3,8 s | |
80 a 120 km/h em S | 3,7 s | 3,4 s | |
Frenagem | |||
100 km/h a 0 |
35,4 m |
37,2 m | |
80 km/h a 0 | 22,8 m | 23,6 m | |
60 km/h a 0 | 12,9 m | 13,4 m | |
Consumo | |||
Ciclo cidade | 7,2 km/l | 7,1 km/l | |
Ciclo estrada | 11,2 km/l | 10,9 km/l |
Galeria: Comparativo BMW X3 x Audi SQ5
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