Apesar de elogiar o funcionamento da aliança e colher resultados positivos anualmente, o CEO Carlos Ghosn planeja promover uma série de modificações na estrutura do grupo Renault-Nissan antes de se aposentar em 2022. Em entrevista concedida recentemente, o executivo franco-brasileiro admitiu que teme pelo surgimento de conflitos a longo prazo dada a complicada divisão acionária existente.
Atualmente, a Nissan detém participação de 15% na Renault, mas não possui direito a voto. A Renault, por sua vez, tem em mãos 44% das ações Nissan e amplo direito a voto em questões corporativas. O governo francês também possui ações da Renault e, apesar de deter os mesmos 15% que a Nissan, acaba por exercer maior poder de influência internamente. Para complicar ainda mais, existe a Mitsubishi, que foi adicionada à aliança em 2016.
"É necessário que todos se sintam à vontade nesse cenário", disse Ghosn. "Hoje não temos realmente um problema a curto prazo - as empresas trabalham juntas, não há conflito. No entanto, estamos tentando encontrar uma solução que evite problemas ao longo do tempo", completou. Uma fusão chegou a ser especulada, mas o assunto ainda é tratado com bastante cautela.
Acionistas pressionam para que a aliança, que já dura 19 anos, seja capaz de sobreviver à saída de Ghosn no futuro. Recentemente, o francês Thierry Bollore foi nomeado diretor de operações do grupo com o apoio da França - manobra interpretada como uma espécie de preparação para que ele suceda o próprio Ghosn. Nos quadros da Renault desde 2012, Bollore é descrito como "adequadamente qualificado para o trabalho" e "guardião mais carinhoso de empregos e interesses franceses".
Fonte: Automotive News
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