Parece que até o destino não quer que o Volkswagen Golf reestilizado chegue ao Brasil. Após a revelação de que a marca estaria segurando seu lançamento devido à grande demanda do painel digital para o Polo, o hatch médio ainda terá que esperar pela atualização da fábrica em São José dos Pinhais (PR). O complexo interrompeu toda a produção há duas semanas, para receber o maquinário para a linha do T-Cross, o SUV do Polo. Essa paralisação deve durar mais três ou quatro semanas, atrasando ainda mais o lançamento do Golf renovado.
Durante o anúncio do investimento para produção do T-Cross no Brasil, o presidente da Volkswagen para América do Sul e Caribe, Pablo Di Si, revelou que ainda não há previsão de quando será iniciada a fabricação do Golf reestilizado. Para piorar, o executivo já deu a entender que, conforme o complexo comece a fazer outros produtos de maior demanda, o hatch médio pode ter sua produção encerrada.
“O Golf continua sendo produzido aqui [em São José dos Pinhais], continuará sendo produzido até que nós lancemos os novos produtos e vermos o segmento. O importante aqui é onde vão os mercados no Brasil, o que o consumidor prefere. Então tem segmentos que obviamente estão crescendo muito mais do que outros. E o segmento de SUV e picapes são dois que estão crescendo muito no Brasil, igual em outros lugares do mundo. Por isso o investimento no T-Cross aqui em São José dos Pinhais”, explicou Di Si.
Com a fábrica voltando a produzir no início de maio, o Golf ainda terá que esperar até que tenha estoque o suficiente para abastecer a rede. No caso, isso deve levar mais um mês, já que a fábrica ainda está com 321 funcionários em layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho), que voltarão ao trabalho até o final do ano para entrar na linha do T-Cross. Então, o lançamento do Golf 2019 pode ficar para depois de junho.
Não é difícil entender a razão para tanta cautela com o Golf. Todo o segmento vem perdendo espaço com o passar dos anos. Em 2017, representou somente 1,09% dos emplacamentos de todo o setor automotivo brasileiro. De janeiro a março deste ano, esta parcela caiu para 0,78%.
Esta é a segunda vez que um presidente da Volkswagen sinaliza o fim do Golf nacional. Em julho de 2017, David Powels, que comandava a marca na América do Sul na época, disse em uma entrevista que, se as vendas continuassem baixas e o segmento seguisse em queda, a marca poderia interromper sua fabricação.
Caso o Golf deixe de ser feito no Brasil, isso deve acontecer somente após 2020, quando a marca já teria apresentado a oitava geração do hatch na Europa (que estreia no início de 2019). Como Di Si declarou, o modelo seguirá em produção em São José dos Pinhais até que precisem usar o espaço para um carro de maior demanda. Depois disso, virá no máximo como importado.
Fotos: Divulgação e Motor1.com
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