Em 2008, o mundo conhecia o Tata Nano, projeto indiano nascido para ser o carro mais barato do mundo. Extremamente simples, o modelo tinha como meta ser o primeiro carro 0 km dos indianos, famosos por colocarem a família inteira em uma moto (ou um carro bem velho) e andar sem qualquer respeito pelas leis no maluco trânsito local.
O próprio Ratan Tata, dono e fundador da marca, foi quem apresentou o Nano. Pequeno, media 3.043 mm de comprimento, 1.495 mm de largura e 1.652 de altura, sempre equipado com motor de 2 cilindros, 623 cm³ e 35 cv a 5.250 rpm e 4,9 kgfm de torque a 3.000 rpm - instalado na traseira - para levar seus 600 kg. Custava 100 mil Rúpias, ou cerca de R$ 5 mil no câmbio atual.
Difícil imaginar que a atual dona da Jaguar Land Rover apareceu para o mundo assim. Porém, ser o carro mais barato do mundo não foi suficiente para o Nano fazer o sucesso que a Tata esperava. Com projeto barato demais, foi reprovado em testes de impacto e, para piorar, diversos casos de incêndio afastaram os compradores. Também ganhou fama de "carro de pobre", o que fez com que os indianos preferissem andar com um carro usado de maior status. Resultado: apesar de uma fábrica projetada para produzir 250.000 caros por ano, as vendas não passaram de 2.000 unidades mensais.
Mesmo com os problemas, o Tata Nano chegou a ser mostrado no Salão de Genebra de 2009 numa variante elétrica, mas que não passava de um conceito. Para ser vendido na Europa, iria ter nova estrutura, novo motor 1.0 de 3 cilindros, câmbio de 5 marchas e melhor acabamento. Custaria cerca de 5.000 libras na Inglaterra, mas o projeto não foi à frente.
Em 2015, nascia o Tata GenX Nano. Mesmo tratado pela marca como uma segunda geração, não passava de uma reestilização do Nano. Ganhava desenho mais "atraente" e novos equipamentos para tentar alavancar as vendas.
Entre os equipamentos, o GenX trazia até câmbio automatizado de 5 marchas (uma opção ao manual de 4 marchas) ligado ao mesmo motor de 2 cilindros. Impressionava pelo consumo de 21,9 km/l e pelo raio de giro de apenas quatro metros, o que é importante para uso nas vielas estreitas da Índia. Fato curioso: a Tata destacava que a central de injeção era desenvolvida pela Bosch, um "avanço" sobre o projeto original. A velocidade máxima era de incríveis 105 km/h.
Outras melhorias incluíram barra estabilizadora na dianteira, reforços nas zonas de impacto e barras de proteção nas portas. Direção elétrica, computador de bordo e sistema de som Bluetooth passaram a fazer parte da lista de equipamentos das versões mais caras. Veja aqui o folheto do modelo.
Mesmo assim, as vendas não decolaram. Entre 2016 e 2017, foram emplacadas apenas 7.591 unidades. Seu melhor número foi em 2011, com 74.527 unidades, ainda longe das 250.000 previstas. No momento, a diretoria da Tata já admite que o fim da produção está perto, mantendo o Nano ainda em atividade apenas por uma ligação "emocional" com a marca.
Fotos: divulgação
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