Mesmo sendo uma marca para poucos felizardos, a Porsche observa o mercado brasileiro e planeja seus passos conforme a banda toca. Mesmo que com certo atraso, o Brasil começa a entrar na lista de países que vendem carros elétricos e híbridos, e com boa aceitação do público. Basta observar a quantidade de Toyota Prius que circula nas ruas e comparar este cenário com o de alguns anos atrás.
Depois do Cayenne híbrido (que logo deve ser substituído por uma nova geração), a Porsche oficializa a venda do seu segundo híbrido no Brasil, o Panamera, em duas versões: 4 E-Hybrid e Turbo S E-Hybrid. Além da esportividade e luxo, o cupê de 4 portas ainda conseguiu ser um dos carros mais econômicos do país. Como? Veja nossas primeiras impressões.
No Salão de São Paulo do ano passado, a Porsche apresentou a nova geração do Panamera para o Brasil. Além de um visual mais "911 do que nunca", o modelo ganhou interior mais luxuoso e melhorias na parte de dirigibilidade e eletrônica, além da adoção do câmbio PDK, de dupla embreagem, com 8 marchas. As versões híbridas dão um passo além, inclusive preparando o Brasil (e o mundo) para algo que eles dizem ser um salto ainda maior.
O motor a combustão é o V6 2.9 biturbo com 330 cv, o mesmo que equipa o Panamera de entrada (se alguém pode chamar assim um carro de R$ 559.000) e o câmbio é o mesmo PDK de oito marchas (com 6 marchas de velocidade e 2 de overdrive). A mudança é a presença do motor elétrico, entre o motor a combustão e a transmissão.
Este sim é a estrela do alto da árvore de Natal. Sozinho, ele gera 136 cv e 40,8 kgfm de torque, com autonomia de até 50 km e velocidade máxima de 140 km/h quando usado sozinho. Para alimentá-lo, há um pacote de baterias (8 células com 13 células cada) de 14 kW/h de 130 kg, fornecida pela Samsung, instalada abaixo do porta-malas, que pode ser recarregado ou pelo motor a combustão ou por fonte de energia externa. É uma evolução do sistema utilizado pelo Cayenne e-Hybrid.
O test drive do Panamera 4 E-Hybrid foi realizado no Autódromo da Fazenda Capuava, no interior paulista. Já um velho conhecido, tem traçado travado e desafiador, principalmente para um carro grande, pesado e potente como o Panamera. Mas como o objetivo era demonstrar tecnologia e dinâmica apurada, não velocidade, tivemos uma boa tarde por lá.
Como no 911, o Panamera híbrido traz um botão circular no volante. Sua função é alternar pelos modos de condução - o que, no Panamera "normal", só é feito pela central multimídia. Começamos pelo E-Power, que deixa apenas o motor elétrico trabalhando. A diferença dele, por exemplo, para o Prius, é uma capacidade maior de potência (graças a novos imãs no rotor), o que o leva até aos 140 km/h. Por isso que o Panamera E-Hybrid consegue 26 km/l na estrada (contra 17 km/l do Prius), uma marca de respeito. Na cidade, são 18 km/l, segundo o Inmetro.
Segundo a Porsche, o Panamera pode ser utilizado nos deslocamentos diários sem consumir uma gota de combustível ou emitir um grama de poluentes nas ruas. Com a autonomia de 50 km, é totalmente plausível. Como a entrega de força do motor elétrico é instantânea, o coupé mostra agilidade mesmo sem ligar o motor a combustão.
Vire o botão para a direita e o modo "Hybrid Auto" é ativado. Com ele, dependendo da pressão no pedal, velocidade ou inclinação, o motor a combustão é ligado. Ele também é acionado quando a bateria tem pouca carga. Mas ainda a prioridade é dada ao motor elétrico na movimentação do carro. Dentro deste modo, há o "E-Hold", que mantém o motor elétrico desligado para poupar energia (pode ser utilizado em um deslocamento rodoviário, por exemplo, para usar o elétrico na cidade de destino) e o "E-Charge", que acelera o motor a combustão para recarga da bateria mais rápida. Porém, isso afeta o consumo de gasolina.
Mais uma volta no botão e chegamos onde mais queríamos: os modos Sport e Sport Plus, nos quais os dois motores trabalham juntos e entregam 462 cv e 71,4 kgfm de torque, além de mudar o regime de troca de marchas, abertura da válvula do escape e ajustes da suspensão a ar. Por mais que o peso do Panamera seja sentido nas curvas, não dá pra negar que ele é um Porsche. Com a tração integral que prioriza a traseira, é ao mesmo tempo um carro arisco nas curvas, mas totalmente controlável. Há até assistente de largada, com os dois motores ou apenas o elétrico. No meio, um botão dá 20 segundos de força máxima, útil para ultrapassagens e retomadas.
O Panamera 4 E-hybrid pode ser carregado na tomada de casa. Com um conversor (que é entregue com o carro), você pode ligar na tomada normal (220V e 20 amperes) e ter uma bateria totalmente carregada em entre 4 e 8 horas. O aparelho permite decidir a velocidade desta recarga, o horário que será feita e quando deverá se desligar.
Aproveitando que a carga de imposto de importação é mais baixo para carros elétricos e híbridos (de 0 a 7%, contra 35% dos "normais"), a Porsche conseguiu posicionar o Panamera híbrido na posição de acesso da linha Panamera. Com isso, é esperado que corresponda a mais de 50% das vendas do modelo no país, assim como acontece na Europa. Já o Porsche Panamera Turbo S E-Hybrid utiliza motor V8 biturbo, com combinados 680 cv. Veja a tabela:
MODELO | PREÇO |
Porsche Panamera 4 E-Hybrid | R$ 529.000 |
Porsche Panamera 4 E-Hybrid Executive (entre-eixos alongado) | R$ 554.000 |
Porsche Panamera Turbo S E-Hybrid | R$ 1.233.000 |
Porsche Panamera Turbo S E-Hybrid Executive | R$ 1.242.000 |
A Porsche diz que o Panamera Sport Turismo (perua) chega ao Brasil em 2018, também com a versão híbrida. Mas o grande destaque será a vinda do Mission E, o superesportivo totalmente elétrico, que será apresentado até 2019 virá ao Brasil até 2020. A marca diz que os híbridos são uma forma de adaptar o país aos elétricos, inclusive com a instalação de pontos de recarga em locais estratégicos e estudo do comportamento do consumidor. Ou seja, a missão do Panamera híbrido é preparar terreno para o Mission E e os próximos Porsche do futuro. Bastante válido.
Fotos: divulgação
MOTOR | dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em V, 24 válvulas, 2.894 cm3, biturbo, injeção direta de gasolina + motor elétrico de 136 cv com baterias no porta-malas |
POTÊNCIA/TORQUE |
combustão: 330 cv de 5.250 a 6.500 rpm, 45,9 kgfm de 1.750 a 5.000 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio automatizado de dupla embreagem de 8 marchas, tração integral |
SUSPENSÃO | a ar, independente com braços duplos na dianteira e independente multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 19" com pneus 295/40 R19 (D) e 265/45 R19 (T) |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e traseira, com ABS |
PESO | 2.170 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 5.049 mm, largura 1.937 mm, altura 1.423 mm, entre-eixos 2.950 mm |
CAPACIDADES | tanque 80 litros, porta-malas 405 litros |
PREÇO | R$ 529.000 |
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