A Volkswagen do Brasil começa a campanha do novo Polo com comercial para TV, YouTube e Facebook. A peça foi revelada nesta terça-feira (6), usando como pano de fundo o lutador Muhammad Ali e sua filha Laila, declarando os dois como inspiração para a criação do hatchback. Mas o ponto chama a atenção está no fim do filme: “Chegou o novo Polo, mas pode chamar de mini-Golf”, é a frase que fecha o vídeo.
Para a Volkswagen, a história de Laila conversa bem com a marca. “Laila, inspirada pelo pai, almeja ser um dia uma grande campeã de boxe. A Volkswagen, inspirada pelo Golf, acaba de conceber o hatch mais seguro, tecnológico e com a melhor performance do segmento no Brasil”, diz Leandro Ramiro, gerente executivo de Marketing e Comunicação da Volkswagen.
Ou seja, para a Volkswagen, o Polo quer ser o Golf. Alguns vão achar que estão desvalorizando o carro, por ser um “mini-Golf”, com a impressão de que ele é o modelo para quem não tem dinheiro para comprar o hatch médio. Porém, esse passo tem um peso maior ao tentar tirar a atenção do Golf para que os clientes escolham o Polo.
A vida do hatch médio no Brasil é incerta. A reestilização, que deveria ter sido lançada neste ano (e já foi flagrada diversas vezes em testes por aqui), foi adiada para o ano que vem. Para piorar, o ex-presidente da marca para a América Latina, David Powels, disse em entrevista ao site Automotive Business que o Golf pode ter a produção nacional interrompida em médio prazo.
Essa ameaça tem dois motivos. O primeiro é o mais óbvio: vendas fracas. Não que seja ruim dentro do segmento, pois atualmente é o terceiro mais vendido e já esteve acima do Ford Focus. Porém, todos os hatches médios vêm sofrendo com a queda na procura. Este segmento representa somente 1,14% de todos os emplacamentos de janeiro até outubro – só perde para os sedãs grandes, peruas e esportivos.
O segundo motivo não é culpa do brasileiro. De acordo com o site mexicano Al Volante, a Volkswagen está sendo pressionada pelo sindicato de trabalhadores de Wolfsburg para o Golf seja produzido somente na Europa. Isso afetaria não só o Golf nacional, como também o mexicano. Por lá, já falam de substituí-lo pelo Tharu, futuro SUV baseado no Skoda Karoq e que será oferecido nos mercados que não terão o T-Roc. Também deve ser produzido na América do Sul, para o Brasil.
Se isso acontecer, o Golf terá uma vida ainda mais difícil no Brasil, já que passaria a vir importado da Alemanha. Embora o novo regime automotivo Rota 2030 vá mexer nas cotas e impostos para carros importados, o processo de trazer o veículo da Europa é mais lento. Faz mais sentido colocar o Polo em evidência, por estar em um segmento que ainda tem boas vendas. Afinal, por mais que as pessoas gostem de SUVs, o Chevrolet Onix ainda é o carro mais vendido do país com folga e o Polo está bem próximo em preço. Além disso, com a chegada do T-Cross, o SUV do Polo, o Golf perderá ainda mais espaço.
Fotos: Arquivo Motor1
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