Há tempos que a Chery enfrenta problemas para custear sua operação no Brasil e, agora, a empresa decidiu buscar um sócio majoritário para emplacar. A fabricante chinesa publicou uma nota na bolsa de valores de Changjiang, onde negocia suas ações, de que irá vender 50,07% da operação em solo brasileiro. A expectativa é de conseguir ao menos 421 milhões de yuan (aproximadamente R$ 200,6 milhões) e aguardam por propostas até o dia 7 de novembro.
A Chery vem enfrentando muitas dificuldades no Brasil. Está há seis anos no prejuízo, consequência do alto investimento de US$ 400 milhões para erguer a fábrica em Jacareí (SP), que trabalha muito abaixo de sua capacidade total.
No fim de 2016, a Chery já havia negociado com o Grupo Caoa para que ele assumisse a operação brasileira, ideia que acabou recusada. Porém, fontes da agência Auto Data dizem que a Caoa estaria interessada em comprar a montadora por R$ 200 milhões e que já viajaram à China para negociar.
Se a Caoa comprar a Chery, irá assumir o controle da fábrica em Jacareí, acesso à rede de concessionários e direito a importar novos produtos (como os SUVs Tiggo 5 e Tiggo 7, alguns que já foram cogitados para nosso mercado).
Por outro lado, terá que assumir um problema, pois o complexo paulista está paralisado por uma greve que já dura 20 dias. Os trabalhadores exigem por um reajuste salarial de 9,2%. Esta é quinta greve desde março de 2015, quando iniciaram a produção.
Vale ressaltar que as negociações sindicais sempre foram extremamente difíceis para a marca desde o início de sua operação. O sindicato da região onde está instalada a sua fábrica é um dos mais inflexíveis, mesmo em época de crise e vendas extremamente baixas.
Propriedade da cidade chinesa de Wuhu, a Chery está no Brasil desde 2009, quando começou a importar o SUV Tiggo. Desde então, tentou vender diversos modelos, desde compactos como QQ, S-18 e Face, até sedãs e hatches como o Celer. Abriu a fábrica em Jacareí em 2011, que atualmente produz o Celer nas versões hatchback e sedã e deveria ter iniciado a fabricação do Tiggo 2.
Nunca conseguiu fazer o sucesso esperado. Além da dificuldade em se estabelecer como marca, o mercado automotivo entrou em crise e as vendas caíram a ponto de emplacar 2 mil unidades em 2016. A fábrica tem capacidade para produzir 50 mil carros por ano com apenas um turno – ou seja, ela opera com somente 4% de sua capacidade.
Ainda assim, seguiam apostando no nosso país. No Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro passado, revelaram o Tiggo 2, a nova geração do SUV compacto e que passaria a ser produzida em Jacareí. Foi prometido para o primeiro semestre deste ano, segue sendo flagrado em estradas brasileiras, mas neste momento não há sinais de quando será lançado. A última informação divulgada foi de que estaria montando o modelo em forma de pré-série.
Também anunciaram mais modelos. Pelo cronograma anterior, o sedã Arrizo 3 deveria ter chegado ao Brasil em agosto e, pouco depois, o Arrizo 5. No começo deste mês, o Tiggo 2 receberia a versão com câmbio CVT. Para o ano que vem, a ideia era lançar outro utilitário, o Tiggo 7, importado da China como uma resposta mais barata ao Jeep Compass; e o Tiggo 9, o maior da marca com capacidade para sete passageiros. Fechariam essa estratégia com o Tiggo 4, ainda inédito mesmo no oriente e que seria lançado aqui em 2019.
Fotos: Divulgação e Motor1.com
Fontes: Auto Data e Automotive Business
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