A linha Touring da Harley-Davidson chega com novidades de motor e suspensões para a linha 2017. Nos dias 16 e 17 de novembro estivemos em Campinas, no interior de São Paulo, para a apresentação seguida de test-ride nos modelos Street Glide Special e Ultra Limited.
Milwaukee-Eight ou MKE 8 é o nome do novo propulsor que passa a equipar os modelos Road King Classic e Street Glide Special, com 107 polegadas cúbicas (1.754 cm³) e refrigeração a ar, e a Ultra Limited com 107 polegadas cúbicas e refrigeração a ar e a água nos cabeçotes, assim como os modelos CVO Street Glide e CVO Limited com 114 polegadas cúbicas (1.868 cm³). Trata-se de um dois cilindros em" V" a 45 graus, com comando de válvulas simples, quatro válvulas e duas velas de ignição por cilindro, o que otimiza a admissão, queima e escape.
O sistema de escapamento foi redimensionado pra atender a legislação vigente (PROMOT-4 fase 2) e reduzir o calor entre as pernas dos ocupantes. Já a embreagem conta com sistema deslizante e acionamento hidráulico. A geração de energia elétrica também foi redimensionada, capacitando a bateria para possíveis acessórios nas demandas em marcha lenta. Como resultado, o torque máximo foi elevado para 15,1 kgfm a 3.250 rpm contra 14,4 kgfm a 3.500 rpm para o modelo Street Glide e Road King. Na Ultra, foi para 15,7 kgfm a 3.250 rpm contra 14,3 kgfm a 3.750 rpm. Nas CVOs, chegou a 16,93 kgfm a 3.250 rpm contra 16,0 kgfm a 3.750 rpm.
Além da motorização, a linha Touring está com novas suspensões da marca Showa, com pistões maiores e curso de 117 mm na dianteira, e novos amortecedores pressurizados na traseira com 25 mm de ajuste da pré-carga, que agora pode ser realizado manualmente sem necessidade de ferramentas.
Para as primeiras impressões partimos de Campinas com destino a Águas de Lindóia. As motocicletas foram divididas por modelos em dois grupos, e a mim coube o da Street na ida. Velha conhecida, parceira de uma viagem à Gramado, no Rio Grande do Sul, percebi de cara a mudança no barulho do motor. Está mais silencioso, mas também mais grave. O câmbio de seis marchas continua com o seu "clac" característico de engate, só que desta vez foi fácil encontrar o ponto morto.
O posicionamento na moto deixa o piloto com a coluna ereta e os braços dobrados, com conforto. Apenas "sambo" um pouco no assento, talvez grande demais para meu porte. O roteiro de aproximadamente 200 km incluiu trechos de retas e curvas em estradas. Nas passagem pelas cidades, algumas com vias esburacadas, procurei passar pelos piores. Considerando a baixa altura do solo da Street, ela passou pelo teste com resultados positivos, mas sem poder precisar este "ganho". Você se sente seguro ao encarar buracos com o aro dianteiro de 19" e o pneu largo, de medidas 130/60.
Para quem nunca pilotou uma touring, na estrada ela está em casa e proporciona amplo conforto. Você acaba viajando em velocidades moderadas curtindo a paisagem e protegido dos ventos. Ela ilumina a pista como poucas, permite escutar músicas sem acessórios e ainda faz curvas com segurança. Sim, quando apontada corretamente, você sente que a pesada frente não vai desgarrar e, apesar da distância entre-eixos ser longa (1.625 mm), o cáster de 26° (próximo ao de uma naked) colabora nas mudanças de direção.
Durante o trajeto "brinquei" com as marchas para sentir o fôlego e retomada do novo motor. Bastava uma triscada no acelerador, mesmo em 6ª marcha, para a subida de giro e ganho rápido de velocidade. Nas saídas de pedágio, a resposta era imediata até o corte do motor, em torno das 5.600 rpm. Quantificar a melhora, só com medições, mas a sensação é de alcance de velocidades maiores em menor tempo.
No retorno à Campinas, no dia seguinte, vim de Ultra. O assento mais alto (740 mm do solo contra 685 mm da Street), o formato do banco e a posição dos espelhos me deixaram numa condição ainda melhor de pilotagem. Mas, devido à roda menor na dianteira, com aro de 17" (19" na Street), ela desequilibra mais rapidamente. Ao fazer uma curva em baixa velocidade, essa diferença ficou clara para mim. Em compensação, é mais fácil mudá-la de direção em velocidades mais altas. No mais, os dois modelos são semelhantes. A diferença principal é a Ultra ser mais equipada e refinada no acabamento.
Descrever as cores da Harley não é tarefa fácil, mas vamos lá: a Road King Classic vem em preto sólido, branca ou em dois tons de vermelho a R$ 75.400; a Street Glide Special é oferecida em preto sólido, preto fosco, cinza grafite fosco, branco, e preto com dourado personalizado a R$ 86.400. Já a Ultra Limited pode vir em preto, dois tons de vermelho, cinza e preto, dourada e preto, e dois tons de azul a R$ 94.900. Por fim, a CVO Street Glide vem em preto e cinza brilhante personalizada a R$ 140.900, enquanto a CVO Limited é pintada em dois tons de prata, por R$ 157.300. Todas as Harley da linha 2017 já estão nas lojas.