A Citroën pegou carona na movimentação da Peugeot e também aplicou o moderno motor 1.2 3-cilindros Pure Tech no C3, seguindo o caminho da marca-irmã com o 208. Assim, o compacto "redondinho" também aposentou o antigo propulsor 1.5 4-cilindros das versões de entrada em prol da eficiência dos tricilíndricos de baixa cilindrada - como já fizeram HB20, Ka, March, up!, Fox e Gol. Você já viu aqui no CARPLACE como o Peugeot se saiu nos testes. Agora é a vez do C3.
O C3 vende mais que o 208, fato que mostra a boa aceitação do charme e do espaço do Citroën no lugar da esportividade do Peugeot. A partir da linha 2017, o motor PureTech vem importado da França para dar vida nova ao compacto. Traz tecnologias como duplo comando variável, baixo atrito e peso dos pistões, bielas e anéis, correia dentada banhada à óleo e construção de bloco e cabeçote em alumínio, reduzindo seu peso. Trata-se de um propulsor totalmente diferente do antigo 1.5 de 4-cilindros, com 8 válvulas e comando único, que nasceu baseado no 1.4 surgido pela primeira vez no Peugeot 205, em meados dos anos 1990.
Lado a lado, o C3 é mais tradicional que o 208. Por dentro, não traz os instrumentos elevados ou o volante pequeno, mas usa um conjunto de fácil visualização, com quadro de instrumentos dividido em círculos e a tela do computador de bordo, além do volante de tamanho "normal" e a central multimídia acoplada ao painel - e não destacada como no 208. Por fora, segue o mesmo caminho, sem tantos vincos ou jogos de luzes como no Peugeot.
Inegável que o PureTech mudou a forma de dirigir o C3. Com 84/90 cv de potência e 12,3/13 kgfm de torque, tem números inferiores ao antigo 1.5 (89/93 cv e 13,5/14,2 kgfm), mas, na prática, o pico de torque a 2.750 rpm (ante os 3.000 rpm do 1.5) e de potência a 5.750 rpm (5.500 rpm no 1.5) deixam o carro com melhor respostas em baixas rotações e elasticidade para altas quando necessário. Em resumo, a força chega antes e dura mais tempo, embora seja menor. Em nossas medições, o C3 não acompanhou o antigo 1.5, mas foi bem para a sua proposta de ser algo a mais que os "mil". A aceleração de 0 a 100 km/h levou 14,2 segundos, mais rápida que no VW Gol 1.0 (15,7 s) e no Hyundai HB20 1.0 (15,3 s), porém, mais lenta que no Ford Ka 1.0 (13,7 s). Mais que desempenho, é um motor agradável de tocar. O 1.2 de 3-cilindros é leve, sobe de giro com facilidade e responde a contento quando exigido. Agrada também o bom trabalho de cancelamento da vibração característica dos 3-cilindros. Numa faixa média, das 2.000 até 4.000 rpm, e em marcha lenta, é como se ali estivesse um 4-cilindros. Só em alta é que o ronco "de meio V6" e uma moderada vibração aparecem. Na estrada, a elasticidade e leveza mecânica são úteis, levando o "hatch-minivan" a manter os 120 km/h e até um pouco mais com tranquilidade. Ele não reclama nos aclives, e faz retomadas e ultrapassagens sem sustos. O que não ajuda são os engates do câmbio (calcanhar de Aquiles também do 208), um tanto longos e imprecisos - o que exige costume do motorista. Na verdade, essa deficiência é algo já conhecido dos modelos de ambas as marcas, excluindo-se as caixas de seis marchas com o motor THP.
Fizemos o mesmo roteiro de consumo que o 208 passou, apenas como referência. Abastecido com gasolina, o C3 percorreu um trajeto de estrada aos 100 km/h e 120 km/h, registrando uma média de 18,1 km/l e 15,3 km/l, respectivamente. São números abaixo dos 20,2 km/l e 15,4 km/l do Peugeot, com possível explicação pelo maior peso (1.100 kg vs. 1.046 kg) e carroceria mais alta do C3, que aumenta o arrasto aerodinâmico. Com etanol e seguindo o trajeto normal da nossa avaliação de consumo, o C3 registrou 10,3 km/l em circuito urbano e 12,4 km/l no rodoviário - mais econômico na cidade que um Gol 1.0, por exemplo, que registrou 9,6 km/l. Bem adaptada ao piso local, a suspensão absorve os impactos sem ruídos ou pancadas, algo que o sedã da marca C4 Lounge ainda não conseguiu, e mantém boa estabilidade se considerarmos que se trata de um carro com teto elevado. Ao ser provocado, o Citroën mostra tendência de saída de frente antes de a traseira ter a mesma reação. A direção elétrica é leve na cidade e tem peso moderado em velocidade, ajudando em desvios e curvas mais velozes. Não é dinâmico como o 208, mas tem seus méritos no quesito dirigibilidade.
Diferentemente do que acontecia nos tempos de 207 e C3 antigo, agora o Citroën custa menos que o Peugeot. Este C3 das fotos é da versão 1.2 de topo, a Tendance. Tabelado a R$ 52.690, ainda recebe o pacote opcional com central multimídia e ar-condicionado digital, além da pintura metálica Vermelho Rubi (R$ 1.390), chegando aos R$ 55.930. Traz de série itens como para-brisa Zenith, rodas de 15" com pneus 195/60, conjunto elétrico, luzes diurnas de LEDs (sem multa se esquecer de acender o farol na estrada durante o dia) e computador de bordo. No 208, a versão 1.2 Allure custa R$ 56.290 (sem a pintura metálica) e adiciona o teto-solar panorâmico e o ar-condicionado de duas zonas, além de um acabamento de melhor qualidade. Mas tem menor espaço interno e porta-malas de 285 litros, contra 300 litros do Citroën.
O maior ponto negativo do C3 em relação ao 208 é que o Citroën acaba de ganhar uma nova geração na Europa, que será apresentada publicamente primeira vez no Salão de Paris, em setembro. Ainda deve demorar a chegar ao Brasil, mas já desatualiza o nosso C3. Enquanto isso, o Peugeot nacional foi recentemente atualizado e ficou em pé de igualdade com o modelo europeu - vantagem que pode compensar o preço um pouco mais alto. Por Leo Fortunatti Fotos: Daniel Messeder
Motor: dianteiro, transversal, três cilindros, 12V, flex; Potência: 84/90 cv a 5.750 rpm Torque: 12,3/13,0 kgfm a 2.750 rpm; Transmissão: câmbio manual de cinco marchas, tração dianteira; Direção:elétrica; Suspensão: Independente Mac Pherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: disco na dianteira e tambor na traseira, com ABS; Peso: 1.100 kg; Porta-malas: 300 litros; Dimensões:comprimento 3,944 mm, largura 1,708 mm, altura 1,521 mm, entreeixos 2,460 mm Medições CARPLACE Aceleração 0 a 60 km/h: 5,9 s 0 a 80 km/h: 9,4 s 0 a 100 km/h: 14,2 s Retomada 40 a 100 km/h em 3a marcha: 12,8 s 80 a 120 km/h em 4a marcha: 14,4 s Frenagem 100 km/h a 0: 43,0 m 80 km/h a 0: 26,7 m 60 km/h a 0: 14,7 m Consumo: Cidade: 10,3 km/l Estrada: 12,4 km/l
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