No mundo dos carros, em geral, as novidades são apresentadas nos modelos mais caros e depois vão "descendo" até a base da gama. No caso da Jaguar, a ordem foi inversa: a marca inglesa precisava dar uma resposta aos alemães mais vendidos (BMW Série 3 e Mercedes Classe C) e investiu tudo no seu inédito sedã compacto de tração traseira, o recém-lançado XE. Farto uso de alumínio, interior totalmente reformulado, redução de peso e uma dirigibilidade esportiva que um três-volumes da Jaguar jamais teve. Agora chegou a vez da nova geração do médio XF aproveitar as benesses do irmão mais novo.
Responsável por uma guinada no estilo dos carros da Jaguar, o XF foi lançado em 2007 e inaugurou um design mais contemporâneo. Nesta segunda geração, ele busca a liderança do segmento no Brasil. Sem deixar de lado a identidade britânica, ele traz na bagagem melhorias no conjunto mecânico, visual mais agressivo, melhor aerodinâmica e mais tecnologia. Será o suficiente para prevalecer sobre os tradicionais rivais BMW Série 5, Mercedes Classe E e Audi A6?
O que é?
Com bom inglês, o XF não comete exageros e "veste" a discreta esportividade da marca, que também está presente no XE e no luxuoso XJ. Ao vivo, o sedã causa melhor impressão do que nas fotos. Equilibrado, como já dissemos, ele tem uma aparência que não remete a "barca", nem carro de "tiozão". Ficou mais esportivo que o antecessor, mas sem perder a classe.
Na dianteira, os principais elementos são os novos faróis com assinatura de LEDs, para-choque com entradas de ar inferiores maiores e grade frontal mais ampla. O novo conjunto de rodas de liga leve aro 18" é mais esportivo e harmoniza com o desenho da carroceria.
Tendo como destaque a construção em alumínio, que resultou em perda de até 190 kg de peso, o XF de nova geração ficou menor, mais muito pouco: perdeu 0,7 cm em comprimento e 0,3 cm em largura. Por outro lado, o entre-eixos cresceu 5,1 cm totalizando generosos 2,96 metros, o que ampliou o espaço interno, principalmente para quem vai no banco de trás, apesar do túnel da transmissão bem largo.
Além do novo volante, mais contemporâneo, o painel apresenta linhas sóbrias, sem deixar de lado o amplo aparato tecnológico. Há quadro de instrumentos com tela digital de TFT de 12,3" e a outra tela de 8" na parte central, com o sistema de entretenimento InControl Touch, que traz navegação mais intuitiva e total conectividade com os sistemas Android e iOS - bem melhor que a antiga central multimídia utilizada nos modelos do grupo Jaguar Land Rover.
Como anda?
Para avaliarmos o novo sedã premium, a Jaguar preparou um test-drive em duas etapas. Primeiro percorrendo o trajeto entre São Paulo e Mogi-Guaçu e depois acelerando na pista do autódromo Velo Città.
Saímos de São Paulo dirigindo a versão equipada com motor 2.0 turbo de 240 cv e 34,7 kgfm de torque (o mesmo usado pelo Evoque). O XF tem uma tocada bem gostosa na estrada: colado no solo, tem dinâmica exemplar, com suspensão firme na medida certa e direção (que recebeu assistência elétrica) precisa e comunicativa.
Bem disposto nas arrancadas e retomadas, o 2.0 turbo dá conta dos 1.590 kg e agrada pelo funcionamento suave, mesmo em altas rotações. O câmbio automático de oito marchas ZF tem trocas rápidas e suaves. A 120 km/h em oitava marcha a rotação fica em "modestos" 2.100 rpm e o silêncio reina na cabine.
Pelo caminho experimentamos um pouco das novidades tecnológicas, como o bem vindo Head-Up display, controle de cruzeiro adaptativo, alertas de colisão e o assistente de permanência na faixa de rolagem. O último, para funcionar bem, precisa de uma rodovia com as marcações das faixas de rolagem em bom estado. Nesse caso, um sinal verde se acende no painel, avisando que o assistente está ativo. Nas situações testadas, ele funcionou bem, sendo possível até contornar curvas sem a interferência do condutor. Todavia, a Jaguar diz que os sistemas estão ali para auxiliar o motorista em caso de fadiga ou distração, e que não têm função de condução semi-autônoma.
Já na pista do autódromo aceleramos a versão de topo S, equipada com o nervoso 3.0 V6 Supercharged de 380 cv (o mesmo que equipa o F-Type). De acordo com a marca, o "seis bocas" leva o XF aos 100 km/h em apenas 5,3 segundos.
Naturalmente que na pista a condução é bem diferente do dia-a-dia, onde o XF 6-cilindros ficou à vontade. Estabilidade de sobra para contornar rápido as várias tangentes do circuito e 380 cv para despejar nas arrancadas e saídas de curva. No limite, a traseira tente a escapar um pouco, o que é imediatamente corrigido pelos sistemas de segurança.
O câmbio também foi eficiente: fizemos uma volta no modo automático e depois no modo manual, nos permitindo explorar o motor até as 6.500 rpm. Nesse caso, a caixa é obediente e mantém o giro lá em cima, sem subir a marcha sozinha. No geral, surpreende a tocada leve e rápida do XF, nem de longe parecendo ser um sedã deste porte - justamente o mesmo que o XE fez em sua categoria.
Quanto custa?
Até o ano passado, o modelo anterior respondia por 28% das vendas do segmento, mesmo estando defasado perante os principais rivais. É claro que o preço em torno de R$ 200 mil contribuía bastante para o bom resultado nas vendas, sendo que agora esta faixa acabou preenchida pelo XE.
O XF tem como rivais mais diretos o BMW 528i (2.0 turbo de 245 cv), por R$ 270.950, o Mercedes E250 (2.0 turbo de 211), por R$ 276,9 mil e o Audi A6 Ambiente (2.0 turbo de 252 cv) por R$ 283 mil.
Veja os detalhes das versões:Prestige 2.0 GTDi – R$ 264.700: A versão de entrada do novo XF traz de série rodas aro 18″, faróis bixenon e teto solar panorâmico. Internamente, há bancos, portas e painel de instrumentos revestidos em couro, ar condicionado de duas zonas, controle de cruzeiro, navegação GPS, sistema de áudio Meridian, assistente de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera de ré.
R-Sport 2.0 GTDi – R$ 288.600: Adiciona suspensão reconfigurada e kit que conta com para-choque dianteiro diferenciado e itens de acabamento externo (como as saídas de ar com emblema R-Sport), além de aerofólio traseiro e as saias laterais. Na cabine, há opção de bancos revestidos em couro com duas cores, pedaleiras esportivas e o emblema R-Sport impresso no volante e nas soleiras das portas.
S 3.0 V6 Supercharged S – R$ 381.100: Modelo mais esportivo da gama, o S tem como destaque o motor V6 de 3.0 litros e 380 cv de potência. O visual externo possui traseira com design exclusivo, saias laterais com detalhes escurecidos, aerofólio traseiro na cor do carro e rodas de aro 19’’ com pinças de freio vermelhas. No interior, o modelo traz acabamento do painel em fibra de carbono, bancos em couro com opção em duas cores, soleiras de metal e pedaleira esportiva.
Além da esportividade, a lista de série é mais completa e traz head-up display, assistente de estacionamento 360º, monitor de ponto cego e detector de trânsito em ré, Jaguar Smart Key System e sistema de som Meridiancom 11 alto-falantes e 380W.
Por Julio CésarFotos: autor e divulgaçãoFicha Técnica: Jaguar XF 2016 2.0Motor: 1.999 cm3, quatro cilindros, turbocompressor, gasolina Potência: 240 cv a 5.500 rpm Torque: 34,7 kgfm a 2.000 rpm Transmissão: câmbio automático de oito marchas Direção: assistência elétrica Suspensão: Freios:Rodas:Peso: 1.590 kg Capacidades: porta-malas 505 litros, tanque: 74 litros Dimensões: comprimento 4.954 mm, largura 2.091 mm, altura 1.457 mm, entre eixos 2.960 mm.
Ficha Técnica: Jaguar XF 2016 3.0 V6Motor: 2.999 cm3, seis cilindros, supercharger, gasolina Potência: 380 cv a Torque:Transmissão: câmbio automático de oito marchas Direção: assistência elétrica Suspensão: Dianteira: Double Wishbone; Traseira: Integral Link Freios:Rodas:Peso: 1.710 kg Capacidades: porta-malas 505 litros, tanque: 74 litros Dimensões: comprimento 4.954 mm, largura 2.091 mm, altura 1.457 mm, entre eixos 2.960 mm.
Galeria: Jaguar XF 2016
Galeria: Volta Rápida: Jaguar XF bebe na fonte do XE e quer a liderança do segmento