Tudo era euforia no começo dos anos 1990. O país passava por muitas mudanças e o governo Collor anunciava a aguardada reabertura do nosso mercado às importações. Nesse contexto, a montadora russa (na época soviética) Lada foi uma das primeiras marcas estrangeiras a se aventurar no mercado nacional. A empresa chegou por aqui com quatro modelos, entre eles o hatchback Samara.
A história do Lada Samara remonta ao início dos anos 80, com o lançamento em 1984 na União Soviética. A AutoVAZ tinha planejado um carro destinado principalmente ao mercado externo. O novo compacto, batizado de VAZ-2108, tinha tração dianteira, motor transversal, para-choques envolventes e grande área envidraçada.
O visual com linhas retilíneas e cheia de vincos não era a última palavra em design, mas ainda estava longe de ser datado - lembrava o VW Passat. Com 4,01 metros de comprimento e 2,47 metros de distância entre-eixos, o Samara pesava 920 kg e tinha bom espaço interno.
Vendido em diversos mercados como Austrália, França, Alemanha, Canadá e Reino Unido, além de praticamente todos os países do leste europeu, o Samara saía da linha de produção bem básico, com uma lista de equipamentos limitada. Na época, o mais comum eram os importadores acrescentarem alguns itens de conforto e conveniência como teto solar, rodas de liga leve, para-choques na cor do carro e novos revestimentos internos, entre outros "mimos".
Seis anos após o lançamento, a Lada finalmente mostrava a versão sedã. Chamado pelos russos de VAZ 21099, o três-volumes tinha visual distinto em relação ao hatchback, inclusive no acabamento interno.
A Lada chegou ao Brasil em 1990, logo após a reabertura das importações. Disponível na carroceria hatchback com três ou cinco portas, e equipado com motores 1.3 de 65 cv ou 1.5 de 72 cv (ambos carburados), o Samara despertou a curiosidade dos brasileiros pelo fato de ser importado - algo raro nas ruas, ainda mais em se tratando de um carro popular. Além do Samara, a Lada também trouxe o utilitário Niva e o Laika, nas versões sedã e perua.
O interessante, na época, é que foi montado em Barueri, na Grande São Paulo, um centro de operações gigantesco que chamava a atenção de quem trafegava pela rodovia Presidente Castello Branco. Impressionava pelo tamanho e pela quantidade de carros no pátio.
No início o Samara vendeu bem: era novidade, importado e o visual era até aceitável. Com a passar do tempo, porém, ficou evidente a falta de preparo da marca no pós-venda e diversos problemas de adaptação do modelo, até mesmo pelo fato de estar configurado para usar gasolina pura e não com a mistura de etanol usada por aqui.
As vendas em nosso mercado duraram até 1995. Neste ano, veio uma brusca mudança na cobrança do Imposto de Importação dos automóveis, que acabou prejudicando as marcas que não produziam no país. A Lada então desistiu de importar o Samara, que já não apresentava bom volume de vendas. Mas a marca ainda continuaria na ativa com o Niva, por sinal muito bem aceito pelos "jipeiros".
O Samara continuou sua trajetória na Rússia e em outros mercados, onde ganhou uma reestilização mais abrangente em 1997. Atualmente, ele é produzido apenas na variação hatchback, porém, a imprensa especializada dá como certo o encerramento da sua produção ainda em 2013, com o seu lugar sendo ocupado pelo recém-lançado Lada Granta/Kalina.
Galeria: Carros para sempre: Lada Samara foi um dos pioneiros na reabertura das importações