A Honda NC 750X pode não aparecer no topo da lista das motos mais rápidas ou das mais desejadas. Afinal, usa um motor bicilíndrico paralelo, cujos pistões têm as mesmas medidas do aposentado Honda Fit, com comportamento racional, sem despertar grandes emoções. Faz até 29 km/litro, de acordo com a Honda, e ainda traz um compartimento no lugar do tanque que a torna prática como uma scooter para o uso urbano.
Embora não lidere nenhum ranking, a NC 750X é o modelo de alta cilindrada mais vendido da Honda no Brasil. Fica atrás apenas da linha de 500cc da marca. Também vende bem na Europa, principalmente a sua versão DCT, que responde por 60% das motos emplacadas no Velho Continente.
Para tentar repetir o sucesso no mercado brasileiro, a marca passou a produzir a NC com o câmbio DCT em Manaus (AM). O preço não caiu muito, cerca de R$ 500, para R$ 58.346, mas o modelo agora será vendido em todas as concessionárias da marca no País. “A NC 750X tem a missão de "democratizar", popularizar, o câmbio DCT no Brasil. Nossa projeção é vender 1.400 unidades neste primeiro ano”, revela o supervisor de Relações Públicas da Honda, Luiz Gustavo Guereschi.
Criada como um “novo conceito”, daí seu nome, a NC 750X foi uma das precursoras do segmento crossover. Mescla a postura de pilotagem das motos aventureiras com a agilidade de rodas de liga-leve de 17 polegadas, como em uma moto naked.
Além de um motor racional fixado a um chassi tubular, traz especificações medianas, porém suficientes para atender sua proposta. Suas suspensões contam com garfo telescópico convencional, na dianteira, e uma balança traseira monoamortecida. Ambas têm o mesmo curso - 120 mm - e preferem o asfalto. Até encaram uma estradinha de terra batida, porém se intimidam em lombadas, pois sua distância do solo é de apenas 145 mm.
Os freios também são espartanos. Disco simples, na frente e atrás, com sistema ABS de série. A eletrônica até que é sofisticada. Há quatro modos de pilotagem - três pré-definidos e um personalizável - que ajustam controle de tração, nível de atuação do freio motor, entrega de potência e os mapas de trocas automáticas de marcha do câmbio DCT.
Seu diferencial é o porta-objetos existente no lugar onde normalmente se encontra o tanque de combustível. Com capacidade para 23 litros, comporta uma pequena mochila ou ainda um capacete fechado, quando se estaciona a moto. Com câmbio “automático” e compartimento, a NC 750X DCT é quase tão prática como uma scooter.
Exceto pela inédita cor prata, o modelo 2024 da NC 750X DCT não traz nenhuma mudança mecânica em relação à mais recente geração, que desembarcou no Brasil em 2022. À época, além de um design mais agressivo e moderno, a NC perdeu peso, ganhou um novo chassi e seu bicilíndrico sofreu alterações nos comandos de válvulas e melhoria na admissão e escape, para produzir mais potência.
Porém, mesmo com 58,6 cv atingidos a 6.750 rpm, o bicilíndrico não empolga e corta os giros a 7.300 rpm, uma faixa baixa para um motor de moto. Não por acaso. Afinal, criou-se a lenda de que o motor é metade do de um Fit, mas não é bem assim. “Os pistões têm a mesma medida de um Fit, mas é um motor inclinado à frente”, explica Guereschi.
Na prática, contudo, o bicilíndrico paralelo “gira pouco” e faz com que a NC se comporte como um automóvel. As trocas de marchas são precoces, há bastante torque em baixos regimes e quase nenhuma vibração.
Esse comportamento racional do bicilíndrico casa muito bem com o câmbio DCT de dupla embreagem. Com as trocas automatizadas comandadas por uma central eletrônica, não há o risco de esticar as marchas acima do necessário, já que o motor corta cedo. Também se aproveita melhor o torque, que atinge o máximo de 7,03 kgfm já a 4.750 giros.
O motor progressivo e o DCT resultam em um conjunto mecânico que facilita a pilotagem e gera economia de combustível. Apesar de o consumo de 29 km/litro declarado pela Honda ser muito otimista, durante o roteiro de 210 km nas Serras Gaúchas, a NC fez 27,5 km/litro - uma boa média para uma moto de 750 cc.
Tecnologia exclusiva da Honda em motos, o câmbio DCT é a aposta da marca para atrair mais gente para andar e viajar de moto. Os engenheiros japoneses acreditam que o DCT torna o ato de pilotar uma motocicleta acessível a mais pessoas. Além de aumentar a segurança, pois o motociclista pode se concentrar mais no trajeto, nos pontos de frenagem, nas curvas e nas acelerações.
“Aumenta a segurança no sentido de que o motociclista não precisa se preocupar com o controle da embreagem e se está na marcha ideal naquela situação”, reforça Guereschi.
O DCT é um câmbio com duas embreagens eletro-hidráulicas e uma engrenagem automatizada de mudanças. As trocas de marcha podem ser feitas em modo Automático, pela central eletrônica, ou, ainda, em modo Manual pelo condutor, usando os botões no punho esquerdo do guidão. Ainda há três mapas para as trocas, que são ajustados de acordo com o modo de pilotagem selecionado.
Com assento confortável e baixo (802 mm), boa proteção aerodinâmica e diversos acessórios para viagens, a NC 750X é um dos modelos touring mais acessíveis do atual line-up da Honda. Tanto que o perfil do seu consumidor é de um motociclista experiente e com mais de 45 anos, de acordo com a Honda. Em sua maioria masculino, tem outro veículo, como um automóvel, e usa a moto ocasionalmente ou nos momentos de lazer. Ou seja, a NC 750X DCT seria uma opção racional, sem gastar tanto.
Afinal, com preço sugerido de R$ 58.346, menos de R$ 6.000 a mais do que a versão com transmissão convencional, a NC 750X DCT também é a moto mais em conta equipada com o sofisticado câmbio no mercado brasileiro - as outras são a scooter X-ADV 750, a bigtrail Africa Twin 1100 e a Gold Wing 1800 Tourer.
Justamente por isso, a Honda aposta no modelo para popularizar o DCT no País. No ano passado, apenas 21% das NC 750X vendidas no Brasil tinham o câmbio de dupla embreagem. A expectativa da montadora é aumentar essa participação com a produção local da versão DCT.
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