Duas marcas se destacaram nos últimos meses. Chinesas, BYD e GWM chegaram ao Brasil com a proposta de uma linha eletrificada e com modelos atraentes, que nada mais lembram aqueles chineses bem simples que chegaram por aqui na primeira década dos anos 2000. Há um cliente que ficará em dúvida sobre um produto entre as duas marcas: o SUV médio híbrido plug-in de R$ 270 mil.
Como GWM Haval H6 PHEV (R$ 269.000) e BYD Song Plus DM-I (R$ 269.990) se comparam? Listamos as diferenças e semelhanças entre eles em alguns pontos-chave para um comprador: dimensões, motorização, consumo e autonomia, equipamentos e tecnologias e uma conclusão sobre qual pode ser o melhor negócio para você nesta briga da China eletrificada.
Lado a lado, fica bem claro que Haval H6 e Song Plus são bem semelhantes em porte. Na ficha técnica, o BYD é 22 mm maior em comprimento, 27 mm no entre-eixos, apesar de largura e altura bem semelhantes. A diferença no comprimento dá ao Song Plus uma leve vantagem no porta-malas, com 14 litros a mais. Esses detalhes não chegam a impactar no espaço interno, por exemplo, bastante semelhantes no uso diário.
GWM HAVAL H6 PHEV | BYD SONG PLUS DM-I | |
COMPRIMENTO | 4.683 mm | 4.705 mm |
ENTRE-EIXOS | 2.738 mm | 2.765 mm |
LARGURA | 1.886 mm | 1.890 mm |
ALTURA | 1.729 mm | 1.680 mm |
PORTA-MALAS | 560 litros | 574 litros |
PESO EM ORDEM DE MARCHA | 2.040 kg | 1.700 kg |
Ambos apostam, nesta faixa de preços, no conjunto híbrido plug-in. Carregam motores a combustão e motores elétricos alimentados por baterias recarregáveis por fonte externa que, neste caso, mostram uma certa diferença de idade e prioridades em seus projetos. Para um cliente que está buscando entrar nessa onda de eletrificação, é um importante ponto de discussão.
O BYD Song Plus DM-I tem um motor 1.5 aspirado em conjunto com um motor elétrico, instalado também na dianteira, que resulta em uma potência combinada de 235 cv e 40,8 kgfm de torque - sendo 110 cv e 13,8 kgfm do 1.5 e 179 cv e 32,2 kgfm do elétrico.
Já o GWM Haval H6 PHEV tem motor 1.5 turbo com dois motores elétricos, um no eixo dianteiro e outro no traseiro para um sistema de tração integral elétrica, com total de 393 cv e 77,7 kgfm - a GWM não divulga os números individuais.
Basicamente, pelo mesmo preço, o Haval H6 oferece desempenho muito superior ao do conterrâneo. Embora os números do BYD sejam vistosos, ter um motor a combustão aspirado no seu conjunto beneficia o consumo, mas cobra o preço quando a bateria acaba. Com a bateria descarregada, o BYD sofre para ganhar velocidade. No caso do Haval a história é diferente: além de ter mais potência com os dois motores elétricos, o motor 1.5 turbo não deixa o motorista sofrer quando a bateria acabar.
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Apesar de ambos híbridos, os SUVs se diferem pela evolução da tecnologia de eletrificação. O BYD é um sistema mais tradicional, com motor elétrico no eixo dianteiro, alimentado por uma bateria Blade de 8,3 kWh e recarga apenas em AC em potência máxima de 3,3 kW. O GWM usa um conjunto superior, com 2 motores elétricos (um em cada eixo) e bateria de Lítio de 34 kWh com recarga em AC (6,6 kW) e DC (48 kW).
Nessa sopa de números, a tradução é simples: a tecnologia de recarga do BYD permite que você recarregue a bateria a uma potência de 3,3 kW, o que é baixo para um carro moderno. Um ponto que merece atenção é o fato do BYD não suportar recarga rápida (DC) - não vai adiantar nada encostar o modelo nos superpontos de recarga que ele não aceitará. O GWM sim, com 48 kW.
GWM Haval H6 PHEV
BYD Song Plus PHEV
Com a diferença do conjunto, diferença no consumo. A GWM escolheu uma estratégia de entender como o brasileiro gosta de carro, o que precisa no dia a dia e chegou a uma configuração personalizada para o nosso mercado. Traz o motor 1.5 turbo e uma boa bateria que, nos ciclos internacionais, roda até 170 km apenas no modo elétrico.
A BYD foi mais conservadora e trouxe a mesma configuração que vende nos outros mercados, sem ajustes. Sem entrar na complexa questão de como o Inmetro faz a homologação de veículos híbridos, vamos direto ao números: o BYD tem consumo de combustível de 15,6 km/litro na cidade e 13,4 km/litro na estrada, enquanto o GWM faz 11,7 km/litro e 10,4 km/litro, respectivamente.
Por outro lado, a autonomia 100% elétrica do Song Plus é homologada pelo Inmetro em 29 km. Para o Haval H6, o Inmetro declara que é capaz de rodar 113 km com uma carga. Mesmo que os números sejam penalizados pelo órgão, a vantagem do GWM é muito superior ao do BYD. Na prática, o H6 é muito mais um carro elétrico com uma boa autonomia estendida do que um híbrido que visa ter consumo mais eficiente.
O pacote de equipamentos de ambos é bastante completo, principalmente quando falamos em tecnologias de condução. Ambos já trazem piloto automático adaptativo, alerta de colisão com frenagem automática, assistente de faixas, detector de tráfego na abertura de portas e alerta de ponto-cego, um pacote que está em boa parte dos modelos nesta faixa de preços.
As coisas começam a ficar diferentes quando você nota como a GWM atende o consumidor brasileiro. O Haval H6 tem mais tecnologia, como o ACC que reduz a velocidade em curvas e afasta o carro em ultrapassagens a caminhões, câmeras 360° com função de transparência, sistema de estacionamento ativo com função de recuperar os últimos 50 metros percorridos, alerta e frenagem de tráfego cruzado e para ré e reconhecimento de placas.
Em conectividade, outro ponto de larga vantagem para a GWM. A marca teve a preocupação em traduzir e adaptar tudo ao português brasileiro, inclusive comandos de voz. O Haval H6 tem o painel de instrumentos de 10", complementado por um Head-Up Display, e multimídia de 12,3" com espelhamento sem fios para Apple CarPlay e Android Auto, além de conectividade 4G e acesso de todas as informações do carro via aplicativo brasileiro.
A unidade que tivemos acesso do BYD Song Plus ainda oferece alguns ajustes em inglês. Embora entregue uma chamativa tela central de 12,8" polegadas que encanta ao "girar", não possui uma interface adaptada ao Brasil. Não possui nem mesmo espelhamentos com Apple CarPlay e Android Auto (nem mesmo com cabos). Em relação a este ponto, a BYD diz que alguns clientes já estão sendo chamados na concessionária para receber a atualização que adiciona os espelhamentos. No painel de instrumentos, ao menos, uma grande tela digital de 12,3 polegadas chama a atenção.
Em termos de acabamento, o BYD chama mais a atenção que o GWM. Os materiais utilizados no interior são de qualidade, assim como a montagem geral. Destaque para o farto uso de couro nas portas e o uso de tom sobre tom no painel e bancos. Por falar neles, destaque é o formato inteiriço que passa mais refinamento.
No GWM, os materiais também são de boa qualidade e aspecto geral é mais clean. Com todo o ambiente interno escuro, o Haval fica numa linha mais conservadora, bem diferente do BYD. Mesmo assim, vale destacar a qualidade dos revestimentos. É questão de gosto: mais chamativo no BYD ou mais conservador no GWM.
Os dois entregam ar-condicionado de duas zonas com saída traseira, porta-malas com abertura elétrica, seletor de modos de condução, faróis full-LED, chave presencial com partida por botão e remota e outros itens são semelhantes. O teto-solar é de série no BYD, menor, e opcional de R$ 10 mil no GWM, uma peça panorâmica, de maiores dimensões.
Nosso contato com o BYD Song Plus foi muito breve, mas foi possível notar algumas características que o difere do Haval H6. O Song Plus tem um bom isolamento acústico, mas a sua suspensão parece não ter sido adaptada ao Brasil, focando mais em conforto em detrimento à estabilidade. A carroceria tende a rolar mais em alta velocidade. No GWM, a suspensão foi melhor trabalhada para o nosso piso, mantendo um bom compromisso entre segurança e conforto, mas mesmo assim ainda se ouve ruídos em pavimentos ruins. Também seria desejável um pouco mais de firmeza no GWM devido a potência do carro.
Claro, a diferença mais evidente é em relação à performance. O conjunto híbrido do Haval H6 é superior ao do BYD, seja no modo elétrico ou na combustão. Mesmo com a bateria descarregada, o GWM entrega um bom desempenho.
Mesmo se adicionarmos na conta os R$ 10 mil a mais que a GWM cobra pelo teto-solar panorâmico, o Haval H6 é mais completo que o BYD Song Plus. O interior do BYD encanta, a tela rotativa chama a atenção, assim como o desenho geral. Mas ao falar do seu principal propósito, que é oferecer uma experiência elétrica, o GWM tem conjunto híbrido mais potente, permite a recarga em DC e ainda oferece bateria com maior alcance no modo EV.
Outro ponto que merece destaque foi a preocupação da GWM em trazer um carro exclusivo, e preparado, para o mercado brasileiro. Além da boa capacidade de bateria, também coloque na conta o trabalho da marca em toda as suspensão e melhor adequação do conteúdo aos brasileiros.
Além de toda a vantagem, no fim das contas, o GWM vai te entregar uma experiência real de um veículo elétrico, adaptado ao Brasil e com a segurança do motor a combustão.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)
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