Sempre acabamos lendo rankings e classificações bem diferentes envolvendo as fabricantes, como número de vendas, seu desempenho local e mundial, últimas inovações e pesquisas de qualidade nos mercados ao redor do mundo. Estas tabelas sempre mostram a constante disputa entre as empresas da China, Estados Unidos, Europa, Japão, Coreia do Sul e tantos outros. Porém, qual é a situação quando olhamos para a idade dos veículos que elas oferecem?
De acordo com nossa pesquisa, com 705 automóveis vendidos por 30 fabricantes globais, nem todas as marcas tem renovado seus portfólios com a mesma frequência. A análise, que exclui muitas marcas chinesas por não serem vendidas em mais nenhum lugar, mostra que a Tesla é a fabricante com a segunda linha mais velha.
O cálculo da idade média de um modelo é feita ao encontrar a diferença de tempo entre hoje (começo de dezembro) e o dia em que a versão de produção foi apresentada oficialmente, ao invés da data de lançamento comercial. A conta exclui reestilizações e qualquer tipo de atualização, exceto a introdução de uma nova geração. Rebadges, ou seja, modelos iguais de marcas diferentes (como Nissan Frontier e Renault Alaskan) também foram deixadas de fora.
Por exemplo, a nova geração da Chevrolet Montana, apresentada na semana passada, é o modelo mais atual da empresa. Do outro lado está o Lada 4x4, também conhecido por ser o Niva original, que foi introduzido em abril de 1977 e continua nas lojas até hoje.
Sem surpreender ninguém, a Lada é a fabricante com o portfólio mais antigo. A idade média dos carros da fabricante russa é de 18,9 anos. Apesar da Renault, que foi dona da marca até pouco tempo atrás, ter feito investimentos para renovar a linha, a Lada é historicamente afetada pela burocracia russa, falta de inovação e uma dependência muito grande do mercado local.
O nome mais surpreendente é a Tesla na segunda posição, com uma média de 7,8 anos para os quatro carros disponíveis atualmente. Temos que lembrar que o Model S foi apresentado em março de 2009, seguido pelo Model X em setembro de 2015. Seu produto mais atual é o Model Y, revelado em março de 2019, quase quatro anos atrás. É uma situação bem curiosa, pois a Tesla tem sido a referência para o mundo dos carros elétricos e está prestes a quebrar seu recorde de vendas anuais.
Isto acontece porque a Tesla não tem seguido diversas práticas comuns na indústria automotiva e uma das tradições deixadas de lado pela fabricante é a mudança de geração a cada 6 a 8 anos. O problema é que o Model S já parece um carro mais velho, ainda mais se comparado com os concorrentes lançados mais recentemente, como Porsche Taycan, Mercedes-Benz EQE e NIO ET7.
A terceira marca mais velha é a indiana Mahindra. Seu modelo mais antigo é o SUV Bolero, revelado em 2000 e que continua nas lojas. Adotando a estratégia de manter duas gerações na concessionárias ao mesmo tempo, a empresa continua oferecendo o utilitário Scorpion, com o sobrenome “Classic”, mesmo que seja um carro de 2002. O resultado é que tem uma média de 7,8 anos. A diferença em relação à Tesla é que lançou alguns carros de 2020 para cá, o que ajudou a renovar a frota.
A japonesa Isuzu e as chinesas Xpeng e NIO lideram o ranking quando falamos dos portfólios mais atuais. A Isuzu tem uma média de somente 2,6 anos, pois tem somente dois carros de passeio: D-Max e MU-X, ambos apresentados recentemente. A Xpeng está bem perto, com quatro modelos e a NIO com seis carros.
Outras fabricantes com linhas bem jovens são Subaru, Honda, Hyundai e Kia. Entre as europeias, McLaren e Ferrari lideram, por terem a prática de substituir completamente seus veículos e apostarem em produções limitadas. A GM é a fabricante global com a linha mais jovem, com uma média de 4,2 anos. Mercedes-Benz, BMW e Aston Martin completam a lista.
Do lado oposto, temos outros nomes com um portfólio bem antigo. Uma das que mais sofre é a Nissan, que contabiliza uma média de 7,5 anos, por ainda oferecer alguns carros bem antigos em alguns países emergentes. Sua parceira na Aliança, a Renault está revendo seu portfólio, porém ele ainda contabiliza pouco mais de 5 anos de idade média. A Stellantis também aparece nesta parte da tabela, por registrar uma média de 5,5 anos, o que não chega a ser ruim visto que a empresa tem renovado a linha de todas as suas marcas.
O autor deste artigo, Felipe Munoz, é especialista em indústria automotiva na JATO Dynamics.
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