Na semana passada, o Motor1.com Argentina foi convidado a visitar a fábrica da Scania em Tucumán no país vizinho para ver a nova geração de caixas de câmbio da família GW. Havia rumores de que a planta argentina guardava uma pérola: uma unidade em estado de novo do L-111, ou como foi carinhosamente apelidado, Jacaré.
Sua silhueta inconfundível apareceu em um dos lados do pátio principal da fábrica, em uma espécie de pequena praça. Foi apenas um primeiro e distante contato. Tivemos que esperar pela oportunidade. Quando a agitada agenda de atividades oferecia uma pausa, "escapamos" para encontrar o espécime histórico. O caminhão das fotos é de fato a segunda unidade fabricada pela Scania na Argentina. Até onde sabemos, o primeiro foi dado ao então governador de Domingo Bussi e até hoje seu paradeiro é desconhecido.
O que estava exposto na fábrica foi adquirido pela Scania e passou por um meticuloso processo de restauração como parte das comemorações dos 40 anos de inauguração da fábrica de Tucumán. Ela iniciou suas operações por lá em 26 de março de 1976. Em 1 de dezembro daquele ano, o primeiro caminhão L-111 saiu da linha de montagem.
Foi então equipado com um motor DN11 de seis cilindros em linha a diesel de 202 cv acoplado a uma caixa de câmbio GR 860, fabricado no mesmo complexo. Sua cabine tipo HL23 foi pintada em um laranja característico, a única cor disponível para o modelo. O caminhão foi montado sobre uma configuração de chassi 4x2. Estas características são idênticas às da unidade em exposição.
Em pouco tempo, o "Jacaré Laranja" tornou-se um habitante regular das estradas de toda a Argentina, da mesma forma que aconteceu no Brasil. Sua aceitação imediata pelos transportadores o tornou líder no mercado de caminhões pesados de lá, um segmento no qual a Scania ultrapassou confortavelmente 30% de participação de mercado no país vizinho.
O L-111 permaneceu em produção na Argentina até 1982, quando foi substituído pela série 112. No total, foram produzidas 2.306 unidades de suas diferentes versões. O L-111 exposto marca 30.634 km no hodômetro e está exposto ao lado da pedra fundamental da planta industrial da então "Saab-Scania", que foi colocada em 1 de dezembro de 1972.
Em uma indústria que geralmente tende a desconsiderar seu passado, é inédito recuperar um exemplo histórico e exibi-lo na própria fábrica onde foi construído. Além disso, a honestidade de reconhecê-lo como a segunda unidade e não cair na tentação de exibi-lo como o "número 1" é notável. A Scania é um exemplo que gostaríamos de ver sendo imitado por outros fabricantes de automóveis com uma história industrial na região.
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