A história dos fabricantes de automóveis e o significado de seus logotipos muitas vezes contam histórias fascinantes. Muitos emblemas mudaram com o tempo, assim como os nomes, mas sempre seguindo um caminho comum, embora com algumas exceções.
Um dos casos mais curiosos é o da Audi, que conhecemos hoje como "A Casa dos Quatro Anéis", mas que na verdade herdou aquele emblema, nascido muito depois de sua fundação original e originalmente não destinado a ela, ou pelo menos não só para ela.
De uma costela de Horch
A história da fundação da Audi, que não é menos curiosa, remonta muitos anos antes, para ser exata, a 1910, quando August Horch, fundador do prestigioso fabricante de automóveis com o mesmo nome, foi forçado a criar uma nova empresa após ser expulso do conselho de administração da Horch.
Além disso, ele foi proibido de dar seu nome à nova empresa. Para resolver este problema, ele adotou um estratagema simples, o de usar uma palavra equivalente em outra língua. Seu sobrenome Horch, o imperativo do verbo horchen que significa "ouvir" em alemão, assumiu a mesma declinação que o verbo latino "audire": tornou-se assim "Audi".
Entretanto, os caminhos das duas empresas rivais estavam destinados a se cruzar novamente, o que aconteceu no início dos anos 30, quando a crise econômica e os resultados comerciais decepcionantes de alguns novos modelos empurraram não apenas a Audi e a Horch, mas também outra marca de prestígio como a Wanderer, para a beira da falência.
Acabou assumindo as três marcas de luxo e lançou uma mega-fusão corporativa que deu origem ao Grupo Auto Union, para o qual os quatro anéis encadeados foram escolhidos como símbolo, sancionando a ligação entre os quatro fabricantes que mantiveram sua identidade, dividindo os segmentos de mercado.
O único sobrevivente
Para entender como a Audi surgiu desta situação para se tornar a empresa que é hoje, precisamos voltar alguns anos atrás, para ser exato, ao final da Segunda Guerra Mundial, que havia deixado o grupo Auto Union, estabelecido em Ingolstadt, em grande dificuldade e acabou sacrificando a marca Audi, a menos estruturada das quatro. A Audi até mesmo acabou sendo descontinuada.
Seu renascimento ocorreu em meados dos anos 1960, quando a Auto Union foi primeiramente assumida pela Daimler-Benz e, em seguida, foi sendo gradualmente vendida à Volkswagen, com a única exceção da marca Horch (que a Audi só recuperaria a posse muitos anos mais tarde, de preferência completando a "vingança" de August Horch).
A crescente empresa Wolfsburg estava procurando uma marca de luxo e com a Horch indisponível, optou por ressuscitar a Audi, dando-lhe o logotipo de quatro anéis do agora extinto Auto Union e que, até um momento anterior, identificava os sedãs DKW.
Marcos
A partir daquele momento começou o lento processo de renascimento da Audi, como a conhecemos hoje. O primeiro modelo foi o F103, que tomou o lugar do DKW F102 e foi, de fato, sua evolução. Depois vieram o Audi 80 e 100, respectivamente os antepassados dos atuais A4 e A6.
Da família 80 veio o lendário coupé Quattro em 1981, que estreou a tração nas quatro rodas com o mesmo nome, que agora é o orgulho e a alegria da empresa. Pouco antes, em 1979, veio o Audi 200, o primeiro carro-chefe da marca, que deu origem à dinastia que continuou com o V8 e depois com o A8.
Do outro lado da lista, entretanto, a Audi tentou se infiltrar no segmento de carros compactos com o Audi 50 de 74, primo do Volkswagen Polo, que não teve sucesso, para ser seguido muitos anos depois pelo original A2 MPV no início do terceiro milênio e depois pelo atual A1.
Mais afortunado, pelo menos em continuidade, foi o destino no segmento compacto, abordado em 96 com a primeira geração A3, agora em sua quarta geração. Isto foi seguido em 98 pelo TT, outro modelo que nos últimos vinte anos incorporou os valores de elegância e esportividade da marca como poucos outros. Foi ela quem foi considerada pelo grande designer Walter de Silva, durante anos chefe de design da marca e depois de todo o Grupo, "a verdadeira expressão da filosofia do Audi".