Depois da abertura das importações de automóveis em 1990, o mercado brasileiro conheceu novas marcas. No final dos anos 1990 e inicio dos 2000, um novo movimento marcou a história, com a abertura de fábricas de algumas dessas marcas para a produção local de modelos de volume, como Peugeot, Citroën, Honda, Audi, Mercedes-Benz, Renault e Toyota.
Foi uma mudança grande na indústria automotiva do Brasil, que estava até então já acostumada a ter basicamente Volkswagen, Chevrolet, Fiat e Ford, sendo que três delas até inauguraram novas plantas na mesma época, como a Volkswagen pro Golf e a Chevrolet para o Celta - a Fiat, como FCA, se movimentou apenas décadas depois, com a planta de Goiana, em Pernambuco, para o Jeep e a picape Toro. Veja quais modelos "inauguraram" essas fábricas.
A Volkswagen inaugurou a planta de São José dos Pinhais (PR) para a produção da quarta geração do Golf. Mas a Audi aproveitou para produzir também o A3 em sua primeira geração, poucos anos depois de chegar ao Brasil importado. Sua boa aceitação ajudou na decisão, além de compartilhar muito com o Golf, como os motores 1.6, 1.8 20v aspirado e os 1.8 20v turbo de 150 cv e 180 cv, um dos mais potentes em um carro produzido no Brasil.
A história do A3 nacional durou até 2006, e voltou apenas em 2015, com a terceira geração do A3, mas apenas na carroceria sedã, até 2020. A Audi voltará a produzir no Brasil ainda em 2022, dessa vez com o Q3, que também já foi nacional na geração anterior.
Ainda como PSA, a Peugeot/Citroën inaugurou a fábrica de Porto Real em 2001. A Citroën começa com a minivan Xsara Picasso, que era importada da França desde 2000 e estava aproveitando os bons números de um segmento aquecido na época. Com proposta familiar, tinha bancos individuais na traseira e até mesa, na época com a inspiração em aviões.
Durou até agosto de 2011, depois de 106 mil unidades, época onde as minivans já começaram a perder espaço para os primeiros SUVs. A Citroën hoje produz o C4 Cactus em Porto Real e prepara a planta para o novo C3, um hatchback aventureiro a ser apresentado nos próximos meses, já sob comando Stellantis.
Lembra dessa picape? A Chrysler abriu a fábrica de Campo Largo em junho para a produção da Dodge Dakota, que teve relativo sucesso durante sua vida, mas que acabou em 2001. Até os motores eram produzidos em fábricas vizinhas, mas sua vida foi bem curta diante de mudanças de administração da empresa.
Poucos meses depois da inauguração da fábrica, nasceu a DaimlerChrysler AG, junto com a Mercedes-Benz. Anos depois, se torna a FCA após a compra pela Fiat, que depois se torna Stellantis com a fusão com a PSA - que história complexa.
A Honda já produzia motos no Brasil desde os anos 1970, mas automóveis era novidade. E já que o sedã Civic estava bem desde que começou a ser importado anos antes, foi ele quem inaugurou a moderna planta de Sumaré (SP) em 1997. Algumas gerações passaram por ali e foi justamente o Civic que fechou esta linha de produção.
A Honda manteve Sumaré como centro de desenvolvimento, levando toda a produção para Itirapina (SP) e curiosamente o Civic foi quem a fechou no final de 2021. O sedã voltará ao nosso mercado em 2022, mas apenas importado e provavelmente em versão híbrida ou com motor 1.5 turbo, bem acima da faixa atual.
Uma marca premium produzindo no Brasil? A Mercedes-Benz já tinha a experiência em caminhões e ônibus, mas montou uma fábrica em Juiz de Fora, a primeira fora da Alemanha, para fazer seu novo modelo de entrada, o Classe A. Mas acabou ficando caro demais e saiu de linha em 2005, assim como a fábrica.
A Mercedes-Benz até tentou novamente fazer automóveis no Brasil, em Iracemápolis (SP), de 2016 até 2020, sendo a planta vendida para a Great Wall, empresa chinesa que irá produzir picapes e SUVs no Brasil.
Outra marca japonesa a apostar no Brasil foi a Mitsubishi, com a operação conduzida pela Souza Ramos na época. A fábrica de Catalão (GO) iniciou suas atividades com a picape L200, que até hoje segue na mesma fábrica mesmo após algumas gerações. Com o passar dos anos, chegaram os ASX e Lancer, além do Suzuki Jimny, após o fechamento da planta da Suzuki em Itumbiara (GO) em 2015.
Junto com a Renault, a Nissan inaugurou a fábrica no Paraná em 1998, mas o braço japonês começa a operar apenas em 2002 com a picape Frontier. Mais tarde, chega seu SUV, o XTerra, e produtos como a minivan Livina. A planta de Resende (RJ) é inaugurada em 2014 e transfere toda a operação.
Ao lado da Citroën Xsara Picasso, a Peugeot começou a produzir em Porto Real com o 206, hatchback que foi importado desde 1998. Em 2001, como linha 2002, começa a ser feito no Brasil e entra com um alto volume para a marca francesa, seu auge no país. Não teve o mesmo sucesso com o 207 e 208. Hoje, produz apenas o SUV 2008 em Porto Real, ficando o novo 208 na Argentina.
Primeira minivan dessa geração a chegar ao Brasil, a Scénic (ou Mégane Scénic) também foi o primeiro modelo nacional da Renault a sair de São José dos Pinhais (PR) - o Interlagos foi produzido em parceria com a Willys Overland nos anos 1960, além de outros modelos, mas isso é outra história e não era oficialmente Renault.
A Scénic foi nacional apenas em sua primeira geração global, com uma reestilização, até 2010. Poucas unidades importadas da segunda geração chegaram ao Brasil, mas com um volume praticamente irrisório na comparação com a primeira, um dos maiores sucessos da marca em nosso mercado.
A Toyota já operava no Brasil em sua planta de São Bernardo do Campo, mas a planta de Indaiatuba (SP) foi a que mudou os rumos da empresa. Com o Corolla, que assim como o Civic já tinha um público cativo ainda importado, ela ganha volume e mercado, além de sair de apenas produzir utilitários, como o Bandeirante, e atua entre os automóveis. Já como oitava geração, o Corolla recebeu até um visual exclusivo para nosso mercado, já que o importado não tinha agradado anos antes.
Anos depois, amplia sua produção para Sorocaba (SP), mas segue com Indaiatuba como uma de suas principais bases, de onde sai até hoje o Corolla, inclusive híbrido, o primeiro eletrificado produzido em solo nacional.
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