O ano de 2020 está indo embora sem deixar muitas saudades por conta da pandemia de Covid-19 que ceifou vidas, travou economias e mudou a rotina das pessoas ao redor do mundo. Mas, especificamente no mercado automotivo brasileiro, até que não podemos nos queixar de falta de novidades. Foram estreias de peso, que certamente já mexeram com o mercado.
Mas, entre tantas atrações, quais foram aquelas que mais impactaram nossos avaliadores? Confira a seguir:
Daniel Messeder, Diretor Editorial
Especial o 2020 da Fiat, principalmente pelo lançamento da nova Strada e pelo "rebrand" da marca Fiat, que visou resgatar sua agilidade e as boas vendas do passado. E parece que a mudança vem surtindo efeito, como podemos observar pela boa acolhida da nova geração da picapinha - que acabou "puxando" os colegas de loja, em especial Argo e Mobi. Totalmente repaginada depois de 22 anos, a Strada foi a primeira picape compacta com carroceria cabine dupla de 4 portas, além de ser o primeiro Fiat com uma nova multimídia que dispensa o uso do cabo para conectar com o celular.
Adotou o novo motor 1.3 Firefly do Argo, mas não abriu mão do velho 1.4 Fire para as versões mais baratas - uma solução inteligente do ponto de vista do custo de compra e também de manutenção. Manteve também a robustez do modelo anterior, com a suspensão traseira por eixo rígido, mas ganhou muito na dirigibilidade. Só faltou mesmo o câmbio automático, que a Fiat prometeu oferecer em 2021.
Seguindo os passos de sucesso dos irmãos Onix e Onix Plus (os carros mais vendidos do Brasil), o Tracker estreou sua nova geração sobre a plataforma GEM (Global Emerging Markets). Agora produzido no Brasil (sem as limitações de vir do México como o anterior), o SUV ganhou design mais robusto, maior espaço interno e motores mais econômicos, sempre com 3 cilindros - o mesmo 1.0 turbo do Onix e o inédito 1.2 turbo exclusivo da versão topo de linha.
A mudança também trouxe maior conforto ao modelo, além de uma série de itens de comodidade e segurança, tais como estacionamento semi-autônomo, alertas de ponto cego e proximidade do carro à frente, frenagem automática de emergência, carregador de celular sem fio e internet 4G a bordo, entre outros itens. Apesar de lançado bem no começo da quarentena no Brasil, logo se tornou um dos modelos mais vendidos da categoria e tem tudo para disputar a liderança do segmento em 2021.
Confesso que fiquei na dúvida entre o VW Nivus e o Nissan Versa para este terceiro destaque, mas escolhi o sedã de origem japonesa por representar uma evolução gritante sobre a geração anterior - enquanto o Nivus é uma variante mais bonita e parruda do Polo, modelo já conhecido desde 2017. O novo Versa impacta primeiro pelo estilo e não deixa a peteca cair na parte de dentro, com acabamento de qualidade e boa lista de equipamentos desde a versão de entrada Sense.
Mas o grande salto se dá mesmo ao dirigir, graças à suspensão muito bem calibrada (a melhor do segmento), ao mesmo tempo em que a cabine está muito mais bem isolada em termos de ruídos e vibrações. O motor 1.6 aspirado dá conta do recado e o câmbio CVT agora simula 6 marchas. Se tivesse uma versão turbo, seria imbatível na categoria.
Leo Fortunatti, Repórter
Difícil não colocar a Fiat Strada na minha lista. A picape me surpreendeu desde o nosso primeiro contato, ainda em um evento fechado pré-lançamento semanas antes da aparição oficial, e ali já despontava como algo que faria muito mais sucesso do que já fazia a antiga geração, até então líder do seu segmento com ampla força nas vendas para empresas.
A nova Strada merece meu voto não só pela evolução como carro, mas também pelo tiro certo da Fiat em produzir a picape com uma cabine dupla de verdade e uma versão topo de linha com direito a faróis full-LED e sistema multimídia com espelhamento sem fio, fora o equilíbrio do conjunto da picape em geral. Faltou um câmbio automático (que deve ser resolvido em 2021), mas mesmo assim já rouba clientes de sedãs e hatches que até namoravam a Toro, mas não tinham o bolso para chegar lá.
Ele pode não vender tanto quanto outros lançamentos, mas o Nivus chamou a minha atenção pela forma como chegou ao mercado. Tirou um pouco da sisudez da marca alemã e, mesmo carregando muito do Polo (o que não é nenhum demérito), destaca-se nas ruas pelo design.
Trouxe para um "degrau" abaixo o charme dos SUVs cupês e estreou o VW Play, um sistema multimídia desenvolvido no Brasil com funcionalidades que víamos apenas em modelos mais caros, além de itens de segurança como o piloto automático adaptativo. Isso tudo além do eficiente motor 1.0 TSI ligado ao câmbio automático de 6 marchas - este com uma calibração mais refinada que o próprio Polo quando foi apresentado.
Fazer um carro elétrico é bem mais complicado que parece. Confesso que fiquei em dúvida entre o Audi e-tron e o Porsche Taycan, porém o SUV chama a atenção por uma comodidade que ainda não pude provar com o Porsche: usá-lo como um carro normal nas ruas. A autonomia na faixa dos 400 km é apenas um dos pontos que permite essa "normalidade".
Lotado de tecnologias, o e-tron foi apenas o primeiro passo da Audi em uma linha de modelos elétricos que vai crescer em 2021. O melhor é que o visual do modelo passa quase despercebido, já que se parece com qualquer outro SUV da Audi. Para dirigir, idem. Por isso o coloco como o terceiro destaque de 2020.
Nicolas Tavares, Repórter
É inegável o impacto que a nova geração da Fiat Strada causou no mercado. Mesmo precisando de uma renovação completa por conta da idade avançada, a picape era a mais vendida do país com folga e este desempenho nas vendas justificava todo o hype pelo lançamento. E a Fiat-Chrysler conseguiu corresponder às expectativas com um produto que manteve as qualidades anteriores e mudou em pontos importantes - como meus colegas já falaram acima, então não vou bater na mesma tecla.
Algumas pessoas podem até discutir sobre alguns aspectos da Strada por conta de seu gosto. Só que é impossível não concordar que é um sucesso de vendas. Em julho, a picape já estava na 4º posição no ranking de automóveis e comerciais leves. No mês seguinte, subiu ao pódio com uma 2ª colocação, um prelúdio do que veio acontecer em setembro, quando superou o Chevrolet Onix para ser o 1º colocado. Perdeu um pouco de ritmo desde então, mas continua a figurar entre os 5 mais vendidos do país, mostrando toda a força da picape compacta.
O Volkswagen Nivus está começando a carreira de uma forma parecida com a do o T-Cross: com vendas tímidas, mas que crescem constantemente. E, curiosamente, não parece ter canibalizado nem o Polo nem o Virtus, que estão com um desempenho parecido com o que tinham no começo do ano, antes da pandemia bagunçar tudo - e antes do lançamento do crossover.
A razão para que eu o veja como um dos carros mais importantes do ano sai um pouco da dinâmica e entra na importância mercadológica - o Leo já resumiu bem como é guiar o crossover. Os pontos fortes do Nivus estão na aposta da VW em uma ideia diferente ao invés do SUV compacto tradicional, oferecendo o primeiro "SUV-cupê" abaixo de R$ 100 mil do nosso mercado. O outro destaque fica para a própria VW brasileira, pois trata-se um veículo global que foi criado no Brasil e será produzido na Europa em 2021, algo que não acontece desde o Ford EcoSport.
A chegada da nova geração do Nissan Versa transmite a sensação de continuidade dos planos da marca desde o lançamento do Kicks em 2014, com muitas semelhanças. Ambos vieram do México (o Kicks começou como importado antes de ser feito na fábrica fluminense de Resende), contam com motor 1.6 aspirado e câmbio CVT, trazem uma boa lista de equipamentos e apostam em um design mais refinado do que a identidade anterior da empresa.
O resultado foi um carro que pode contribuir muito para o ritmo da Nissan no Brasil. O Kicks foi um divisor de águas, figurando entre os SUVs mais vendidos e, se a marca jogar direitinho, o Versa tem muito potencial de vendas para quem se preocupa mais com design ou lista de equipamentos do que com motor turbo - está aí o Kicks para provar este público existe.
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