Novo Citroën C3 Aircross acerta motor e espaço, mas poderia ser menos C3
Aposta no segmento de SUVs se destaca em espaço interno e motor, mas falha onde o C3 também erra
De um hatch para SUV, há uma boa diferença de preços e, mais ainda, de público. Muda a percepção de qualidade, a exigência de equipamentos e o que cada um analisa na hora de fazer a escolha. A Citroën colocou o C3 Aircross com uma proposta familiar e preço que até parece atrativo pelo seu porte, principalmente pelo motor 1.0 turbo.
Por um lado, é um carro atrativo pelos pontos que a Citroën projetou para ele, como o espaço interno e a solução dos 7 lugares entre os SUVs compactos. Por outro, ao trazer muito do C3 para si, pode não agradar o cliente que está pagando mais de R$ 110 mil pelo seu novo carro, mesmo que sua proposta seja ser barato no segmento.
O que é o novo C3 Aircross?
O C3 Aircross é o segundo modelo da família C-Cubed, projeto que nasceu para aumentar a participação global da marca francesa com uma proposta mais popular. Começou pelo C3, lançado no Brasil em agosto de 2022, e ainda terá um terceiro modelo, um SUV-cupê em 2024. Para o C3 Aircross, a missão é o segmento de SUVs compactos com o diferencial da terceira fileira de bancos.
A plataforma é a CMP que teve algumas simplificações para essa aplicação, de olho nos mercados emergentes, e também está no novo e-C3 europeu - algo como o que a Volkswagen fez na MQB com a A0. Tem algumas diferenças para a que está no Peugeot 208, por exemplo, mas também já foi pensada para a eletrificação. No caso do C3 Aircross, que deve chegar a Europa em um segundo momento, todas as suas dimensões cresceram na comparação com o C3 hatch, obviamente.
O C3 Aircross tem 4.320 mm de comprimento e está próximo de concorrentes como o Honda HR-V (4.330), Hyundai Creta (4.300), Nissan Kicks (4.310) e Renault Duster (4.376). No entre-eixos, são 2.675 mm, algo que Duster (2.673), HR-V (2.610), Creta (2.610), Kicks (2.610) e T-Cross (2.651) não batem. O Chevrolet Tracker, um dos líderes do segmento, mede 4.270 mm com 2.570 mm entre os eixos.
Outras medidas são a altura de 1.641 mm e largura de 1.720 mm sem os retrovisores. Em porte, o C3 Aircross impacta, assim como o design com os para-lamas alargados e destacados, faróis em duas partes com luzes diurnas em LEDs, traseira reta e a pintura em dois tons. Imponente ele é e, por fora, pode seduzir o comprador que o visita na concessionária.
No espaço interno, o C3 Aircross vai bem. No banco traseiro, há um bom espaço e, no porta-malas, capacidade de 493 litros nas versões com 5 lugares ou quando a terceira fileira do de 7 lugares está desinstalada. Aliás, esse é um dos trunfos: o par de bancos removíveis no porta-malas ainda são únicos na categoria de SUVs compactos. Isso não significa que quem vai ali estará confortável, mas os bancos estão disponíveis. Para refrescar, um sistema de ventilação no teto, exclusivo do 7 lugares.
O que pode desanimar é justamente onde o C3 Aircross carrega do C3, um hatch que nasceu para ser barato e que custa bem menos que o SUV para atender um público menos exigente. O acabamento é invadido por plásticos e nem mesmo uma chave canivete a marca colocou em um segmento onde alguns concorrentes já estão com chaves presenciais e partida por botão. Há um painel de instrumentos em tela de 7" completo em informações e a tela de 10" para a central multimídia que até tentam salvar a impressão quando se olha o Aircross por dentro.
Como anda o C3 Aircross?
Diferente do esperado, o C3 Aircross não usa o motor 1.6 aspirado, e ainda bem. A escolha foi o motor 1.0 turbo da Stellantis, aquele mesmo que está em outros modelos do grupo, com 125/130 cv e 20,4 kgfm de torque e um câmbio CVT com simulação de 7 marchas, bem mais condizente com a proposta do SUV para viagens e pelo peso que ele se propõe a levar quando carregado.
É mais um produto da Peugeot/Citroën que recebeu o DNA da Fiat. A suspensão foi projetada para o conforto e enfrentar os piores pisos sem reclamar. Para isso, recebeu molas, amortecedores e eixo traseiro específicos, tudo com ajustes feitos especialmente para o C3 Aircross e nossa região. A arquitetura é a comum em diversos modelos por aí: McPherson na dianteira e o eixo de torção na traseira.
Primeiro, o desempenho do C3 Aircross é bom. Afinal, é um carro de 1.216 kg com um motor de até 130 cv e 20,4 kgfm de torque já a 1.750 rpm. Com o câmbio CVT, ele trabalha para entregar de forma suave e linear toda essa força - segundo a Citroën, vai de 0 a 100 km/h em até 9,7 segundos. Em consumo pelo Inmetro, faz 10,6 km/litro na cidade e 12 km/litro na estrada com gasolina, e 7,4/8,6 km/litro com etanol, respectivamente.
O lado conforto é o mais claro no SUV. A suspensão não bate nem mesmo em paralelepípedos ou se abusar nas lombadas. Por ter 200 mm de altura do solo, dá para passar por valetas e lombadas sem muita preocupação, como o esperado dos modelos deste segmento. A posição de dirigir é alta e, como no C3, faltou o ajuste de profundidade da coluna de direção, ajustável apenas em altura, além de não estar tão bem centralizada para o motorista.
Como esse primeiro contato foi basicamente em rodovia, chamou a atenção que a direção elétrica do C3 continua bem leve e, em velocidades mais altas, tem uma certa artificialidade para ganhar peso e comunicação com o motorista. A herança C3 é sentida demais aqui, inclusive a ergonomia com botão Sport e da trava elétrica no lado esquerdo do motorista, quase escondidos, e os botões dos vidros traseiros no console central, herança das gerações dos franceses.
Quanto custa? Vale a pena?
Nesta versão das fotos, o C3 Aircross Shine Pack custa R$ 129.990, mas com cinco lugares. As configurações com 7 lugares ficaram para o primeiro trimestre de 2024, mas podemos colocar algo na faixa dos R$ 8 mil a R$ 10 mil extras. Dentro do segmento, por ser uma versão topo de linha com motor turbo, é interessante.
Mas como disse no começo do texto, o público do SUV é mais exigente. Não só pelo acabamento simples, mas pela ausência de itens como acendimento automático dos faróis, chave presencial ou algo de segurança além de 4 airbags e os controles de tração e estabilidade. Não é difícil o cliente chegar em outra marca e achar, muitas vezes em promoção, algo mais completo na mesma faixa de valor desta versão.
O Citroën C3 Aircross convence pelo espaço interno e por como se comporta com o motor 1.0 turbo. Confortável e espaçoso ele é, com o brinde de andar muito bem. Mas até onde o comprador acima dos R$ 100 mil está disposto ao acabamento de C3 e ausências de itens quase fundamentais por esse preço? Vamos ver isso nos primeiros meses de vendas.
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