Novo Honda ZR-V: dirigimos o SUV na Argentina; veja impressões
Em breve no Brasil, concorrente do Jeep Compass já está no país vizinho
Nas próximas semanas, a Honda apresentará o ZR-V no Brasil. O SUV de porte médio ocupará o lugar deixado pelo Civic como modelo de médio volume dentro da marca japonesa e, importado do México, será vendido em uma única versão com motor 2.0 aspirado. Embora ainda não tenha chegado por aqui, nossos colegas do Motor1.com Argentina já estão nos mostrando como o novo Honda ZR-V está se saindo.
Assim como no Brasil, o Honda ZR-V será posicionado acima do HR-V e abaixo do CR-V, que deve chegar em 2024 como híbrido. A diferença é que o país terá duas versões, enquanto o mercado brasileiro terá apenas a Touring, mais completa, e que poderá ter um preço competitivo, caso as informações dos executivos da empresa se confirmem no lançamento oficial.
Visual e design
O ZR-V compartilha características com modelos de diferentes segmentos. Por exemplo, tem a distância do solo de um SUV (170 mm), a silhueta de um hatchback e a plataforma do CR-V. Por esse motivo, sua distância entre eixos muito longa é uma das características que mais o destacam, com 2.655 mm, versus os 2.660 mm do CR-V.
O comprimento total do ZR-V é de 4.568 mm. Ele é maior do que os três rivais mais vendidos em seu segmento: VW Taos (4.461 mm), Jeep Compass (4.394) e Toyota Corolla Cross (4.460). O design, como costuma acontecer nesse segmento, tende a ter traços semelhantes aos de muitos concorrentes. Esse é um fenômeno causado por necessidades de eficiência aerodinâmica e normas de segurança com proteção para pedestres.
Em Bariloche, testamos a versão Touring, a mais avançada da gama. Oferece acabamento externo em plástico preto brilhante ("Piano Black"), ponteira de escape cromada e teto solar. Na Argentina, todas as versões vêm com faróis fullLEDs e equipadas com pneus Michelin Primacy AllSeason 215/60R17.
Acabamento e interior
É um legítmo Honda, portanto o interior é uma demonstração do clássico "futurismo racional" da marca japonesa. A qualidade de construção é muito boa e está um nível acima dos três modelos mais vendidos em seu segmento, mencionados acima. Há acabamentos macios no painel de instrumentos, comandos cromados sensíveis ao toque e uma curiosa saída de ar que percorre toda a extensão da linha sob a tela multimídia. O painel de instrumentos é digital e as informações são muito claras em uma tela de TFT de 7". A central multimídia se estende bem acima do painel de instrumentos e tem 9".
O ZR-V é importado do México, mas naquele país - assim como nos EUA e no Canadá - é vendido com o nome HR-V - a Argentina receberá o HR-V produzido no Brasil em 2024. Tudo isso para dizer que os bancos dianteiros são espaçosos, confortáveis e macios, ao gosto do usuário norte-americano. O estofamento de couro é microperfurado. Não há aquecimento ou resfriamento dos bancos, que é uma opção oferecida em outros mercados.
Central Multimídia do Honda ZR-V é a mesma do Civic
Há bastante espaço para as pernas no banco traseiro. Essa é outra vantagem da plataforma do CR-V. O porta-malas tem 389 litros de capacidade, mas pode ser ampliado com os diversos ajustes do banco traseiro.
Itens de segurança
Pela primeira vez, a Honda começou a oferecer o Sensing em toda a sua linha na Argentina, algo que já acontece no Brasil há um tempo. Trata-se de um pacote de assistência ao motorista (ADAS) e que consiste em controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, alerta de risco de colisão, sistema de manutenção de faixa e luzes adaptativas.
Nos demais equipamentos, há oito airbags (incluindo duas bolsas de joelho para o motorista e o passageiro da frente), controle de subida e descida de ladeiras, detector de fadiga e freio de estacionamento elétrico com autohold.
Motor e transmissão
Foi aqui que a Honda fez a aposta mais conservadora. Enquanto a maioria dos rivais desse segmento tem motores turbo e até mesmo opções híbridas, a Honda optou pela fórmula veterana de um motor a gasolina aspirado de 2.0 litros. Obviamente, ele tem o sistema de comando de válvulas variável Dual VTC I-Vtec e um desempenho que está na faixa intermediária de seus concorrentes: 157 cv e 18,8 kgfm de torque.
Motor 2.0 aspirado a gasolina do novo ZR-V
Ele é combinado apenas com uma caixa de câmbio automática CVT com borboletas no volante e tração dianteira. É a mesma combinação mecânica que o Civic brasileiro tinha na Argentina antes de ser descontinuado em nosso mercado.
Não poderiam ter oferecido o motor 1.5 turbo do Civic? Sim, mas é uma variante que nem sequer é oferecida na América do Norte. Naquele mercado, a única opção extra disponível é a tração nas quatro rodas (que não está planejada para a Argentina).
Como anda?
A apresentação do novo Honda ZR-V foi no Hotel LlaoLlao. O test drive incluiu seções urbanas no centro de Bariloche, bem como várias seções de estrada na área do Circuito Chico e a rota para Villa Traful, ao longo do rio Limay.
Todas as versões testadas tinham o nível de acabamento Touring, que é o topo da gama. Isso possibilitou testar os sistemas de assistência à condução (o ADAS que a Honda chama de "Sensing") e o pacote de isolamento acústico Premium, que não estão disponíveis na versão LX, a de entrada que não estará disponível no Brasil.
A primeira impressão do ZR-V é a de um veículo prático e ágil para uso urbano. O isolamento da cabine é muito bom e a dianteira parece bastante robusta, mesmo nos trechos mais detonados da Avenida Bustillo, que é a artéria mais famosa do chamado "Bacheloche", com uma sucessão de buracos, crateras e deslizamentos de asfalto mal reparados, sempre à espera da promessa adiada do "Ensanchamiento de Bustillo" (Alargamento da Bustillo).
O motor 2.0 e o câmbio CVT são muito bem adaptados à cidade, mas não são tão entusiasmados quando se sai para a estrada. Sem turbo e com um variador continuamente variável, é um pacote mecânico que precisa de muita rotação para encontrar o torque necessário para ultrapassar caminhões. É um motor que se mostrou muito confiável no Civic. Entretanto, uma alternativa turboalimentada com mais potência sempre foi oferecida nesse modelo para acompanhar os rivais mais potentes.
É uma limitação que se torna ainda mais perceptível quando se observa o excelente desempenho da suspensão (com multilink), dos freios (discos nas quatro rodas) e da direção (com assistência elétrica): todo o conjunto do ZR-V parece superpotente, como se tivesse sido projetado para um motor muito mais quente.
A distância do solo não é grande. Com 170 milímetros, está abaixo da média do segmento, mas é suficiente para manter o nariz fora das valas e ter um bom desempenho em cascalho. Isso também ajuda a manter o centro de gravidade mais baixo: há muito pouca rolagem da carroceria. Nas seções mais sinuosas do Circuito Chico, foi um carro divertido de dirigir. O problema é que, para encontrar essa diversão, o motor tem que estar muito "enroscado" e não há isolamento acústico que chegue: o ruído da mecânica invade a cabine claramente.
A melhor coisa sobre o ZR-V é a nova geração de auxílios à direção que ele oferece. O controle de cruzeiro adaptativo, com sistema Stop&Go, é muito bem calibrado e usa tecnologia de câmera de alta precisão e sem radar. Isso também é perceptível no sistema de manutenção de faixa, que mantém o veículo bem no centro de sua faixa, sem se desviar de um lado para o outro da pista.
Outro detalhe interessante: a frenagem autônoma de emergência tem dois níveis de intervenção. O mais brusco é aquele que intervém com potência máxima de frenagem para evitar uma colisão. Mas há também uma variante mais suave, pois as câmeras dos sensores detectam o risco de colisão a uma distância muito maior. Se o motorista não reagir, o sistema automático freia de forma mais suave e gradual, até a parada total.
No test drive, não foi possível medir o consumo de combustível e o desempenho. Isso será deixado para um teste mais extenso, quando pudermos dirigi-lo por pelo menos uma semana e mais quilômetros.
Conclusão
Até 2013, o Honda CR-V era um dos SUVs mais vendidos na Argentina. Tudo mudou no início de 2014, quando os impostos internos distorceram completamente os preços nesse segmento. O CR-V aumentou, da noite para o dia, de US$ 40.000 para quase US$ 100.000.
Isso colocou muitos usuários tradicionais do CR-V fora do mercado. O HR-V atendeu parte dessa demanda, mas sempre ficou claro que se tratava de um veículo menor e mais simples. Essa é a lacuna que o novo ZR-V preenche. Sem o desempenho, a potência e a qualidade do CR-V, o ZR-V oferece mais uma vez um Honda do segmento C em uma faixa de preço um pouco mais lógica.
De agora até março, a Honda planeja trazer entre 500 e 600 unidades desse novo modelo para o país. Ela não terá problemas para vender todas elas, mesmo com concessionárias abusivas, cobrando em "dólar" o que a marca promove em "dólar oficial". Depois de muitos anos sem grandes novidades em nosso mercado, a Honda voltou a colocar o foco nos carros. O novo ZR-V é apenas o primeiro passo de uma estratégia que será acompanhada pelos novos HR-V, CR-V e Civic Hybrid.
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