Nova Ram Rampage é a evolução que a Fiat Toro queria ter

De uma marca discreta e quase sem vendas, a Ram mudou bastante seu posicionamento no Brasil desde 2019. Caiu no gosto com os modelos importados (e imensos) como 1500 Rebel e 3500, e cresceu o suficiente para, até maio deste ano, ser a 16ª mais vendida no geral. Como ela mesma se enquadra como uma marca premium, só está atrás da líder BMW, com um portfólio maior e modelos nacionais, além de uma rede mais consolidada.

O mercado brasileiro é importante para a estratégia global da Ram. De tão importante, recebeu carta branca para projetar um modelo menor, o primeiro fora dos Estados Unidos, e será o responsável por fazer a marca crescer em todos os sentidos. Esta é a Ram Rampage, uma picape que está de olho em clientes de diversas picapes, menores e maiores, e um agrado aos fãs da marca que não poderiam comprar, até então, um dos outros modelos.

Projeto local para um gosto local

Segundo executivos da Ram, a proposta inicial sempre foi projetar e produzir uma picape Ram menor, para uso em grandes centros, um impedimento de seus atuais modelos. Ao mesmo tempo, não abriram mão do que as atuais já fazem, como o agronegócio e centros importantes nesse segmento. Chamam de "uma verdadeira Ram do tamanho certo". 

Para isso, a plataforma escolhida foi a Small Wide. A Rampage é o maior modelo dessa base e recebeu 60% de novos componentes só na plataforma, além da carroceria. São usados 86% de aços de alta e ultra resistência na Rampage e sim, dá para perceber algumas coisas dos Jeep e da Fiat Toro, como as folhas de portas dianteiras, para-brisa e componentes do interior. 

Em dimensões, a Ram Rampage tem 5.028 mm de comprimento, ou 83 mm a mais que a Fiat Toro. A sua largura está mais próxima do Jeep Commander, que era o maior modelo dessa base. Curiosamente, o entre-eixos é apenas 4 mm maior que a Toro, mas que a engenharia explica que está no ajuste de suspensão, não no aumento da carroceria. Veja a tabela abaixo com algumas comparações.

Percebeu que a Rampage é bem menor que a Toyota Hilux? Sim, ela está mais para a Ford Maverick que para as médias tradicionais. A própria Ram a categoriza como "C+", algo que foi desvendado conforme a picape perdeu camuflagem durante os 1.200.000 km rodados pelos protótipos. No exterior, fala-se sobre uma Ram maior que a Rampage para concorrer com Ford Ranger, por exemplo, e que pode se chamar Dakota.

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Meio Toro, meio Jeep, em embalagem especial

O fato das primeiras mulas da Rampage terem sido algumas Fiat Toro com alterações em suspensão, bitolas e rodas já nos dava um cenário do que poderia acontecer. Por outro lado, a equipe de design tinha o desafio de criar uma "baby-Ram" sem perder personalidade. Como já vimos nos Fiat Pulse e Fastback, uma frase bonita foi a chave: Size Impression. 

A dianteira tem faróis finos e até lembram as peças da 1500 Limited, toda em LEDs. A grade dianteira é grande e tem estilos diferentes para cada uma das versões (Rebel, Laramie e R/T). Um capô alto com dois vincos bem destacados colaboram nessa impressão da Rampage ser maior do que realmente é. Os para-lamas largos na dianteira e na traseira ampliam a largura, apesar da linha de cintura das portas remeterem aos outros produtos dessa plataforma, como o Commander. As maçanetas são compartilhadas, mas os retrovisores tem um visual mais quadrado que nos primos. 

A traseira é alta. As lanternas em LEDs, como os faróis, lembram as peças das Ram maiores e recebem uma bandeira norte-americana como detalhe - algo que pode se justificar pela origem da marca, mas foi projetado no Brasil e produzido em Pernambuco. A abertura da tampa é bem suave e pode ser feita pela chave, com estilo tradicional, e guarda um logo da Ram bem destacado e um parachoque que pode ser cromado como...as irmãs maiores. As rodas vão de 17" a 19". 

Já que estamos falando de caçamba, a Rampage tem volume de 980 litros, ou 43 litros a mais que a Toro. Nas versões com o motor 2.0 turbodiesel, a capacidade máxima é de 1.015 kg, enquanto nas 2.0 turbo a gasolina, 750 kg. Veja na tabela abaixo a comparação com a Fiat Toro.

Se comparamos a Rampage até o momento com a Fiat Toro, por dentro está mais para um Jeep com evoluções. A parte superior do painel, painel de instrumentos de 10,3" e os acabamentos das portas dianteiras, além de outros elementos menores, são do Commander. Mas o dashboard recebe uma parte central a inferior diferente, como se fossem níveis, e materiais diferentes em cada versão. A central multimídia tem 12,3" e fica em posição horizontal, acompanhada pelos botões de climatização logo abaixo. A régua com botões de tração são da Toro, inegável. 

O console central é a peça mais diferente da Rampage. Há o porta-objetos que pode ser removido e abrir um "calabouço", como no Fastback, mas a grande estrela é o seletor de marchas rotativo, acompanhado do freio de estacionamento automático com autohold. Nas proximidades, um carregador por indução ventilado, além de 6 portas USB espalhadas pelo carro. 

Mesma picape para clientes diferentes

A Ram Rampage tem três versões: Rebel, Laramie e R/T. Cada uma tem pacote visual, acabamentos diferenciados e algumas mudanças mecânicas para tipos de compradores diferentes. Em comum, um pacote de equipamentos bem completo, com 7 airbags, piloto automático adaptativo, assistente de faixa, alerta de colisão com frenagem automático, monitor de ponto-cego e sistema de tração integral automática com reduzida (1ª marcha) e câmbio automático de 9 marchas - para ver a lista de equipamentos e preços completa, clique aqui.

Vamos por partes então. A Rampage Rebel é a versão que fará o papel de entrada da linha, com motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e 38,7 kgfm de torque, o mesmo do Jeep Commander, e o novo 2.0 turbo a gasolina, o Hurricane 4, com injeção direta e turbo de duplo fluxo, que produz 272 cv e 40,8 kgfm de torque. Com proposta mais fora-de-estrada, é identificada pela grade dianteira mais aberta, rodas de 17" com pneus de uso misto, parachoques pretos, molduras laterais em preto e logos escurecidos. Por dentro, bancos em couro preto e acabamento escurecido.

A Rampage Laramie tem a mesma oferta de motores da Rebel. Se diferencia pela grade em filetes, diversos cromados pela carroceria, rodas de 18" diamantadas e o interior em couro marrom nos bancos e no painel. É para um cliente que gosta do estilo que as Ram maiores tanto ostentam, algo mais luxuoso e até urbano pelas rodas maiores. É a intermediária da linha. 

A R/T está sendo tratada pela Ram como a estrela da Rampage. É a esportiva da linha, exclusivamente com o motor 2.0 turbo a gasolina. Tem rodas de 19", apliques laterais na cor do carro, teto em preto, faixas no capô e detalhes vermelhos. Como todas as Rampage 2.0T Hurricana, tem dupla saída de escape, mas com um ronco mais encorpado aqui, além da suspensão mais firme e 10 mm mais baixa. O interior é em suede e couro com costuras vermelhas. Todas podem receber o Pack Elite, com som Harman Kardon, banco do passageiro elétrico e luzes ambiente.

Na teoria e na prática

O primeiro contato com a Ram Rampage foi com suas três versões, mas ao volante foi apenas com a R/T e Rebel com o novo 2.0 turbo de 272 cv. Este motor, importado da Itália e já conhecido no Wrangler, é o principal diferencial da Rampage para uma fatia do mercado. Com a Rampage R/T, uma volta na pista de Curvelo (MG) mostrou um pouco de como ela pode se comportar com seu ajuste específico de suspensão, direção e transmissão. 

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Inegável que os 272 cv da picape empurram com força desde as baixas rotações. O ronco do escape é um diferencial para a assinatura R/T, importante desde a era Dodge. Com o modo R/T ativo, a transmissão faz trocas mais atrasadas e reduz a qualquer toque no acelerador. A suspensão mais firme não impede e não esconde que ainda é uma picape, com leve tendência a sair de frente, mas dá o troco da tração integral para empurrar de volta ao lugar. A Ram fala em um 0 a 100 km/h de 6,9 segundos e velocidade máxima de 220 km/h, números de respeito para este porte. Vamos ver em nosso teste completo em breve.

Já a Rebel 2.0T foi para o fora-de-estrada. Na pista de homologação da Stellantis, a picape se comportou da mesma forma que já sabemos dos modelos dessa base. Com uma base rígida, a suspensão independente (McPherson na dianteira e Multilink na traseira) trabalha com tranquilidade e, mesmo carregada com 500 kg, o motor tem força para passar os piores pisos. Por mais que a marca diga que sim, sabemos que boa parte dos compradores não a usarão assim. Mas ao menos aguenta. Em números: 25,7º de ataque, 27,5º de saída, 265 mm de altura do solo e 23,6º de transposição.

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A Laramie estava apenas estática. Serviu para ver o bom acabamento da Rampage, mas o espaço interno similar ao da Toro, principalmente no banco traseiro. A baby-Ram tem boa construção, algo que já sabemos dos modelos da plataforma Small Wide nascidos em Pernambuco. 

A Ram Rampage está pronta para ajudar a Ram a crescer - até seu lançamento comercial, chegará a 100 concessionárias para isso. É uma evolução da Fiat Toro, inegável, como um bom produto e com a estratégia que pegará um cliente sedento por uma picape. Com preços e equipamentos de SUV, pode ser o principal lançamento do ano.

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