A Honda já sinalizou que não desistirá dos sedãs. No Brasil, além do City como modelo de entrada em três-volumes, o Civic voltou como um híbrido e a marca já prometeu a nova geração do Accord entre este ano e 2024 em nosso mercado. E aproveitamos que ele começou a ser vendido nos Estados Unidos para trazer essa avaliação exclusiva.
E esse novo Accord teve que mudar por questões de gosto do consumidor e por uma necessidade ambientes. O novo Honda Accord 2023 é híbrido, aposentando de vez o 2.0 turbo mesmo em suas versões mais caras - nos Estados Unidos, há versões mais baratas com o 1.5 turbo, mas não será vendido por aqui.
Como o Civic, o novo Accord abandona a maior parte de seus elementos de design que chamavam a atenção. Se tornou mais discreto, mais simples e sem muitos adornos. Assim como as lanternas traseiras que guardam o logotipo da Honda em uma escala menor que o normal, são detalhes que formam um design discreto.
O novo Accord tem aproximadamente o mesmo tamanho do antecessor, com o mesmo entre-eixos de 2.830 mm e a mesma altura de 1.450 mm. No comprimento, está 10 mm menor, mas esta é a maior mudança que a Honda fez entre as gerações em termos de dimensões.
Por dentro, o Accord toma emprestado do Civic alguns elementos, como as malhas escondendo as saídas de ar e linhas mais baixas e largas. Os materiais são competitivos em sua classe, com plásticos suaves ao toque onde braços e mãos encostam, sendo plástico duro em algumas partes na traseira e na parte inferior do console central, mais escondidos. Se isso o incomoda, o Accord Touring acrescenta um acabamento nessas partes, o diferenciando de outras versões e da maioria dos sedãs desse porte.
O interior elegante do Accord 2023 também tem um impressionante espaço e conforto para todos os ocupantes. O espaço para as pernas é um dos melhores da sua categoria e o espaço é excelente, exceto para os mais altos. O porta-malas de 473 litros é também um dos maiores, com bastante espaço.
Uma reclamação é válida. O banco do passageiro não tem ajuste de lombar, o que pode cansar em viagens mais longas. A Honda tirou isso do Accord 2023, uma vez que o anterior tinha o ajuste para o motorista em 4 vias, ficando apenas de duas. Ainda assim, são bancos bem confortáveis e um banco traseiro enorme que só podemos reclamar de não ter saídas de ar-condicionado e carregadores USB - para isso, precisa comprar o EXL ou Touring.
O 1.5 turbo que está nas versões LX e EX tem 195 cv e 26,5 kgfm de torque. Este motor se liga a uma transmissão CVT que faz um trabalho eficaz - se não entusiasmado - de colocar o carro em movimento. É a escolha perfeita para a maioria dos clientes do Accord e a Honda prevê que 50% deles optarão por uma dessas duas versões nos Estados Unidos.
Para a versão Sport, é necessário trocar o motor turbo pelo conjunto híbrido com o 2.0 Atkinson. Este motor recebeu injeção direta multi-fase, resultando em mais potência e menores emissões em relação ao antigo 2.0 híbrido. A Honda também melhorou a parte elétrica, com dois motores individuais que lidam com geração e propulsão separadamente para melhor respostas e eficiência.
A potência total do HEV é de 206 cv, uma redução em relação aos 215 cv do anterior, exceto que ele seria classificado com 205 no padrão de medição mais preciso de hoje. O torque é de 34,1 kgfm, mais que os 32,1 kgfm. Mas não importa como é medido, é inegavelmente menos potente que o antigo 2.0 turbo de 256 cv e 37,7 kgfm.
Também desapareceu o antigo conjunto com o câmbio automático de 10 marchas, mas o pseudo-CVT do Accord Hybrid 2023 é discreto. Como no CR-V, os motores elétricos estão na transmissão - quando o motor a combustão está ligado, ele recarrega a bateria que envia energia ao motor de propulsão. Em velocidades mais altas, ele manda força diretamente para as rodas, mas geralmente trabalha apenas como um gerador.
Em ciclo urbano, o sistema híbrido tem força mais que suficiente para tirar o Accord da imobilidade, mas quando estava ao volante, o motor 2.0 disparada com mais freqüência que o esperado. Devido a pequena bateria de 1,3 kWh, o modo EV selecionável dura apenas cerca de 2 km, dependendo de uma forma bem leve de condução antes que o 2.0 entre em funcionamento. E pressione o acelerador mais de 20% e ele queimará gasolina, não importa a carga da bateria. Pelo menos o motor do Accord é melhor isolado que o do CR-V e não incomoda os ocupantes.
Este conjunto é bem mais eficiente do que o anterior. Em um Accord EXL com rodas de 17" chega aos 21,7 km/litro na cidade, 18,7 km/litro na estrada e 20,4 km/litro no combinado - antes, 20,4/19,9/19,9, respectivamente). Os Sport, Sport L e Touring tem rodas maiores e levam os números para 19,5 km/litro na cidade, 17,4 km/litro na estrada e 18,7 km/litro no combinado, ainda impressionante para um sedã desse porte. A economia ajuda a aliviar a perda do 2.0 turbo, mas ainda é difícil não desejar as arrancadas do seu antecessor.
Felizmente o novo Accord não perdeu sua capacidade em fazer curvas. A Honda sempre conseguiu fazer com que até seus carros mais tradicionais se sentissem divertidos, algo que o sedã mantém. Os movimentos da carroceria e das rodas são bem contidos, com compostura e estabilidade. A direção elétrica é anestesiada, mas ainda rápida e precisa, com uma agradável sensação de peso em seu modo de condução mais esportivo.
E isso não vem as custas do conforto. O pior pavimento raramente transfere isso para os passageiros, mesmo com as rodas de 19". Percebemos mais ruídos dos pneus, mas de vento e motor são bem controlados e ajudam a reduzir o cansaço em viagens longas.
Os freios são bons, mas o sistema regenerativo ajudam bastante. Controlado pela aletas no volante, tem seis níveis que vão desde livre até a algo quase condução one-pedal, podendo travar em um destes modos ou fazer com que volte a um nível menor assim que pressionar o acelerador - perfeito para descer uma serra, mas permitindo voltar ao anterior quando chegar a uma pista plana.
Durante as últimas duas décadas, os Honda se sentem cinco anos atrasados em termos de tecnologias embarcadas. Esse não é mais o caso, já que o Accord 2023 oferece telas nítidas e de alta resolução e com integração Google. Na versão topo, tem Google Maps e Assistant, que sincronizou perfeitamente com a minha conta pessoal Google para me ajudar a navegar aos meus destinos favoritos.
Infelizmente, não são todas as versões que oferecem isso, que aliás pedem uma assinatura paga após o período de teste gratuito. E não há opção de navegação nas versões abaixo, que compensam com espelhamento sem fios Apple CarPlay e Android Auto. Felizmente, todos os híbridos tem a tela de 12,3" de série, substituindo a antiga de 7" que estão nos LX e EX, enquanto o painel de 10,2" é de série em todos. Os medidores tem boa resolução e boa quantidade de informações.
Embora desejasse integração com o Google, o Sport L que dirigi tinha uma parte técnica fácil de usar com apenas alguns minutos de exploração e eu gosto que a Honda deixa o CarPlay assumir totalmente a tela de 12,3" se você quiser.
Nos Estados Unidos, o Accord começa em US$ 28.290, com o frete de US$ 1.095. É o Accord LX 1.5T é mais caro que seu antecessor. Para os híbridos, o mais barato é o Sport, de US$ 32.990. Se você quiser um Accord completo, planeje gastar US$ 38.985 no Touring, que é mais barato que o anterior, embora tenha perdido o 2.0 turbo. Esse preços estão dentro do esperado pela concorrência da Honda.
Estou triste que o 2.0 turbo tenha desaparecido, levando um pouco de sua ostentação esportiva? Claro. Mas apesar do meu ceticismo inicial em relação a esta estratégia híbrida intensiva, me vi conquistado pelo Accord graças e seu estilo bonito, boa eletrônica e de fácil uso. A Honda conhece bem a receita de sedãs surpreendentes, esportivos e familiares, e mesmo que o Accord 2023 afine um pouco tudo isso, ainda atende meus gostos.
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