Depois de muito observar o mercado, a Chevrolet finalmente coloca a nova Montana nas ruas. Desenvolvida para atender um consumidor que irá, em sua grande maioria, usar a picape na cidade, a Montana chega mirando as duas líderes de mercado em segmentos diferentes: Fiat Strada e Toro. A promessa é de entregar versatilidade de uma picape com a qualidade e conforto de um SUV.
Além de olhar para o momento atual, a Chevrolet aproveitou todo o seu conhecimento histórico em produção de picapes, tanto aqui no Brasil quanto nos Estados Unidos, para criar um produto inédito dentro de sua gama. Será que ficou bom? Dirigimos a Montana em sua versão topo de linha e contamos agora o que esperar da novidade.
A nova Montana é uma picape média-compacta. Assim a Chevrolet classifica sua novidade, destacando sempre que o seu foco é o uso na cidade. Rodrigo Fioco, diretor de marketing e produto da GM, disse que a montadora ouviu as principais queixas de consumidores, citando a percepção de que "as picapes em geral não são pensadas para centros urbanos". Outro ponto observado foram os tamanhos de garagens em regiões metropolitanas, com 95% sendo consideradas pequenas (4,2 x 2,0 m) e médias (4,7 x 2,1m). Coloque na receita novas rotinas, como viagens curtas, práticas de esportes e até mesmo idas ao supermercado.
O resultado é uma picape maior que a Fiat Strada, veículo mais vendido no Brasil nos últimos anos, e menor que a Toro, outro grande sucesso de vendas. Ou seja, está inserida em termos de tamanho e preço justamente nesta lacuna, mirando consumidores das versões topo da concorrente compacta e versões mais acessíveis da rival maior. Tem ainda a Renault Oroch, que tem praticamente as mesmas dimensões, mas bem mais rústica.
São 4,72 m de comprimento, 27 cm a mais que a Strada, mas 22 cm menor que a Toro. Sua vocação urbana usa como inspiração o Tracker, mas com diferenças na suspensão, dimensionamento de freios e, claro, na carroceria. Compartilha diversos componentes, como o motor 1.2 turbo, transmissão e partes internas. Com direção elétrica, tem diâmetro de giro 11,5 metros, melhor que os 12,4 m da Toro, justamente para facilitar manobras em estacionamentos mais apertados.
Interior da nova Chevrolet Montana 2023
Por dentro, a atmosfera do Tracker está presente, mas com algumas diferenças. O principal destaque está na nova moldura da tela da central multimídia de 8 polegadas. Agora integrada ao painel, se conecta com o cluster do quadro de instrumentos. É um desenho legal, inspirado nos mais recentes lançamentos da marca pelo mundo, mas traz consigo a principal crítica da picape: não ter painel digital, nem nas versões mais caras.
Volante e nova moldura para central multimídia da Montana
Assim como no SUV, os materiais transmitem boa qualidade, com uma boa mistura de texturas e revestimentos. São soluções modernas, visualmente bonitas, mas sempre utilizando plástico rígido - nada de material macio ao toque. Nesta versão, os bancos tem revestimento em material sintético (chamado de premium pela Chevrolet). Volante, conta-giros, velocímetro, computador de bordo, comandos do ar-condicionado, manopla de câmbio... tudo como no Tracker e no Onix.
Túnel central baixo, mas console central é mais avançado
O espaço interno para motorista e passageiro dianteiro é bom. Para quem vai atrás, o espaço para joelhos é razoável, porém, muito melhor que o da Strada. Os bancos tem o assento mais curto do que o esperado, mas a inclinação do encosto é bem mais confortável que nas rivais. Outro ponto que a Montana se sai melhor é o maior espaço vertical, o qual deixa os joelhos bem menos flexionados, cansando menos em longas viagens. O túnel central é bem baixo, o que é bom, mas quem for no meio terá que conviver com um recuo maior no assento além do console central que invade o espaço traseiro.
Passando para o ponto mais importante, conceitualmente, de uma picape, a caçamba foi também pensada para quem usa na cidade. Tanto que a capacidade de carga é de 600 kg quando equipada com câmbio automático e 637 kg quando o câmbio for manual. Isso significa que é equivalente a da Strada e Toro 1.3 turbo. Ah, mas Toro tem a versão diesel que chega a 1 tonelada? Sim, mas essa não entra no confronto aqui. Em termos de volume, se for pensar como um porta-malas, a capacidade é de 874 litros seguindo o limite das paredes laterais.
O diferencial da proposta da Montana é o chamado conceito Multi Flex, que por meio de acessórios, permite acomodar diversos objetos, como itens de compra, mochilas, malas e equipamentos de lazer de forma organizada. A Chevrolet também destacou o sistema de canaletas que direcionam a água para dutos, e assim, reduz em até 90% a possibilidade de entrar no compartimento.
Utilizando a plataforma GEM, a mesma do... Tracker, a nova Montana traz as mesmas concepções modernas de construção, com destaque para o peso total e integridade da cabine. Debaixo do capô estará, em qualquer versão, o motor 1.2 Turbo de três cilindros que entrega até 133 cv a 5.500 rpm e 21,4 kgfm entre 2.000 a 4.5000 rpm com etanol. A transmissão é automática (Premier e LTZ) ou câmbio manual (1.2 Turbo e LT), sempre com 6 marchas.
Chevrolet Montana roda como um SUV
Neste nosso primeiro contato, dirigimos a Montana na região metropolitana de Curitiba (PR). A primeira impressão ao volante foi muito positiva, e como esperado, parece muito com o SUV. Destaque para a boa ergonomia, boa visibilidade em qualquer direção e agilidade. Com dois ocupantes, a picape respondeu bem no trânsito urbano, entregando dirigibilidade bem próxima de um utilitário esportivo.
Chevrolet Montana na estrada se mostrou bem econômica
Na estrada, o mesmo nível de conforto. Principal "problema" de picapes vazias, a caçamba saltitante, foi muito bem resolvido na Montana. A suspensão traseira eixo de torção com duplo batente de rigidez variável foi desenvolvida justamente para entregar conforto semelhante ao de SUV sem comprometer a capacidade de carga. Neste primeiro momento, com a caçamba vazia, a viagem de cerca de 200 quilômetros foi feita com tranquilidade. Boa dinâmica nas curvas, acelerações e retomadas dentro do esperado.
A traseira pula? Durante quase todo o nosso contato, a Montana não passou essa sensação, mesmo com a caçamba vazia. Mesmo em pisos irregulares, como estradas de terras com muitas depressões, é preciso elevar a velocidade além do normal para que as coisas fiquem menos confortáveis. Ainda assim, os sistemas eletrônicos tratam de manter tudo sob controle. Por falar nisso, os freios tem discos na rodas dianteiras, maiores do que o Tracker, mas mantém tambor na traseira.
Além do conforto, dois pontos chamaram a atenção. O baixo nível de ruído interno e o consumo. Rodando sem preocupação com o consumo, sempre respeitando os limites de velocidade, a média geral ficou em 15 km/l. Reflexo do baixo peso, 1.310 kg na versão Premier. Só para se ter uma ideia, Toro começa em 1.650 kg.
Também chamou a atenção, mesmo nesta versão Premier, a ausência de sistemas de segurança mais recentes, como alerta e assistente de frenagem de emergência e até mesmo o sistemas de permanência em faixa. Para quem quer clientes de SUVs, poderia oferecer um pouco a mais.
A Chevrolet já informou que venderá a nova Montana em 4 versões, mas até este momento divulgou os preços apenas das duas equipadas com câmbio automático. Começando pela Montana 1.2T LTZ, o seu preço de pré-venda é de R$ 134.490 e traz como itens de série 6 airbags, sistema de monitoramento OnStar, central multimídia MyLink com tela de 8", acendimento automático dos faróis, protetor de caçamba, capota marítima, rack de teto, câmera de ré, USB traseiro, acabamento com detalhes cromados, rodas de liga leve com aro de 17 polegadas, chave presencial e piloto automático.
Na Montana Premier, configuração topo de linha, o preço é de R$ 140.490 e adiciona alerta de ponto-cego, carregador de celular por indução, faróis fullLEDs, ar-condicionado digital, bancos com "revestimento premium", acabamento com o cromado escurecido na grade e rodas de liga-leve na cor grafite.
A Chevrolet foi muita precisa no desenvolvimento da Montana. Não avançou muito em dimensões, portanto, é menor que a Fiat Toro, mas o mais importante, é menor que a S10. Assim, quem achar a Montana pequena tem como opção da casa a irmã maior: robusta, sobre chassi, diesel, 4x4 e tudo mais. Mas, por preço, conseguirá captar consumidores da Toro por conta do preço e por ser mais fácil usar na cidade.
Em relação à Strada, a Montana é bem superior. Enquanto a picape pequena da Fiat traz interior de Mobi, inclusive com painel de instrumentos bem simples, a novidade da Chevrolet traz o refinamento do Tracker. Claro que cobra um preço por isso, mas é justificável pelo que entrega, além do próprio porte acima.
Como não temos, neste momento, os preços das versões mais básicas, fica difícil estimar a briga com a Renault Oroch, que atualmente foca mais neste consumidor. De qualquer forma, a Montana também supera a rival da marca francesa.
No fim das contas, a nova Montana é uma picape que com certeza vai mexer demais com o segmento. Resta saber como as versões de entrada, que também podem roubar clientes que usarão a Montana para trabalho, serão precificadas.
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